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COMO ADEQUAR SUA ESCOLA À LGPD E PROTEGER A PRIVACIDADE DE ALUNOS E COLABORADORES

Adequar uma instituição de ensino à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) não se trata apenas de atender a uma exigência legal, mas de adotar uma postura ética e responsável diante das informações pessoais que circulam no ambiente escolar. A lei estabelece parâmetros claros para a coleta, o armazenamento e o uso de dados, conferindo maior transparência e controle aos titulares.

No contexto educacional, a LGPD fortalece a relação de confiança entre escola, famílias e colaboradores. Isso porque abrange desde informações básicas, como nome e endereço, até dados sensíveis, como históricos de saúde e registros acadêmicos. Proteger essas informações é preservar a integridade de toda a comunidade escolar.

Um incidente de segurança ou vazamento de dados pode gerar consequências sérias, tanto financeiras quanto reputacionais. Além de multas, a instituição pode ser acionada judicialmente e perder a credibilidade construída ao longo dos anos. Portanto, investir em governança de dados é investir na continuidade e na reputação da escola.

Por que a adequação à LGPD é indispensável na educação

A LGPD representa uma mudança cultural no modo como lidamos com informações pessoais. Nas escolas, isso se traduz em transparência, segurança e respeito à privacidade. Ignorar as exigências legais pode gerar três tipos de impacto direto:

1. Financeiro – As penalidades por descumprimento podem ser expressivas, comprometendo o orçamento da instituição. Além das multas, há custos com auditorias, honorários advocatícios e eventuais indenizações a titulares prejudicados.

2. Reputacional – Vazamentos de dados ou uso indevido de informações fragilizam a imagem institucional. Pais e responsáveis tendem a buscar escolas que demonstrem comprometimento com a privacidade e a segurança digital.

3. Operacional – Falhas ou ataques cibernéticos podem interromper o funcionamento da escola, dificultando o acesso a sistemas administrativos e registros de alunos. A recuperação de dados pode demandar tempo, investimento e suporte técnico especializado.

Passos essenciais para adequar sua escola à LGPD

A adequação à LGPD é um processo contínuo que requer planejamento, capacitação e comprometimento institucional. A seguir, um guia prático com as principais etapas desse percurso.

1. Nomeie um Encarregado de Dados (DPO)
Esse profissional atua como ponto de contato entre a escola, os titulares dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Ele deve ter autonomia e conhecimento técnico para supervisionar a conformidade e orientar as práticas de tratamento de dados.

2. Mapeie os fluxos de informações
Identifique quais dados são coletados, onde são armazenados, quem tem acesso e com quem são compartilhados. O mapeamento é a base para compreender o ciclo de vida das informações e implementar medidas de proteção adequadas.

3. Defina a base legal para cada tratamento
Toda atividade que envolva dados pessoais deve estar amparada por uma das bases legais previstas na LGPD — como consentimento, cumprimento de obrigação legal, execução de contrato ou legítimo interesse. O uso do consentimento deve ser sempre claro, informado e reversível.

4. Elabore uma política de privacidade acessível
O documento deve apresentar de forma transparente como a escola coleta, utiliza e protege os dados. Deve estar disponível em canais públicos, como o site institucional, e atualizado sempre que houver mudanças nas práticas de tratamento.

5. Implemente medidas de segurança da informação
Adoção de senhas fortes, controle de acesso, criptografia e backups periódicos são exemplos de boas práticas. É recomendável realizar avaliações de vulnerabilidade e testes de segurança com regularidade.

6. Promova capacitação contínua
Treinar professores, administradores e colaboradores sobre boas práticas de proteção de dados é essencial para criar uma cultura de privacidade. Cada setor deve compreender suas responsabilidades no tratamento das informações pessoais.

7. Gerencie o consentimento de forma organizada
Quando o consentimento for a base legal adotada, a escola deve registrar de forma segura as autorizações concedidas e permitir que sejam revogadas com facilidade. Os formulários de matrícula e comunicações digitais devem refletir essa transparência.

8. Estruture um plano de resposta a incidentes
O plano deve prever ações rápidas e coordenadas em caso de violação de dados, incluindo comunicação à ANPD e aos titulares afetados. Testar periodicamente esse plano garante maior eficácia e reduz danos potenciais.

Estar em conformidade com a LGPD significa muito mais do que cumprir a lei. É adotar práticas responsáveis que reforçam a confiança da comunidade escolar e asseguram a continuidade das atividades educacionais de forma ética e segura.

A adequação deve ser tratada como um processo permanente, que evolui junto com as mudanças tecnológicas e organizacionais. Ao investir em proteção de dados, a escola fortalece sua credibilidade e demonstra respeito às famílias que confiam nela a formação e o cuidado de seus alunos.

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FRAUDES VIRTUAIS CONTRA IDOSOS: CONHEÇA OS GOLPES MAIS COMUNS E COMO EVITÁ-LOS

O acesso à internet por pessoas idosas vem aumentando de maneira significativa, trazendo consigo novas oportunidades de interação, consumo e gestão da vida cotidiana. Hoje, uma parcela expressiva desse público utiliza redes sociais, realiza compras online e administra suas finanças por meio de aplicativos e sites. Ao mesmo tempo, persistem fragilidades: parte considerável ainda não faz uso de ferramentas de proteção digital e poucos ajustam corretamente as configurações de privacidade.

Outro fator relevante é a adaptação forçada a serviços digitais, como o recebimento de faturas exclusivamente por e-mail em substituição às versões impressas. Essa transição amplia a dependência de meios eletrônicos e, consequentemente, a exposição a riscos cibernéticos.

Golpes mais frequentes contra idosos

  1. Falsos atendentes de instituições financeiras
    Criminosos entram em contato alegando problemas na conta e solicitam informações sensíveis, como senhas e códigos de verificação, que são utilizados para realizar transferências ou saques indevidos.
  2. Promessas de prêmios em redes sociais
    Publicações e anúncios fraudulentos oferecem supostos prêmios ou benefícios financeiros, mas direcionam a vítima a páginas que coletam dados para práticas ilícitas.
  3. Mensagens de familiares pedindo dinheiro
    Golpistas usam aplicativos de mensagens para se passar por parentes em situação de emergência e solicitam transferências imediatas de valores.
  4. Uso de redes Wi-Fi públicas
    Conexões gratuitas em locais abertos podem ser monitoradas por terceiros mal-intencionados, que capturam dados bancários e senhas durante a navegação.
  5. Falsificação de identidade com inteligência artificial
    Técnicas de áudio e vídeo manipulados criam a ilusão de que pessoas conhecidas, autoridades ou figuras públicas estão oferecendo produtos ou pedindo auxílio, induzindo ao erro.

Como reduzir os riscos

  • Evite compartilhar informações pessoais: instituições sérias não solicitam senhas ou códigos por telefone ou mensagem. Em caso de dúvida, procure diretamente o canal oficial.
  • Atenção a mensagens incomuns: desconfie de pedidos urgentes de dinheiro ou de links que prometem vantagens exageradas. Textos com erros ou pressão por rapidez são indícios comuns de fraude.
  • Mantenha dispositivos atualizados: as atualizações de sistemas e aplicativos corrigem falhas de segurança e facilitam a usabilidade.
  • Utilize softwares de proteção e conexões seguras: antivírus e VPNs ajudam a resguardar dados pessoais, especialmente em redes públicas.
  • Não tome decisões precipitadas: golpistas exploram o fator emocional. Ao receber uma solicitação suspeita, respire, reflita e, se necessário, peça a opinião de alguém de confiança.
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PERFIS FALSOS E TECNOLOGIA AVANÇADA ELEVAM RISCO DE FRAUDES ONLINE

Os golpes digitais que exploram a identidade de grandes instituições estão ficando cada vez mais elaborados. Já não se limitam a mensagens de texto ou e-mails suspeitos: hoje, circulam também vídeos bem produzidos, perfis falsos em redes sociais e conteúdos forjados com Inteligência Artificial. Essa combinação aumenta a capacidade de convencimento e dificulta a identificação da fraude pelo usuário comum.

Vídeos que imitam comunicados oficiais, postagens com aparência profissional e contas falsas que se passam por representantes legítimos são algumas das ferramentas utilizadas para transmitir confiança. O objetivo é simples: induzir a vítima a acessar links fraudulentos e fornecer informações pessoais ou efetuar pagamentos indevidos.

A utilização de Inteligência Artificial amplia ainda mais o alcance desses golpes, permitindo criar mensagens personalizadas, adaptadas ao perfil de cada alvo. Plataformas como Instagram e Facebook têm sido palco frequente dessas práticas, exigindo cautela redobrada de quem navega por ali.

Seguir as instruções dessas mensagens enganosas pode trazer consequências sérias. Além de levar ao pagamento de taxas inexistentes, há o risco de que dados pessoais e bancários sejam capturados por sites falsos, desenvolvidos justamente para reproduzir a aparência de páginas oficiais. A semelhança é tamanha que, muitas vezes, apenas um olhar mais atento consegue revelar a fraude.

O recado é claro: é indispensável desconfiar de qualquer mensagem que peça regularização de encomendas não solicitadas ou que redirecione para páginas externas. A melhor defesa é manter a prudência, checar os canais oficiais e jamais fornecer informações sensíveis sem confirmar a legitimidade da comunicação.

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SEGURANÇA CIBERNÉTICA INTEGRADA: COMO A INTEGRAÇÃO ELEVA A PROTEÇÃO CONTRA AMEAÇAS DIGITAIS

A intensificação dos ataques digitais tem colocado à prova os limites da proteção empresarial. Não se trata apenas de adquirir ferramentas de última geração, mas de construir um ecossistema de defesa coordenado, no qual tecnologia, processos e pessoas atuem de forma articulada. Essa visão ampla, apontada em relatórios internacionais, mostra-se indispensável para reduzir impactos e responder com agilidade a incidentes.

Empresas que adotam soluções isoladas, sem integração entre áreas, frequentemente sofrem com respostas lentas e ineficazes. O resultado é um ambiente mais vulnerável e fragmentado. Além disso, a carência global de profissionais especializados em cibersegurança – estimada em milhões – intensifica o desafio de consolidar estratégias conjuntas entre TI, operações e segurança da informação.

Outro ponto crítico é o fator humano. Relatórios recentes indicam que grande parte das violações de dados envolve falhas não intencionais, como atrasos na comunicação ou erros de procedimento. Nessas situações, cada minuto perdido favorece a permanência do invasor nos sistemas, ampliando prejuízos financeiros e afetando a reputação corporativa.

A integração de ferramentas e processos tem mostrado resultados consistentes. Plataformas que combinam monitoramento contínuo, análise em tempo real e respostas automatizadas reduzem significativamente o tempo de exposição a ameaças. Soluções como SIEM e EDR, quando aplicadas de forma coordenada, não apenas fortalecem a defesa, como também permitem melhor aproveitamento de recursos internos.

Estudos de grandes players do setor apontam que empresas com menor uso de inteligência artificial e automação em segurança enfrentam ciclos de incidentes mais longos e custos mais elevados. Isso demonstra que a integração tecnológica, aliada à análise preditiva, não é apenas uma questão de eficiência operacional, mas de sustentabilidade econômica.

Nesse contexto, muitas organizações têm estruturado equipes especializadas voltadas para a proteção digital de ponta a ponta. A proposta é reunir especialistas, metodologias e frameworks reconhecidos – como ISO 27001/27002, Zero Trust e MITRE ATT&CK – em um único núcleo de atuação. O objetivo é alinhar prevenção, detecção e resposta, com foco tanto na tecnologia quanto no elemento humano, por meio de treinamentos, simulações e conscientização contínua.

A segurança cibernética integrada passa, portanto, a ser um habilitador estratégico. Ao proteger ativos digitais de forma coordenada e inteligente, as empresas criam condições para inovar, expandir e conquistar novos mercados sem comprometer a confiabilidade de suas operações. A construção de um ecossistema de defesa adaptativo não é mais uma opção: é parte essencial da resiliência operacional e da proteção de dados na era digital.

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GOLPE DA SELFIE: COMO CRIMINOSOS USAM SUA IMAGEM PARA FRAUDES DIGITAIS

Nos últimos anos, tem se multiplicado um tipo de fraude digital em que criminosos solicitam selfies sob o pretexto de confirmar a identidade do usuário. A prática, aparentemente inofensiva, é utilizada para burlar sistemas de autenticação facial presentes em aplicativos bancários, plataformas de crédito e até em serviços de programas sociais.

Ao obter a foto da vítima, os golpistas conseguem acessar aplicativos financeiros, realizar transferências, contratar empréstimos em nome de terceiros e até abrir contas falsas com os dados coletados. O impacto é significativo, pois compromete tanto a segurança patrimonial quanto a reputação do usuário.

As pessoas mais suscetíveis a esse tipo de golpe costumam ser aquelas que confiam em comunicações recebidas por mensagens instantâneas ou ligações telefônicas. Idosos, candidatos a vagas de emprego e usuários com bom histórico de crédito figuram entre os alvos preferenciais, justamente porque transmitem maior confiabilidade no uso de dados pessoais.

Em caso de fraude, é fundamental agir rapidamente. O primeiro passo é bloquear imediatamente contas e cartões para evitar movimentações indevidas. Em seguida, deve-se registrar boletim de ocorrência e entrar em contato com a instituição financeira para solicitar o cancelamento de operações não autorizadas.

Para se proteger, algumas medidas simples podem fazer a diferença:

  • nunca enviar selfies ou dados pessoais por WhatsApp, SMS ou redes sociais;
  • desconfiar de contatos que solicitem fotos para suposta liberação de contas;
  • ativar a verificação em duas etapas em aplicativos bancários e serviços financeiros.

A conscientização é a ferramenta mais eficaz para reduzir a exposição a fraudes digitais. Conhecer os mecanismos utilizados por criminosos permite identificar abordagens suspeitas e agir de forma preventiva, garantindo maior segurança no ambiente digital.

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A TRANSFORMAÇÃO DAS FRAUDES E O IMPACTO DAS NOVAS LEIS SOBRE O SETOR EMPRESARIAL

Nos últimos anos, as fraudes migraram gradualmente do meio físico para o ambiente digital, exigindo que empresas, órgãos públicos e cidadãos adotem novas estratégias de proteção.

Dados recentes indicam que, entre 2022 e 2023, os golpes cometidos pela internet aumentaram mais de 13%, enquanto crimes como roubos a bancos e instituições financeiras tiveram queda expressiva, próxima de 30%. Ao mesmo tempo, o país registrou, apenas em 2022, mais de 103 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos. Para 2024, estima-se que as perdas decorrentes de violações de dados ultrapassem R$ 2 trilhões, refletindo o nível de organização e sofisticação desses delitos.

Nesse contexto, iniciativas legislativas vêm sendo estruturadas para modernizar a resposta penal. Entre as propostas em análise, destacam-se alterações no Código Penal para incluir a extorsão digital, com aumento de pena quando houver paralisação de serviços essenciais; a tipificação do sequestro de dados, com agravamento da pena quando houver invasão de dispositivos para captura de informações pessoais; e a majoração de sanções quando o delito for cometido contra autoridades, utilizando recursos de inteligência artificial ou partindo de servidores estrangeiros.

Essas mudanças ampliam a possibilidade de responsabilização criminal das pessoas jurídicas, que poderão ser investigadas e processadas quando, direta ou indiretamente, contribuírem para a prática das infrações. As penalidades previstas incluem desde multas proporcionais ao faturamento até restrições contratuais com o poder público e perda de benefícios fiscais.

O impacto prático é evidente: falhas na preservação de registros digitais ou vulnerabilidades em sistemas corporativos podem enquadrar a empresa em condutas tipificadas como crime, especialmente se houver omissão diante de ataques como o ransomware. Nesses casos, a ausência de reação imediata e eficaz pode levar à imputação de coautoria ou participação.

Diante desse quadro, torna-se indispensável que organizações adotem medidas técnicas e jurídicas integradas, incluindo planos de resposta a incidentes, gestão de riscos e programas de compliance digital. Mais do que proteger a reputação, trata-se de assegurar a continuidade das operações e evitar repercussões penais e econômicas severas.

O alinhamento entre o setor produtivo, especialistas em segurança da informação e assessoria jurídica é hoje um elemento estratégico para que as empresas consigam atender às novas exigências legais e demonstrar, de forma documentada, que atuam de maneira diligente para prevenir, detectar e reagir a ameaças virtuais.

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VULNERABILIDADE EM SISTEMA DA MICROSOFT PERMITE ROUBO DE INFORMAÇÕES SEM LOGIN

Uma falha recentemente identificada na plataforma Microsoft SharePoint, catalogada como CVE-2025-53771, tem sido explorada ativamente por grupos mal-intencionados. A vulnerabilidade afeta versões locais do SharePoint, amplamente utilizadas por organizações para armazenar e organizar documentos corporativos. O problema foi divulgado por especialistas em segurança e levou órgãos de proteção cibernética a emitirem comunicados para empresas e instituições públicas.

O tipo de falha encontrada é conhecido como “zero day” — descoberta e explorada antes que o fornecedor possa lançar uma correção. Segundo análise técnica, essa brecha permite o roubo de chaves digitais privadas dos servidores sem necessidade de autenticação. Com acesso a essas chaves, invasores podem implantar códigos maliciosos e acessar dados internos, comprometendo a integridade e confidencialidade das informações armazenadas.

Foram identificados ataques contra universidades, órgãos públicos e empresas do setor de energia, especialmente nos Estados Unidos. Embora a extensão total ainda não esteja clara, há indícios de que um número significativo de pequenas e médias empresas também tenha sido atingido. Por ora, a Microsoft liberou atualizações corretivas para as versões Subscription Edition e 2019 do SharePoint, enquanto segue trabalhando em um patch para a edição de 2016.

Há uma preocupação adicional: o SharePoint não opera de forma isolada. Ele está integrado a outras soluções corporativas da Microsoft, como Outlook, Teams e OneDrive. Isso aumenta a superfície de exposição e, consequentemente, o risco de que dados armazenados em diferentes plataformas também sejam acessados.

Diante disso, a orientação para administradores é clara: além de aplicar imediatamente as correções de segurança disponibilizadas, é recomendável substituir as chaves digitais de servidores possivelmente afetados e, se viável, desconectar temporariamente os sistemas da rede pública. Medidas preventivas como essas podem evitar danos mais amplos e conter o avanço de novas intrusões.

Permissões em excesso: o custo silencioso dos assistentes com inteligência artificial

A rápida adoção de soluções com inteligência artificial nos ambientes digitais tem transformado a forma como usuários interagem com seus dispositivos e sistemas. No entanto, essa modernização esconde um aspecto frequentemente negligenciado: a coleta ampla de dados pessoais sob justificativas técnicas.

Muitos aplicativos, especialmente aqueles com assistentes baseados em IA, solicitam permissões extensas — acesso a e-mails, contatos, arquivos locais e histórico de navegação. Embora a alegação seja de que tais acessos são necessários para o funcionamento pleno das ferramentas, especialistas em segurança digital alertam que essa prática precisa ser questionada, sobretudo quando envolve dados sensíveis.

Nem sempre os usuários estão cientes da dimensão das permissões concedidas. Essa falta de percepção pode levar à exposição indevida de informações privadas e ao uso de dados para finalidades pouco transparentes. É importante que empresas e indivíduos revejam as autorizações concedidas e adotem políticas mais restritivas sempre que possível.

A reflexão necessária não está apenas na inovação tecnológica, mas também nos limites éticos do uso da informação. À medida que as ferramentas evoluem, cresce a responsabilidade em assegurar que a privacidade não seja comprometida em nome da praticidade. A proteção de dados deve ser tratada como um princípio, não como um obstáculo ao avanço digital.

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COMO O USO IRRESPONSÁVEL DA INTERNET AMEAÇA DIREITOS E RELAÇÕES

Vivemos uma era em que a conectividade digital deixou de ser apenas uma ferramenta e passou a ocupar o centro das relações humanas, econômicas e institucionais. A tecnologia, com seu poder de encantamento e eficiência, alterou a forma como vivemos, nos relacionamos e tomamos decisões. Mas é preciso reconhecer que, por trás das promessas de progresso, também se esconde um processo de corrosão ética e social que avança de modo silencioso, porém implacável.

Há uma transformação em curso que atinge não apenas os meios, mas os próprios fins das interações humanas. O comportamento virtual, guiado por algoritmos opacos, molda a personalidade coletiva e redefine valores. O culto à influência, à velocidade, ao lucro e à performance passou a ditar regras nas instituições e nas relações pessoais, empurrando para as margens aqueles que ainda zelam por princípios como lealdade, reserva, respeito e cooperação.

Enquanto isso, o ambiente digital se converte, progressivamente, em território fértil para práticas abusivas e violações de direitos. As estruturas que deveriam proteger o indivíduo tornam-se frágeis diante da sofisticação das ações maliciosas: fraudes, extorsões, espionagem, manipulação de dados, disseminação de desinformação. Não se trata mais de ficção distópica. É uma realidade com efeitos concretos, que compromete desde a integridade de sistemas de saúde até a sobrevivência de pequenos empreendedores.

O espaço virtual, inicialmente idealizado como campo aberto de liberdade e inovação, tornou-se também campo minado, onde a lógica da dominação muitas vezes se impõe à lógica do respeito. Episódios envolvendo ataques cibernéticos em instituições públicas e privadas evidenciam não apenas a fragilidade dos sistemas de defesa, mas a ausência de uma cultura sólida de responsabilidade digital. A sociedade tem sido lenta em estabelecer limites, e os custos dessa inércia estão sendo pagos com vidas, reputações e economias inteiras.

As consequências não se restringem aos prejuízos financeiros. A deterioração da confiança nas relações digitais afeta diretamente a qualidade da convivência social. Em um ambiente onde tudo pode ser forjado ou capturado indevidamente, até o pacato cidadão se vê vulnerável. E esse temor, ao invés de incentivar a cautela coletiva, tem muitas vezes sido explorado por atores que lucram com o medo, a desinformação e a instabilidade.

É necessário, portanto, um gesto de sobriedade e responsabilidade. Mais do que seguir louvando os benefícios tecnológicos, que são inegáveis, impõe-se a tarefa de refletir sobre os limites. A tecnologia não é neutra. Ela reflete escolhas humanas e precisa ser regulada com base em princípios éticos e jurídicos sólidos, que protejam a dignidade e a autonomia do indivíduo.

Ignorar esse debate significa correr o risco de assistir à erosão silenciosa das garantias mais básicas da convivência civilizada. Ainda há tempo de preservar o valor emancipador das inovações, desde que haja coragem para reconhecer os excessos e firmeza para corrigi-los. Afinal, nenhum avanço técnico justifica o abandono do senso de humanidade.

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PROTEÇÃO EFICAZ CONTRA MALWARE NO MAC: MEDIDAS ESSENCIAIS PARA MANTER SEUS DADOS SEGUROS

Apesar da reputação de maior segurança dos computadores da Apple, os Macs também estão sujeitos a infecções por malware. O risco é real, especialmente para usuários que lidam com ativos digitais sensíveis, como criptomoedas e dados financeiros. A boa notícia é que há formas eficazes de reduzir significativamente essa exposição, adotando medidas simples no dia a dia.

Manter o sistema operacional atualizado é uma das providências mais importantes. As atualizações do macOS corrigem falhas de segurança que poderiam ser exploradas por softwares maliciosos. Ignorar esse cuidado equivale a deixar portas abertas para invasores silenciosos.

Outra medida de proteção é a instalação de uma ferramenta antivírus confiável. Embora o macOS possua camadas nativas de defesa, elas não são infalíveis diante de ataques mais sofisticados. Um antivírus atualizado regularmente pode identificar e eliminar ameaças antes que causem danos.

Além disso, é necessário redobrar a atenção com links recebidos por e-mail e arquivos de origem desconhecida. O método conhecido como phishing é amplamente utilizado por cibercriminosos para enganar o usuário e levá-lo a instalar involuntariamente um programa malicioso. Muitas vezes, esses e-mails imitam mensagens legítimas, simulando comunicação com bancos, plataformas digitais ou prestadores de serviço.

Em ambientes de rede compartilhada, como escritórios e residências com múltiplos dispositivos conectados, a infecção de um computador pode comprometer os demais. Por isso, o cuidado deve ser redobrado quando se trata de downloads e instalações.

Outro ponto que merece atenção é a realização de cópias de segurança. Fazer backups regulares dos seus arquivos é uma forma eficaz de evitar perdas permanentes em caso de infecção. O macOS oferece a ferramenta Time Machine, que facilita esse processo, além das opções em nuvem como o iCloud e outros serviços especializados.

Como o malware atinge usuários de Mac

A forma mais comum de infecção ainda ocorre por meio de ações do próprio usuário — geralmente sem perceber. Ao baixar um programa aparentemente legítimo de um site não confiável, ou clicar em um link disfarçado, o usuário pode permitir a entrada do malware. Em alguns casos, o arquivo malicioso se instala silenciosamente e começa a operar em segundo plano, capturando informações sensíveis, como senhas e dados bancários.

Há também softwares que se apresentam como utilitários, mas que, na verdade, executam tarefas ocultas em benefício de terceiros. Uma vez instalado, o programa pode comprometer a integridade do sistema e a privacidade do usuário.

Recomendações práticas para manter seu Mac protegido

  1. Atualize regularmente o sistema operacional: isso garante a correção de vulnerabilidades que poderiam ser exploradas por softwares maliciosos.
  2. Use uma solução antivírus de confiança: ela atua na detecção e remoção de ameaças que escapam dos filtros nativos do sistema.
  3. Evite downloads de fontes duvidosas: sempre que possível, utilize a App Store ou sites verificados pelo desenvolvedor.
  4. Não clique em links de e-mails suspeitos: se algo parecer estranho, confirme a origem antes de tomar qualquer ação.
  5. Ative restrições para downloads automáticos: isso reduz o risco de que arquivos perigosos sejam baixados sem seu consentimento.
  6. Eduque-se sobre os tipos de ataques digitais: entender como funcionam os métodos de phishing e os principais tipos de malware ajuda a identificar ameaças com mais facilidade.
  7. Faça backups frequentes: mantenha uma rotina de cópias dos seus dados em unidades externas ou serviços de armazenamento confiáveis.

Respostas para dúvidas comuns

  • É necessário instalar antivírus em um Mac? Sim. Embora o sistema da Apple tenha bons recursos de segurança, eles não substituem uma ferramenta dedicada, especialmente diante das técnicas cada vez mais complexas utilizadas por invasores.
  • O que devo fazer se suspeitar que meu computador foi infectado? Desconecte-o da internet, execute um antivírus e, se necessário, restaure os arquivos a partir de um backup anterior à infecção.
  • O Time Machine é suficiente para backup? Para muitos usuários, sim. É uma ferramenta eficaz e simples de usar. No entanto, manter uma segunda cópia em nuvem ou em outro local físico pode ser recomendável, dependendo da sensibilidade dos dados.
  • Com que frequência devo atualizar meu software de segurança? Sempre que novas versões estiverem disponíveis. Habilitar as atualizações automáticas é uma forma prática de manter o sistema protegido.

O cuidado com a segurança digital exige atenção contínua, mas não é complexo. Com pequenos hábitos e escolhas conscientes, é possível manter seu Mac protegido e reduzir consideravelmente o risco de comprometer seus dados.

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GOLPE DO “SUPORTE BANCÁRIO FALSO” SE TORNA O NOVO MÉTODO PARA DESVIAR VALORES VIA PIX NO BRASIL

Desde 2024, uma nova estratégia de fraude digital tem ganhado espaço no Brasil e já foi registrada mais de 10 mil vezes. O método consiste em ligações telefônicas em que criminosos se passam por atendentes de centrais bancárias, alegando falhas ou irregularidades na conta da vítima para induzi-la à instalação de um aplicativo legítimo de acesso remoto.

A técnica deriva de antigas práticas de engenharia social, que agora utilizam ferramentas reconhecidas e disponíveis nas lojas oficiais de aplicativos. Diferente das fraudes anteriores baseadas em malwares automatizados, essa abordagem foca no convencimento direto da vítima por meio de interações telefônicas personalizadas.

O processo começa com uma ligação, supostamente do banco, informando sobre problemas no app bancário ou indícios de uso indevido da conta. A vítima, preocupada, é levada a instalar um programa que permite o controle remoto do celular. Na sequência, os golpistas pedem que ela abra o aplicativo bancário, sob o pretexto de corrigir a falha informada. Uma vez que a vítima está logada, o acesso remoto permite que o criminoso realize transferências PIX em segundos, sem que a vítima perceba de imediato.

Na etapa final, solicita-se que a pessoa insira sua senha ou confirme uma suposta atualização do sistema, momento em que o desvio dos valores é efetivado. Quando o golpe é percebido, o valor já foi transferido e, normalmente, é difícil de ser recuperado.

Essas ações têm substituído outra forma de fraude que envolvia o redirecionamento automático de transferências via PIX. A mudança está diretamente relacionada à interrupção da distribuição de um software malicioso específico, que automatizava essas transações fraudulentas. Desde a segunda metade de 2024, os registros dessa modalidade diminuíram de forma expressiva.

A adaptação dos golpistas evidencia como essas práticas se renovam com rapidez e se aproveitam da confiança das vítimas. Embora o golpe anterior envolvesse a instalação de malwares, a nova abordagem se baseia em aplicativos legítimos, o que torna a fraude mais difícil de ser identificada no primeiro momento.

Para minimizar os riscos, recomenda-se atenção redobrada a qualquer contato telefônico não solicitado de instituições financeiras. Bancos não solicitam instalação de aplicativos nem pedem dados sensíveis por telefone. Caso receba uma ligação suspeita, a melhor atitude é encerrar a chamada e buscar contato diretamente pelos canais oficiais da instituição.

Adotar práticas de segurança digital, como o uso de senhas fortes, ativação de autenticação em dois fatores e instalação de soluções confiáveis de proteção contra ameaças digitais, é uma medida prudente para manter a integridade das informações pessoais e bancárias.

A rápida substituição de métodos fraudulentos reforça a necessidade de constante atualização sobre os riscos digitais. A informação, aliada a práticas conscientes de uso da tecnologia, continua sendo uma das formas mais eficazes de evitar prejuízos.

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RIFAS E SORTEIOS FALSOS: COMO IDENTIFICAR E SE PROTEGER DE FRAUDES ONLINE

Com o avanço das redes sociais e dos aplicativos de mensagens, novas formas de golpe passaram a circular com mais frequência no ambiente digital. Uma delas tem ganhado espaço nos últimos anos: as rifas e sorteios falsos. A promessa de prêmios atrativos, como veículos, smartphones ou grandes quantias em dinheiro, serve como isca para enganar usuários e coletar informações ou valores indevidos.

Essa prática se tornou ainda mais comum a partir de 2020, quando o uso da internet para entretenimento e consumo se intensificou. Com isso, surgiram inúmeras “promoções” que, na verdade, escondem esquemas fraudulentos cuidadosamente montados para parecer legítimos.

Como funcionam esses golpes?

Os golpistas utilizam anúncios chamativos, frequentemente acompanhados de imagens de prêmios e textos persuasivos. A divulgação pode ocorrer por redes sociais, aplicativos de mensagens ou e-mails. O objetivo é capturar a atenção do público e induzir o compartilhamento da suposta promoção, ampliando a visibilidade da fraude.

Após despertar o interesse da vítima, os criminosos solicitam ações como:

  • Preenchimento de formulários com dados pessoais;
  • Pagamento de uma taxa de inscrição;
  • Envio de comprovantes bancários ou cartões de crédito;
  • Compartilhamento do conteúdo com amigos para “validar” a participação.

Ao final, o prêmio nunca é entregue e, pior, as informações fornecidas podem ser reutilizadas em outras fraudes ou até vendidas.

Em muitos casos, os golpistas se passam por empresas conhecidas ou páginas de influenciadores, criando perfis falsos e campanhas promocionais falsas para transmitir uma aparência de autenticidade. Esse disfarce torna ainda mais difícil distinguir entre o que é legítimo e o que é golpe.

Sinais de alerta

Apesar da aparência convincente, há elementos que ajudam a identificar possíveis fraudes:

  • Cobrança de valores antecipados: promoções verdadeiras, em geral, não exigem qualquer tipo de pagamento para participação.
  • Solicitação de dados sensíveis: pedidos de informações como número de CPF, conta bancária ou senhas não são compatíveis com ações promocionais confiáveis.
  • Pressão para compartilhar o conteúdo: exigir o envio da promoção a diversos contatos pode ser uma tentativa de ampliar o golpe rapidamente.
  • Falta de transparência: ausência de regulamento, de identificação da empresa responsável (como CNPJ) ou de canais de contato claros é um sinal importante de alerta.
  • Perfis novos e com pouca interação: páginas recém-criadas, com poucos seguidores e sem histórico verificável, devem ser vistas com desconfiança.

Como evitar cair nesse tipo de fraude

A prevenção ainda é a forma mais eficaz de proteção. Algumas atitudes simples podem ajudar:

  • Confirme a origem: busque a divulgação da promoção nos canais oficiais da empresa ou pessoa mencionada.
  • Desconfie de prêmios exageradamente vantajosos: desproporcionalidade entre o prêmio e a complexidade da participação costuma indicar fraude.
  • Evite fornecer dados pessoais em sites não verificados.
  • Pesquise antes de participar: avaliações, comentários e alertas de outros usuários ajudam a verificar a autenticidade da ação.
  • Denuncie perfis suspeitos: as redes sociais oferecem ferramentas para denunciar conteúdos enganadores.

E se você já caiu no golpe?

Nesse caso, é importante agir com rapidez:

  1. Reúna provas – registre conversas, comprovantes de pagamento e capturas de tela.
  2. Procure a delegacia – o ideal é fazer um boletim de ocorrência em uma unidade especializada em crimes digitais.
  3. Avise sua instituição bancária – especialmente se dados financeiros foram informados.
  4. Comunique pessoas próximas – isso pode impedir que o golpe atinja outros contatos.

O número de fraudes digitais exige atenção constante. Ao se deparar com qualquer promoção online, vale sempre lembrar: prêmios fáceis demais geralmente têm um custo oculto. Informação, verificação e cautela são os melhores aliados de quem deseja navegar de forma segura na internet.

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A VALIDADE DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS NO CONTEXTO JURÍDICO ATUAL

Na atualidade, vivenciamos uma realidade onde a informação, impulsionada por tecnologias avançadas, desempenha um papel central. A digitalização, aliada à utilização intensiva de dados na economia digital, influencia significativamente a maneira como os contratos são concebidos, firmados e gerenciados. Especialmente no setor financeiro, vemos uma rápida substituição de procedimentos tradicionais por operações digitais, o que requer do ordenamento jurídico respostas claras quanto à eficácia e segurança desses contratos eletrônicos.

Para os operadores do direito, essa transformação exige uma compreensão atualizada sobre a formação e execução dos negócios no meio eletrônico. Contratos eletrônicos são reconhecidos como válidos quando celebrados por plataformas seguras e dotadas de mecanismos que garantam a autenticidade e integridade do ato jurídico. Não há distinção substancial entre contratos físicos e eletrônicos em termos de validade, desde que observados os requisitos legais pertinentes.

A doutrina jurídica, seguindo os princípios contratuais clássicos adaptados ao meio digital, avalia a validade contratual sob três aspectos principais: existência (partes, objeto, vontade e forma), validade (capacidade, licitude e forma adequada) e eficácia (produção de efeitos jurídicos). A autonomia privada permite que as partes pactuem condições contratuais adequadas ao ambiente eletrônico, desde que em conformidade com a legislação vigente e os princípios gerais do direito.

A robustez probatória das assinaturas eletrônicas varia conforme o tipo empregado, sendo recomendável, em transações complexas, o uso de assinaturas qualificadas ou avançadas. Essas modalidades conferem maior segurança jurídica, conforme previsto na legislação brasileira e normativas como a MP nº 2.200-2/2001.

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) também desempenha um papel fundamental, exigindo consentimento específico e informado para o tratamento de dados pessoais em contratos digitais. A rastreabilidade e auditoria digital são essenciais para garantir a regularidade do consentimento eletrônico, reforçando a segurança das relações contratuais.

No setor bancário, a digitalização das operações contratuais é amplamente aceita, desde que seguidos os protocolos de autenticação multifatorial e demais exigências do Banco Central. A jurisprudência brasileira tem consolidado a validade dos contratos eletrônicos, especialmente quando comprovada a autenticidade do procedimento digital.

A evolução digital dos contratos não só atende às demandas da era moderna como eleva o direito a novos patamares de eficiência e segurança. A adequada implementação técnica e jurídica desses instrumentos é essencial para garantir sua confiabilidade e compatibilidade com os direitos fundamentais das partes envolvidas.