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FRAUDES VIRTUAIS E COMPORTAMENTOS DE RISCO: COMO A PREVENÇÃO PODE EVITAR PREJUÍZOS

Vivemos em uma era marcada pela digitalização de serviços, pela praticidade dos aplicativos e pela instantaneidade das comunicações. No entanto, à medida que a tecnologia avança, também se multiplicam os riscos associados ao uso desprevenido de dispositivos e plataformas digitais. O Brasil tem enfrentado uma verdadeira avalanche de fraudes virtuais, afetando pessoas de diferentes idades, perfis e níveis de instrução.

Levantamentos recentes apontam que uma parcela expressiva da população brasileira já foi alvo de tentativas de golpe por meios digitais, como e-mails, mensagens de texto, redes sociais e ligações telefônicas. Dentre os golpes mais recorrentes, alguns se destacam pela capacidade de enganar com aparência de legitimidade. É o caso da falsa central de atendimento, onde a vítima acredita estar em contato com o próprio banco, fornecendo informações sensíveis de forma espontânea.

Outro golpe, ainda pouco conhecido, é o chamado “da mão fantasma”. Nele, o criminoso convence a vítima a instalar aplicativos de controle remoto, assumindo o comando do aparelho celular e acessando diretamente contas bancárias e dados pessoais. O risco se agrava quando o acesso ocorre de forma silenciosa, sem que a vítima perceba imediatamente o controle externo sobre seu dispositivo.

É preciso compreender que comportamentos rotineiros, como clicar em links recebidos por mensagens, instalar aplicativos fora das lojas oficiais ou divulgar dados pessoais em redes sociais, podem representar brechas importantes na proteção individual. A falsa sensação de domínio sobre o ambiente digital costuma ser um dos principais fatores que tornam as pessoas vulneráveis. Segurança, nesse contexto, é mais uma questão de postura do que de conhecimento técnico.

Outro erro frequente ocorre após o golpe: a hesitação. Muitas vítimas demoram a reagir, acreditando que podem resolver o problema sozinhas ou sentindo-se envergonhadas. O tempo, contudo, é determinante. O ideal é que a vítima entre em contato com a instituição financeira o quanto antes e registre um boletim de ocorrência, preferencialmente com o máximo de informações possíveis sobre o incidente.

As medidas de prevenção seguem sendo o recurso mais eficaz para evitar prejuízos. Adoção de autenticação em dois fatores, vigilância redobrada com contatos não solicitados e rigor absoluto quanto ao fornecimento de senhas e códigos de verificação são passos essenciais para o uso seguro da tecnologia.

Vivemos um tempo em que a confiança no ambiente digital exige, paradoxalmente, vigilância constante. A tecnologia permanece uma aliada valiosa, mas o seu uso consciente é o que determina se ela será uma ferramenta de conveniência ou uma via de acesso para oportunistas.

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PLATAFORMAS DE CRIPTOATIVOS PODEM SER RESPONSABILIZADAS POR FRAUDES, DECIDE STJ

Uma importante diretriz foi estabelecida no campo jurídico brasileiro envolvendo a responsabilização de plataformas digitais que operam com criptoativos. O Superior Tribunal de Justiça confirmou a possibilidade de se aplicar a responsabilidade objetiva a essas empresas, com base no Código de Defesa do Consumidor, quando falhas na prestação de serviços permitem a ocorrência de fraudes.

O caso que originou essa orientação tratava da transferência indevida de uma quantia significativa em ativos digitais, realizada sem o consentimento do titular da conta. A empresa responsável pelo ambiente digital tentou se eximir de responsabilidade, atribuindo a fraude a fatores externos. Contudo, a corte entendeu que não foram apresentados elementos suficientes que comprovassem a robustez dos mecanismos de segurança adotados pela plataforma. Essa omissão, por si só, foi considerada como um indício de deficiência na prestação do serviço.

Ao adotar esse entendimento, o tribunal reafirma que empresas que operam em meios digitais, especialmente aquelas voltadas ao mercado financeiro alternativo, têm o dever de oferecer ferramentas eficazes para prevenir acessos indevidos e proteger seus usuários. Não basta apontar causas externas como justificativa para prejuízos sofridos pelos consumidores; é necessário comprovar a adoção de medidas técnicas adequadas e eficazes.

Esse posicionamento judicial representa um avanço na consolidação de parâmetros mais objetivos para aferição de responsabilidade nas relações digitais. A decisão também tende a influenciar outras instâncias, provocando uma reavaliação das estratégias de segurança cibernética adotadas por plataformas tecnológicas.

Para os operadores do direito e gestores empresariais, a mensagem é clara: o dever de proteção de dados e integridade das transações não pode ser tratado como diferencial competitivo, mas sim como parte da estrutura mínima esperada de conformidade. A ausência de comprovação de medidas efetivas de proteção pode configurar falha de serviço, atraindo não apenas a responsabilização civil, mas também desdobramentos de ordem administrativa e reputacional.

Empresas que atuam com ativos digitais, portanto, precisam investir de forma consistente em auditorias, protocolos de resposta a incidentes, métodos de autenticação robustos e treinamento de equipe. A jurisprudência passa a exigir mais do que promessas de segurança: requer provas concretas de que as medidas de proteção foram, de fato, implementadas e operam de maneira eficaz.

Esse entendimento também contribui para a estabilização das relações jurídicas no ambiente digital, ampliando a confiança dos usuários e promovendo um equilíbrio nas responsabilidades entre prestadores de serviços tecnológicos e consumidores. Ao delimitar as obrigações das plataformas, o Judiciário colabora para um mercado mais transparente e alinhado às normas de proteção ao consumidor e aos princípios da boa-fé objetiva.

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PROTEÇÃO EFICAZ CONTRA MALWARE NO MAC: MEDIDAS ESSENCIAIS PARA MANTER SEUS DADOS SEGUROS

Apesar da reputação de maior segurança dos computadores da Apple, os Macs também estão sujeitos a infecções por malware. O risco é real, especialmente para usuários que lidam com ativos digitais sensíveis, como criptomoedas e dados financeiros. A boa notícia é que há formas eficazes de reduzir significativamente essa exposição, adotando medidas simples no dia a dia.

Manter o sistema operacional atualizado é uma das providências mais importantes. As atualizações do macOS corrigem falhas de segurança que poderiam ser exploradas por softwares maliciosos. Ignorar esse cuidado equivale a deixar portas abertas para invasores silenciosos.

Outra medida de proteção é a instalação de uma ferramenta antivírus confiável. Embora o macOS possua camadas nativas de defesa, elas não são infalíveis diante de ataques mais sofisticados. Um antivírus atualizado regularmente pode identificar e eliminar ameaças antes que causem danos.

Além disso, é necessário redobrar a atenção com links recebidos por e-mail e arquivos de origem desconhecida. O método conhecido como phishing é amplamente utilizado por cibercriminosos para enganar o usuário e levá-lo a instalar involuntariamente um programa malicioso. Muitas vezes, esses e-mails imitam mensagens legítimas, simulando comunicação com bancos, plataformas digitais ou prestadores de serviço.

Em ambientes de rede compartilhada, como escritórios e residências com múltiplos dispositivos conectados, a infecção de um computador pode comprometer os demais. Por isso, o cuidado deve ser redobrado quando se trata de downloads e instalações.

Outro ponto que merece atenção é a realização de cópias de segurança. Fazer backups regulares dos seus arquivos é uma forma eficaz de evitar perdas permanentes em caso de infecção. O macOS oferece a ferramenta Time Machine, que facilita esse processo, além das opções em nuvem como o iCloud e outros serviços especializados.

Como o malware atinge usuários de Mac

A forma mais comum de infecção ainda ocorre por meio de ações do próprio usuário — geralmente sem perceber. Ao baixar um programa aparentemente legítimo de um site não confiável, ou clicar em um link disfarçado, o usuário pode permitir a entrada do malware. Em alguns casos, o arquivo malicioso se instala silenciosamente e começa a operar em segundo plano, capturando informações sensíveis, como senhas e dados bancários.

Há também softwares que se apresentam como utilitários, mas que, na verdade, executam tarefas ocultas em benefício de terceiros. Uma vez instalado, o programa pode comprometer a integridade do sistema e a privacidade do usuário.

Recomendações práticas para manter seu Mac protegido

  1. Atualize regularmente o sistema operacional: isso garante a correção de vulnerabilidades que poderiam ser exploradas por softwares maliciosos.
  2. Use uma solução antivírus de confiança: ela atua na detecção e remoção de ameaças que escapam dos filtros nativos do sistema.
  3. Evite downloads de fontes duvidosas: sempre que possível, utilize a App Store ou sites verificados pelo desenvolvedor.
  4. Não clique em links de e-mails suspeitos: se algo parecer estranho, confirme a origem antes de tomar qualquer ação.
  5. Ative restrições para downloads automáticos: isso reduz o risco de que arquivos perigosos sejam baixados sem seu consentimento.
  6. Eduque-se sobre os tipos de ataques digitais: entender como funcionam os métodos de phishing e os principais tipos de malware ajuda a identificar ameaças com mais facilidade.
  7. Faça backups frequentes: mantenha uma rotina de cópias dos seus dados em unidades externas ou serviços de armazenamento confiáveis.

Respostas para dúvidas comuns

  • É necessário instalar antivírus em um Mac? Sim. Embora o sistema da Apple tenha bons recursos de segurança, eles não substituem uma ferramenta dedicada, especialmente diante das técnicas cada vez mais complexas utilizadas por invasores.
  • O que devo fazer se suspeitar que meu computador foi infectado? Desconecte-o da internet, execute um antivírus e, se necessário, restaure os arquivos a partir de um backup anterior à infecção.
  • O Time Machine é suficiente para backup? Para muitos usuários, sim. É uma ferramenta eficaz e simples de usar. No entanto, manter uma segunda cópia em nuvem ou em outro local físico pode ser recomendável, dependendo da sensibilidade dos dados.
  • Com que frequência devo atualizar meu software de segurança? Sempre que novas versões estiverem disponíveis. Habilitar as atualizações automáticas é uma forma prática de manter o sistema protegido.

O cuidado com a segurança digital exige atenção contínua, mas não é complexo. Com pequenos hábitos e escolhas conscientes, é possível manter seu Mac protegido e reduzir consideravelmente o risco de comprometer seus dados.

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“GOLPE DO PIX ERRADO”: O QUE FAZER E COMO TENTAR RECUPERAR OS VALORES PERDIDOS

Ao perceber que foi vítima do chamado “golpe do Pix errado”, é fundamental agir com rapidez e estratégia. A primeira providência deve ser entrar em contato imediato com a instituição financeira responsável pela conta utilizada na transferência. A comunicação ágil pode permitir o registro da fraude e o acionamento do Mecanismo Especial de Devolução (MED), recurso do Banco Central destinado justamente a lidar com situações de transações indevidas ou fraudulentas.

Paralelamente à notificação ao banco, deve-se registrar um boletim de ocorrência junto à autoridade policial competente. Nesse momento, é importante reunir todas as evidências disponíveis: capturas de tela de conversas, comprovantes da transferência, nomes de usuários ou perfis envolvidos e o conteúdo trocado com o suposto beneficiário. Esses elementos servirão como base para a contestação formal da transação junto à instituição financeira.

A possibilidade de recuperar os valores dependerá de uma série de fatores, especialmente do tempo decorrido entre a transferência e o bloqueio solicitado. Isso porque, em muitos casos, os fraudadores agem de forma rápida para movimentar os valores recebidos, dificultando o rastreamento e a recuperação. No entanto, se o dinheiro ainda estiver na conta de destino, existe uma chance concreta de reaver os recursos transferidos.

É importante destacar que esse tipo de golpe tem se sofisticado. O modus operandi normalmente envolve o envio de uma transferência para a conta da vítima, seguido por um contato solicitando a devolução, sob a alegação de um engano. Ao mesmo tempo, o golpista já acionou o MED junto à própria instituição financeira, tentando reaver o valor inicialmente enviado. Quando a vítima, acreditando agir de forma correta, realiza a devolução manual, acaba enviando recursos próprios, e o valor sai duas vezes de sua conta.

Essa prática se enquadra como crime de estelionato, previsto no Código Penal brasileiro. A conduta fraudulenta consiste em induzir a vítima ao erro mediante ardil, com o objetivo de obter vantagem ilícita. Quando esse tipo de crime é cometido por meio eletrônico, como nas transações via Pix, a legislação prevê aumento da pena, que pode variar entre um e cinco anos de reclusão, com acréscimo de até um terço em caso de fraude digital.

A orientação, portanto, é sempre desconfiar de pedidos de devolução de valores, sobretudo quando feitos fora dos canais oficiais. Antes de qualquer movimentação, consulte sua instituição financeira e registre formalmente a ocorrência. A atuação rápida e bem fundamentada pode fazer toda a diferença para interromper o ciclo da fraude e tentar resgatar os recursos desviados.

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DESAFIOS DO BRASIL DIANTE DOS CRIMES DIGITAIS E DA SEGURANÇA CIBERNÉTICA

O Brasil permanece entre os países mais atingidos por ameaças virtuais em escala global. Dados recentes revelam mais de 700 milhões de ataques cibernéticos ao longo de 2023, o equivalente a quase 1.400 por minuto. Uma dessas ofensivas resultou no vazamento de mais de 16 bilhões de senhas e credenciais de acesso, conforme levantamento internacional. Paralelamente, a realidade nas ruas também expõe outro risco: mais de 100 celulares são furtados ou roubados a cada hora no país, o que abre caminho para acessos indevidos a contas bancárias e outros serviços digitais.

A vulnerabilidade estrutural do Brasil diante dos crimes digitais envolve todas as esferas do poder público. A União, responsável pela condução de políticas de proteção de dados e defesa cibernética, ainda encontra dificuldades para estabelecer alianças robustas, tanto em âmbito nacional quanto internacional. Faltam ações articuladas e investimentos capazes de fortalecer a segurança das redes governamentais, militares, financeiras e de serviços essenciais.

No âmbito legislativo, a lentidão em atualizar a regulação do espaço digital compromete a resposta institucional. A legislação que rege a internet no Brasil, embora pioneira à época de sua aprovação, já se mostra desatualizada diante dos novos métodos de ataque e manipulação digital. Propostas para criminalizar práticas modernas como o uso malicioso de inteligência artificial – casos de deep fake e deep nude – ainda tramitam sem definição. A ausência de uma legislação consolidada sobre o Direito Digital afeta diretamente a atuação dos demais poderes.

O Judiciário, por sua vez, atua de forma reativa, e encontra barreiras na aplicação de normas antigas a crimes modernos. A jurisprudência relacionada a delitos virtuais ainda é limitada, o que dificulta o enfrentamento jurídico adequado a condutas que envolvem redes de cibercriminosos, fraudes internacionais e cooperação transnacional. Os tribunais, especialmente os superiores, têm enfrentado dificuldades para consolidar entendimentos uniformes em temas que envolvem tecnologias emergentes.

Essa defasagem institucional se reflete na posição do Brasil nos rankings mundiais de ataques digitais. A cada ano, o país figura entre os principais alvos da criminalidade eletrônica, uma posição que expõe a fragilidade de suas defesas virtuais.

Empresas privadas, órgãos públicos, instituições financeiras e operadoras de infraestrutura crítica são alvos preferenciais de grupos criminosos organizados que operam por meio da exploração de vulnerabilidades humanas e técnicas. Muitos ataques ocorrem através da engenharia social, uma estratégia que visa manipular o comportamento de colaboradores despreparados ou desatentos.

Os impactos são diversos: interrupções em sistemas, exclusão de dados, prejuízos financeiros e até mesmo o comprometimento de processos judiciais e administrativos. A perda de informações essenciais ou a adulteração de documentos eletrônicos pode gerar efeitos devastadores para a administração da justiça e para a confiança nas instituições.

Embora algumas iniciativas tenham sido adotadas, como a criação de comitês de segurança da informação no âmbito do Poder Judiciário, a resposta institucional ainda é insuficiente. A velocidade com que ocorrem os ataques exige uma resposta coordenada e imediata.

Há uma lacuna educacional relevante. A ausência de uma política pública de educação digital consistente impede que a população reconheça os riscos e saiba como se proteger. É necessário investir em programas permanentes de conscientização em escolas, empresas e repartições públicas. A proteção contra o crime cibernético começa pela informação e passa pela capacitação contínua dos profissionais que atuam em setores estratégicos.

É indispensável avançar em formação técnica, auditoria constante dos sistemas, testes de intrusão controlados e melhorias na arquitetura de segurança das redes. O país precisa fortalecer suas defesas institucionais para que não continue exposto e vulnerável a ofensivas que, além de prejudicarem a vida das pessoas, abalam a estrutura e a confiabilidade do Estado brasileiro.

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VÍRUS STILLER: O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O VAZAMENTO DE DADOS DE GRANDES PLATAFORMAS

Mais de 16 bilhões de dados foram expostos em um vazamento que envolveu informações de plataformas como Google, Meta e Apple. A origem desse vazamento está ligada a um vírus chamado Stiller.

Esse malware funciona de forma silenciosa. Ao ser instalado no dispositivo, ele coleta dados como cookies e credenciais de acesso. Se você costuma manter suas contas logadas no navegador, como e-mail e redes sociais, essas informações ficam vulneráveis. Quem tiver acesso aos arquivos roubados consegue simular um login como se fosse você.

O que torna o Stiller ainda mais perigoso é a forma como age. Ele não altera arquivos nem causa lentidão perceptível. Usa recursos normais do sistema operacional, o que faz com que passe despercebido por boa parte dos antivírus.

A infecção costuma ocorrer por meio de programas piratas ou aplicativos que não vêm das lojas oficiais. Nesses casos, a única forma segura de remover o vírus é formatar o sistema do dispositivo.

Mas existem atitudes que ajudam a proteger seus dados. A primeira é apagar todas as senhas salvas no navegador. Depois disso, troque as senhas de e-mail, redes sociais e outros serviços importantes. E, daqui para frente, evite deixar contas logadas e nunca salve senhas automaticamente.

É importante destacar que serviços bancários costumam ter mais barreiras de proteção. Mesmo que a conta fique aberta no navegador, ela expira em poucos minutos e exige nova autenticação.

A melhor forma de evitar riscos é repensar os hábitos digitais. Deixar de instalar programas fora das lojas oficiais já reduz bastante a exposição a esse tipo de ameaça.

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O DESAFIO DA PROTEÇÃO DIGITAL NO BRASIL: O QUE OS ATAQUES CIBERNÉTICOS DIZEM SOBRE A NOSSA ESTRUTURA DE SEGURANÇA

Na última sexta-feira, 20 de junho de 2025, veio à tona a descoberta de um dos maiores vazamentos de credenciais da história da internet: mais de 16 bilhões de logins e senhas expostos, com 3,5 bilhões deles associados a usuários de língua portuguesa. O episódio, revelado por pesquisadores independentes, não se resume a números impressionantes — ele aponta diretamente para as limitações estruturais da segurança digital no país e levanta preocupações sobre nossa capacidade de resposta diante de ameaças dessa natureza.

O que mais chama atenção é o padrão técnico das informações vazadas: dados dispostos de forma organizada, no tradicional modelo URL-login-senha, que favorece ataques automatizados. Essas credenciais foram obtidas, em grande parte, por meio de métodos já conhecidos — como o uso de malwares e exploração de bases antigas — o que indica não só uma continuidade de práticas criminosas, mas também a sofisticação de ferramentas capazes de operar em múltiplas frentes simultaneamente.

Esse tipo de exposição não é uma novidade para o Brasil. Nosso país já ocupa posição de destaque negativo quando se trata de dados vazados, registrando mais de 7 bilhões de ocorrências. Ao mesmo tempo, os ataques cibernéticos têm se multiplicado rapidamente, com mais de 60 bilhões de tentativas detectadas somente no último ano. A combinação entre alta exposição e falta de barreiras eficazes cria um ambiente propício à ação de grupos mal-intencionados.

Parte relevante dessas ações é atribuída aos chamados infostealers — programas maliciosos voltados à captura silenciosa de dados sensíveis. Muitos deles têm origem em códigos de malware já conhecidos há mais de uma década, que passaram por mutações ao longo dos anos, ganhando novas funcionalidades. No Brasil, esse tipo de ataque responde por uma parcela expressiva dos incidentes registrados, afetando principalmente setores estratégicos como órgãos públicos, instituições financeiras e empresas de tecnologia.

Do ponto de vista jurídico, o país já possui arcabouço normativo relevante, com destaque para a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. No entanto, a aplicação prática ainda enfrenta obstáculos. A limitação de valores para sanções administrativas, a baixa frequência de fiscalizações e o número reduzido de casos judicializados reduzem a efetividade das regras já estabelecidas. Mesmo decisões recentes que reconhecem a responsabilidade objetiva de empresas por vazamentos ainda precisam ser acompanhadas de medidas mais robustas de supervisão.

O impacto econômico dessas falhas de segurança também não pode ser ignorado. Relatórios recentes mostram que criminosos digitais movimentaram bilhões de dólares explorando vulnerabilidades em sistemas ao redor do mundo. No Brasil, a maturidade digital das empresas ainda é limitada: boa parte delas não possui equipes ou políticas específicas voltadas à proteção de dados. Isso amplia os riscos e abre espaço para prejuízos financeiros e institucionais.

Além disso, um estudo com abrangência nacional revelou que menos de um quarto das administrações públicas estaduais contam com profissionais capacitados para responder a incidentes de segurança em larga escala. Essa carência de preparo contribui para a propagação de ataques e dificulta respostas coordenadas que poderiam conter ou mitigar os danos.

Mais do que um evento isolado, o vazamento recentemente divulgado é reflexo de uma estrutura frágil, que exige revisão urgente. O Brasil tem a chance de transformar esse episódio em um ponto de virada — um momento para investir em proteção, ampliar a fiscalização e integrar esforços entre governo, empresas e sociedade. A legislação já avançou. A jurisprudência aponta caminhos promissores. Falta agora compromisso prático com a execução e a fiscalização de medidas que protejam a integridade digital dos brasileiros.

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GOLPES FINANCEIROS NO BRASIL: ENTENDA OS RISCOS E ADOTE MEDIDAS DE PREVENÇÃO

A digitalização das relações pessoais e comerciais transformou positivamente muitas rotinas, mas também expôs cidadãos e empresas a riscos que exigem atenção redobrada. Em 2024, mais de um terço dos brasileiros foram vítimas ou alvos de tentativas de fraude, o que revela a necessidade de ampliar o debate sobre proteção de dados e comportamento digital seguro.

Golpe ou Fraude? Conceitos e consequências

Ainda que os termos golpe e fraude sejam muitas vezes tratados como equivalentes, há diferenças importantes entre eles. A fraude ocorre sem a participação direta da vítima, geralmente envolvendo uso indevido de dados pessoais obtidos de forma ilícita. Já o golpe é baseado na manipulação da vítima, que é levada a entregar informações ou a realizar ações que favorecem o criminoso.

Por trás desses crimes está a chamada engenharia social. Trata-se da habilidade de induzir comportamentos ou decisões por meio de artifícios emocionais, como urgência, medo, empatia ou confiança. Os fraudadores assumem identidades de bancos, repartições públicas, parentes e até colegas de trabalho, construindo narrativas convincentes para explorar fragilidades humanas.

Táticas mais usadas pelos golpistas

Diversas estratégias têm sido identificadas, e elas se adaptam rapidamente. Algumas das mais recorrentes incluem:

  • Perfis falsos no WhatsApp: Os golpistas utilizam foto e nome de uma pessoa conhecida para solicitar transferências financeiras. Ativar a verificação em duas etapas no aplicativo é medida recomendada.
  • Falsas centrais de atendimento: Chamadas telefônicas com falsos alertas de movimentações suspeitas, em que o interlocutor solicita dados sensíveis ou orienta a realizar transferências para supostas “contas seguras”.
  • Phishing: Mensagens por e-mail ou SMS com links maliciosos, que direcionam a páginas falsas ou instalam programas espiões.
  • Boletos alterados: Contas de consumo adulteradas com códigos de barras redirecionados para contas bancárias dos criminosos.
  • Ofertas de investimentos milagrosos: Promessas de altos lucros, principalmente com criptomoedas ou sistemas de marketing em rede, costumam ocultar fraudes financeiras sofisticadas.
  • Troca de cartão e motoboys falsos: Golpes presenciais em que o cartão é trocado sem que a vítima perceba, ou é recolhido por um suposto funcionário de banco.
  • Entregas falsas com coleta de biometria: Em datas comemorativas, pedidos de fotos ou pagamentos para receber um presente fictício são usados para obter imagem facial ou dados bancários.

Quem são as vítimas?

Há uma percepção equivocada de que idosos seriam os principais alvos. No entanto, levantamentos recentes mostram que jovens adultos, especialmente entre 16 e 29 anos, estão no grupo mais atingido. Isso está associado à maior exposição a interações digitais e ao engajamento com ofertas pouco verificadas, como vagas de emprego falsas ou promoções irreais.

Além disso, dados de 2025 indicam que o PIX vem sendo usado de forma recorrente em golpes com valores médios altos, enquanto o cartão de crédito ainda lidera em número de ocorrências.

O impacto da inteligência artificial nas fraudes

Ferramentas baseadas em inteligência artificial vêm sendo utilizadas tanto para o ataque quanto para a defesa. Do lado dos golpistas, há o uso de deepfakes e sistemas automatizados que simulam interações humanas. Já empresas do setor financeiro estão investindo em algoritmos que detectam padrões suspeitos e interrompem transações em tempo real.

Boas práticas de proteção

A defesa começa pela adoção de comportamentos preventivos. Algumas orientações incluem:

  1. Proteção de Informações Pessoais: Evitar o compartilhamento excessivo de dados e manter documentos seguros. Senhas e números bancários nunca devem ser informados por canais não verificados.
  2. Fortalecimento da Segurança Digital: Utilizar senhas seguras, autenticação em dois fatores e manter dispositivos protegidos por antivírus confiáveis.
  3. Verificação de Fontes: Conferir a origem de mensagens, verificar links e buscar informações diretamente nos canais oficiais antes de realizar qualquer ação.
  4. Monitoramento Contínuo: Acompanhar movimentações financeiras e manter atenção redobrada a qualquer notificação ou transação fora do padrão.
  5. Educação Constante: Atualizar-se sobre novas formas de ataque ajuda a identificar riscos com mais agilidade.

O que fazer em caso de golpe

A resposta imediata pode reduzir significativamente os danos. É recomendado:

  • Comunicar imediatamente o banco ou instituição financeira.
  • Registrar boletim de ocorrência, inclusive por meio de delegacias online.
  • Alertar órgãos de proteção ao crédito e revisar senhas de contas potencialmente expostas.

Responsabilidade compartilhada

A proteção contra fraudes não é responsabilidade apenas dos usuários. O setor público e as instituições privadas têm papel ativo na regulação, prevenção e orientação. Ferramentas para denúncia e verificação de ofertas estão sendo criadas para empoderar o consumidor digital.

Fortalecer a segurança no ambiente online exige esforço coletivo. A conscientização, a adoção de hábitos seguros e o uso responsável da tecnologia são os caminhos mais eficazes para mitigar riscos e proteger patrimônio e identidade digital.

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DICAS ESSENCIAIS PARA GARANTIR A SEGURANÇA DE SEUS DADOS PESSOAIS NA INTERNET

Com o avanço da tecnologia e a ampliação do uso de dispositivos conectados, a proteção dos dados pessoais tornou-se uma das principais preocupações na sociedade atual. Informações como senhas, fotos, vídeos e arquivos pessoais são frequentemente alvo de ataques virtuais, o que exige uma atenção especial de todos os usuários da internet. O ambiente digital está em constante mudança, e com isso surgem novos desafios para quem deseja preservar a privacidade e segurança de seus dados.

Os criminosos cibernéticos, atentos às oportunidades, utilizam métodos cada vez mais complexos para acessar informações privadas. Entre as ameaças mais comuns estão fraudes, instalação de softwares maliciosos, extorsão e até a venda de dados pessoais na dark web. Por isso, é fundamental entender os riscos e adotar práticas de prevenção para evitar prejuízos e inconvenientes.

Quais são os principais riscos para os dados pessoais?

O ambiente online apresenta diversos perigos, especialmente para aqueles que não adotam medidas de segurança adequadas. Entre os principais riscos estão o roubo de informações por meio de golpes como phishing, engenharia social e fraudes telefônicas. Esses golpes têm o objetivo de enganar as vítimas para que revelem dados sensíveis, como números de documentos, senhas bancárias e outras informações privadas.

Além disso, o uso de inteligência artificial pelos golpistas tem facilitado a criação de ataques mais realistas. A tecnologia permite, por exemplo, simular vozes, falsificar identidades e criar situações de urgência para pressionar as pessoas a fornecerem informações. Essa combinação de tecnologia avançada com manipulação psicológica torna mais difícil identificar tentativas de fraude.

Como golpes telefônicos podem comprometer a segurança dos dados?

Uma das táticas mais usadas pelos criminosos é o golpe por telefone. Eles ligam de números desconhecidos, tentando obter respostas afirmativas ou informações pessoais das vítimas. Perguntas simples, como “Você é fulano?” ou “Está em casa?”, podem ser usadas para gravar respostas que, mais tarde, serão utilizadas para autorizar transações fraudulentas ou comprometer a segurança financeira da pessoa.

Outra estratégia comum é criar situações de emergência, como alertas falsos de bloqueio de contas bancárias ou cobranças indevidas. Nessas ligações, os criminosos induzem a vítima ao medo e à urgência, visando fazer com que ela aja rapidamente, sem pensar nas consequências. Expressões como “É urgente” ou “Sua conta está comprometida” são sinais de que se trata de uma tentativa de fraude.

Quais atitudes ajudam a evitar fraudes e proteger dados pessoais?

Para reduzir os riscos de exposição das informações pessoais, é essencial adotar algumas práticas no dia a dia digital. Algumas recomendações são:

  • Não responder a perguntas de números desconhecidos, especialmente aquelas que exigem respostas afirmativas.
  • Evitar fornecer dados pessoais ou bancários por telefone sem antes confirmar a autenticidade da ligação.
  • Desconfiar de situações que envolvam urgência ou pressão psicológica durante chamadas.
  • Utilizar senhas fortes e únicas para cada serviço online.
  • Manter os softwares e aplicativos sempre atualizados, para evitar falhas de segurança.
  • Verificar a procedência de mensagens ou ligações antes de tomar qualquer atitude.

Além dessas práticas, é importante buscar informações em canais oficiais sempre que houver dúvidas sobre a veracidade de uma mensagem ou ligação recebida. Órgãos como o Procon e os sites oficiais dos bancos podem ser consultados para confirmar a autenticidade de qualquer contato.

A importância da conscientização para a segurança digital

A educação sobre segurança digital é essencial para prevenir fraudes e proteger os dados pessoais. Compreender as ameaças mais comuns e como os golpes funcionam ajuda os usuários a se prepararem para identificar situações suspeitas. A disseminação de informações confiáveis e atualizadas contribui para a adoção de hábitos mais seguros no ambiente online.

Em 2025, com o aumento no volume de dados circulando pela internet e a sofisticação das técnicas de cibercriminosos, é mais importante do que nunca manter-se informado e adotar boas práticas. Pequenas ações, como desconfiar de contatos inesperados e proteger senhas, podem fazer uma grande diferença na preservação da privacidade e segurança das informações pessoais.

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A EVOLUÇÃO DO DIREITO DIGITAL E A DEFESA DA PRIVACIDADE NO MUNDO TECNOLÓGICO

Na atual era digital, a proteção da privacidade se tornou um tema de grande relevância para o Direito. Com a utilização extensiva de dados pessoais por organizações, governos e até dispositivos conectados, como os da Internet das Coisas (IoT), a questão da proteção de dados deixou de ser uma simples questão técnica e passou a ser reconhecida como um direito fundamental dos indivíduos.

A legislação evoluiu significativamente, com a criação de leis como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil e o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) na Europa. Essas normativas estabeleceram novos parâmetros sobre como as empresas devem tratar as informações pessoais, impondo obrigações de consentimento, acesso, exclusão e até a portabilidade de dados. O Direito Digital tem se adaptado para garantir maior transparência, segurança e responsabilidade no uso dessas informações.

A proteção dos dados pessoais foi reconhecida como um direito autônomo, reforçando a necessidade de um controle cuidadoso sobre o uso de tecnologias como algoritmos, inteligência artificial e grandes volumes de dados (big data). A inovação tecnológica deve, portanto, caminhar lado a lado com a preservação da dignidade da pessoa humana.

Entretanto, o avanço rápido das tecnologias digitais traz desafios para a regulamentação. O uso de tecnologias como biometria, reconhecimento facial, criptografia e a aplicação de IA em decisões automáticas exige um acompanhamento regulatório constante, para prevenir abusos e discriminação, além de proteger a privacidade e evitar o vazamento de dados.

O papel do profissional do Direito Digital vai além da interpretação das normas. É fundamental que este entenda o funcionamento das tecnologias, dialogando com especialistas de outras áreas, como TI, para garantir que a privacidade seja tratada de maneira central. A proteção de dados não deve ser vista apenas como uma questão individual, mas como um pilar essencial para a confiança nas relações sociais e econômicas de uma sociedade cada vez mais conectada.

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COMO A BIOMETRIA FACIAL PODE PROTEGER VOCÊ E COMO GOLPISTAS AINDA TENTAM BURLAR A TECNOLOGIA

O uso da biometria facial tem se consolidado como uma das formas mais confiáveis para autenticar a identidade das pessoas na internet. Esse tipo de tecnologia já demonstrou ser capaz de impedir fraudes bilionárias, inclusive no setor financeiro, oferecendo uma camada adicional de proteção que associa o acesso àquilo que é único em cada indivíduo: o próprio rosto.

Apesar dessa evolução, os crimes digitais continuam afetando milhares de pessoas diariamente. Isso se dá, em boa parte, pela habilidade dos criminosos em usar artifícios emocionais e técnicas de convencimento conhecidas como engenharia social — um conjunto de estratégias destinadas a manipular a vítima, levando-a a fornecer voluntariamente suas informações ou a realizar ações que facilitam o golpe.

Nos últimos anos, têm surgido casos em que a fraude vai além das telas. Há relatos de criminosos se passando por profissionais de empresas de serviço ou até por agentes públicos, vestindo uniformes falsos e portando crachás, para convencer a vítima a permitir uma foto do rosto. Essa imagem, uma vez capturada, pode ser usada para acessar contas bancárias, realizar transferências ou contratar serviços em nome da vítima.

É importante destacar que não há necessidade de se afastar das ferramentas digitais ou desenvolver medo da tecnologia. Pelo contrário: ela facilita a vida e, quando usada com cautela, é uma aliada poderosa. A melhor forma de se proteger é unir o uso consciente da tecnologia com algumas práticas simples no dia a dia.

Abaixo, listo algumas orientações úteis que recomendo a todos os que desejam navegar com mais segurança:

  1. Pergunte antes de informar
    Sempre que alguém solicitar seus dados, especialmente pessoalmente, por telefone ou pela internet, pare e avalie. É mesmo necessário fornecer aquela informação? Ela está sendo pedida por um canal oficial? Se houver qualquer dúvida, não prossiga.
  2. Não autorize fotos sem necessidade
    Um prestador de serviço legítimo não precisa registrar sua imagem para realizar uma instalação ou atendimento. Diante de uma solicitação desse tipo, negue educadamente e entre em contato com a empresa por canais oficiais.
  3. Biometria, só no seu dispositivo
    A biometria facial é uma ferramenta poderosa de autenticação — mas deve ser usada apenas em seu próprio celular, com aplicativos confiáveis. Evite permitir que terceiros capturem sua imagem para “validar” qualquer procedimento.
  4. Compartilhe com cautela nas redes sociais
    Não é preciso deixar de usar redes sociais, mas vale evitar publicar informações que revelem sua rotina com detalhes, localização exata ou padrões de comportamento. Um pouco de discrição pode fazer muita diferença.
  5. Cuidado com links e mensagens suspeitas
    Golpistas se valem de e-mails, mensagens de texto e aplicativos para enviar links maliciosos. O ideal é não clicar em mensagens inesperadas e jamais fornecer dados sensíveis em ligações ou formulários desconhecidos.

É sempre bom lembrar que, embora a tecnologia avance continuamente, os golpes não se apoiam apenas em falhas técnicas, eles exploram principalmente a confiança das pessoas. Manter-se informado e desconfiar de situações inusitadas continua sendo o melhor caminho para usar os recursos digitais com segurança e tranquilidade.

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SEGURANÇA DIGITAL: COMO TRANSFORMAR BOAS PRÁTICAS EM CULTURA ORGANIZACIONAL

É comum perceber certa resistência quando o tema da cibersegurança entra em pauta, especialmente em treinamentos corporativos. Muitos colaboradores ainda veem a proteção digital como algo técnico e distante de suas rotinas. Esse distanciamento, no entanto, precisa ser superado. A segurança da informação não pode depender apenas da tecnologia. Ferramentas, por mais avançadas que sejam, não substituem atitudes conscientes. O verdadeiro diferencial está em pessoas bem orientadas, engajadas e preparadas para agir corretamente.

1. Saber não é o mesmo que estar pronto

Existe uma suposição equivocada de que todos já dominam o básico: identificar e-mails suspeitos, criar senhas fortes ou ativar autenticação em dois fatores. Porém, saber o que deve ser feito não garante que a ação correta ocorrerá no momento necessário.

Falhas frequentemente acontecem por descuido, excesso de confiança ou falta de entendimento sobre as consequências práticas de uma atitude equivocada. Em vez de investir apenas em treinamentos genéricos e esporádicos, vale mais apostar em abordagens que aproximem o conteúdo do dia a dia dos colaboradores, como:

  • Simulações com situações reais
  • Treinamentos ajustados às funções específicas de cada área
  • Sessões curtas, contínuas e com foco prático
  • Métodos interativos e mais envolventes

Quando a formação faz sentido para quem participa, o aprendizado se torna muito mais efetivo.

2. Segurança alinhada aos objetivos da empresa

Ao relacionar a proteção digital com metas e resultados concretos, a percepção muda. Em vez de parecer um obstáculo, a segurança passa a ser vista como aliada da produtividade, da confiança dos clientes e da solidez institucional.

Colaboradores que entendem como suas atitudes impactam prazos, operações e imagem da empresa tendem a se comprometer mais. O envolvimento cresce quando fica claro que proteger dados e sistemas não é apenas uma exigência, mas parte do trabalho bem feito.

3. A participação faz toda a diferença

Nem sempre os maiores aliados da proteção digital estão nas áreas técnicas. Muitas vezes, são colaboradores atentos, que reparam em comportamentos estranhos, fazem perguntas antes de clicar e compartilham alertas com os colegas.

Essas pessoas podem ser incentivadas e valorizadas como verdadeiros multiplicadores da cultura de segurança. Algumas formas de promover esse envolvimento são:

  • Reuniões abertas entre colaboradores e equipe de tecnologia
  • Participação ativa na implantação de ferramentas e processos
  • Reconhecimento de atitudes que contribuam com a proteção do ambiente digital

Uma cultura forte se espalha de forma orgânica, por meio do exemplo e da cooperação entre as pessoas.

4. Segurança viva e presente na rotina

Não adianta manter políticas escritas que ninguém consulta. A proteção digital deve estar integrada à prática cotidiana da empresa. Para isso, é importante manter os processos atualizados, rever acessos com frequência e adaptar treinamentos sempre que surgirem novas ameaças.

Além disso, ouvir quem está na ponta pode trazer ideias valiosas sobre o que precisa melhorar ou ser ajustado. Segurança não é algo fixo; ela deve acompanhar a realidade de cada equipe e de cada operação.

5. Pequenas ações constroem grandes resultados

Construir um ambiente protegido exige mais do que regras. Requer constância, escuta ativa e comprometimento coletivo. Não se trata de buscar perfeição, mas de cultivar atitudes consistentes.

Tudo começa com pequenos gestos: uma conversa durante o café, uma dúvida esclarecida, um comportamento elogiado. São essas ações simples que, ao longo do tempo, formam a base de uma cultura sólida e resiliente.

Proteger uma empresa é tarefa diária. E, quando todos se sentem parte disso, a segurança deixa de ser obrigação e passa a ser um valor compartilhado.