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COMO PROTEGER OS DADOS NA ÁREA DA SAÚDE EM TEMPOS DE DIGITALIZAÇÃO

A digitalização dos serviços de saúde avançou de forma significativa nos últimos anos, sobretudo após a pandemia de Covid-19. Hospitais, clínicas e operadoras de planos passaram a adotar soluções tecnológicas que otimizam o atendimento, melhoram a gestão e ampliam a capacidade de armazenamento e análise de dados. Entretanto, esse avanço também expôs o setor a um volume maior de riscos cibernéticos, tornando indispensável uma abordagem estratégica e integrada de proteção de dados.

Estudos internacionais apontam que o setor de saúde está entre os mais visados por agentes maliciosos. Em 2023, houve um aumento expressivo nas tentativas de invasão digital a instituições da área, superando 60% de crescimento em comparação com o ano anterior. No Brasil, o impacto é igualmente relevante: dados indicam que o custo médio de um incidente de segurança em organizações de saúde ultrapassou os R$10 milhões em 2024, colocando o país entre os mais afetados globalmente.

Esse quadro demonstra que não se trata apenas de investir em ferramentas tecnológicas isoladas. A segurança da informação deve ser compreendida como um componente da qualidade assistencial e da continuidade operacional. Isso exige o envolvimento coordenado de pessoas, processos e políticas internas, que precisam estar alinhadas a práticas reconhecidas e atualizadas.

Capacitar as equipes constantemente, revisar fluxos operacionais e estabelecer políticas claras são medidas que fortalecem a resiliência institucional. Recursos como autenticação multifator, criptografia de dados em trânsito e em repouso, segmentação de redes e utilização de sistemas de detecção e resposta a incidentes são apenas parte de um conjunto mais amplo de estratégias necessárias.

Para apoiar esse processo, documentos técnicos consolidados oferecem orientações valiosas. A publicação norte-americana NIST Special Publication 800-66, Revision 2, por exemplo, fornece diretrizes para implementar controles eficazes voltados à proteção de informações de saúde eletrônicas. Já o NIST Cybersecurity Framework 2.0, lançado em 2024, organiza a abordagem de segurança em cinco funções: Identificar, Proteger, Detectar, Responder e Recuperar — permitindo que organizações desenvolvam políticas estruturadas para gestão de riscos cibernéticos.

A proposta de tornar obrigatórias práticas como autenticação multifator, criptografia de dados e segmentação de redes por órgãos internacionais reforça o movimento por um padrão mais rigoroso de proteção, especialmente em áreas que tratam dados sensíveis.

Nesse contexto, a combinação entre tecnologia, capacitação contínua e governança bem definida constitui um pilar essencial para preservar a confidencialidade, integridade e disponibilidade das informações. Instituições de saúde que adotam essa abordagem integrada estão mais preparadas para enfrentar incidentes, mitigar impactos e manter a confiança dos pacientes e parceiros institucionais. A segurança da informação, portanto, deve ser tratada como parte da estratégia organizacional, e não apenas como uma exigência técnica.

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POR QUE SUA EMPRESA PRECISA SABER ONDE ESTÃO OS DADOS QUE ARMAZENA?

A adoção de soluções em nuvem transformou profundamente a dinâmica das empresas no armazenamento, processamento e gestão de informações. Por outro lado, essa evolução tecnológica trouxe à tona uma preocupação essencial: o alinhamento dessas operações às normas regulatórias e à proteção da soberania dos dados.

Esse conceito está diretamente relacionado à capacidade dos países e das organizações de manterem controle total sobre seus próprios dados. Trata-se de assegurar que as informações estejam armazenadas, processadas e gerenciadas sob as leis da jurisdição competente, evitando a transferência descontrolada de dados para ambientes que não ofereçam as garantias legais necessárias.

Determinados setores, como o financeiro e o setor público, possuem exigências rigorosas sobre a localização física dos dados. No contexto brasileiro, não são raras as situações em que órgãos públicos demandam que informações estejam não apenas dentro do território nacional, mas também restritas a determinados estados da federação. A ausência desse controle pode resultar em penalidades administrativas, impactos financeiros e prejuízos à reputação institucional.

Além das obrigações legais, a soberania de dados também se relaciona diretamente com a segurança da informação e a continuidade das operações empresariais. Manter o controle sobre dados sensíveis, tais como informações financeiras, registros pessoais e ativos estratégicos, reduz significativamente os riscos de vazamentos, acessos indevidos e violações de privacidade.

Da mesma forma, o armazenamento de informações em data centers localizados em outros países pode gerar entraves operacionais. Questões como a latência no acesso, limitações jurídicas na proteção contra ataques cibernéticos e dificuldades em resposta a incidentes reforçam a necessidade de estruturas que garantam a proximidade dos dados.

Nesse contexto, as estratégias voltadas à soberania informacional permitem às organizações assegurar que seus ativos digitais permaneçam sob governança adequada, obedecendo aos marcos legais e operacionais impostos pela legislação local.

A computação em nuvem pública, embora ofereça escalabilidade e elasticidade, não resolve integralmente essa demanda. Muitos provedores globais não garantem, de forma precisa, a localização geográfica de seus data centers, tampouco asseguram controle absoluto sobre quem pode acessar essas informações.

Essa realidade impulsiona a adoção de soluções denominadas nuvem soberana. Trata-se de uma infraestrutura tecnológica projetada para atender, de forma dedicada, aos requisitos de localização, privacidade e conformidade legal. A proposta consiste em garantir que os dados sensíveis permaneçam armazenados em território delimitado, de acordo com as normas aplicáveis, especialmente útil para instituições que operam em setores regulados.

Outro aspecto relevante é a compatibilidade desse modelo com arquiteturas multicloud. Com o suporte de tecnologias específicas, como os arrays de armazenamento virtual privado, é possível interligar ambientes públicos e privados de forma eficiente, permitindo que cargas de trabalho sensíveis sejam mantidas sob a governança da nuvem soberana, enquanto outras operações utilizem a infraestrutura da nuvem pública, maximizando desempenho e flexibilidade.

Adicionalmente, ganha espaço o modelo de nuvem soberana operando no formato on-premise as a service. Nessa configuração, a infraestrutura tecnológica é instalada diretamente no ambiente do cliente, com modelo de contratação baseado no consumo, sem exigência de investimento inicial em hardware. Essa abordagem oferece controle total sobre os dados, aliada à conveniência e à escalabilidade típicas dos serviços de nuvem.

Essa arquitetura também favorece a implementação de estratégias de alta disponibilidade e de recuperação de desastres. Ao concentrar os dados em data centers locais, as empresas mitigam riscos operacionais e otimizam os tempos de resposta, além de reduzir impactos relacionados a incidentes, sejam eles de origem natural, técnica ou cibernética.

Para os provedores regionais de data centers e telecomunicações, a oferta de serviços de nuvem soberana representa uma diferenciação competitiva relevante. A combinação entre conectividade de alta performance, infraestrutura local e aderência às exigências legais proporciona um serviço com maior confiabilidade e menor latência, atributos indispensáveis para operações de missão crítica.

Naturalmente, a segurança permanece como pilar essencial. A proteção dos dados deve contemplar criptografia em trânsito e em repouso, ambientes isolados, gestão rigorosa de acessos e monitoramento constante. A possibilidade de personalização das soluções permite que cada organização atenda às suas próprias exigências de governança, compliance e privacidade, em alinhamento com legislações como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Com a expansão dos modelos híbridos e a utilização intensiva de tecnologias como inteligência artificial e análise de dados, torna-se indispensável assegurar que as informações estejam não apenas protegidas, mas também gerenciadas em conformidade com os requisitos regulatórios.

A nuvem soberana surge, portanto, como um elemento estratégico. Seu papel vai além da proteção de dados, promovendo governança, flexibilidade e controle, aspectos fundamentais para as empresas que desejam inovar de forma segura em um ambiente digital que impõe, cada vez mais, rigor e responsabilidade sobre o uso e a gestão das informações.

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COMO PROTEGER OS DADOS DA SUA EMPRESA COM FUNCIONÁRIOS REMOTOS

A adoção do trabalho remoto proporcionou maior flexibilidade às organizações e aos seus colaboradores. No entanto, esse modelo também exige atenção redobrada quanto à segurança da informação. O ambiente doméstico, diferentemente do corporativo, pode carecer de mecanismos adequados de proteção digital, o que expõe a empresa a riscos relacionados ao acesso indevido, perda de dados e incidentes cibernéticos.

É fundamental que os colaboradores remotos façam uso de redes privadas virtuais (VPNs), que permitem uma conexão segura aos sistemas da empresa, mesmo a partir de redes externas. Da mesma forma, é importante que os dispositivos pessoais utilizados no desempenho das funções profissionais contem com ferramentas atualizadas de segurança, como antivírus, firewalls e autenticação em duas etapas.

Outro ponto fundamental é a conscientização. Investir em treinamentos regulares sobre boas práticas de segurança da informação contribui para que os colaboradores reconheçam e evitem condutas que possam comprometer os dados corporativos. A criptografia de arquivos e comunicações também é uma medida eficaz para preservar a confidencialidade e a integridade das informações sensíveis.

Proteger os dados da empresa em contextos de trabalho remoto demanda planejamento, tecnologia adequada e capacitação contínua da equipe. Essas medidas, quando aplicadas de forma integrada, favorecem a continuidade das atividades com segurança e responsabilidade.

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A RESPONSABILIDADE PELA PROTEÇÃO DE DADOS E OS RISCOS À CONTINUIDADE EMPRESARIAL

Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado um aumento significativo nos incidentes de vazamento de dados, afetando organizações de diversos portes e segmentos. Embora frequentemente associados a grandes corporações, esses episódios também impactam severamente pequenas e médias empresas, podendo, em casos extremos, levá-las ao encerramento de suas atividades.

Impactos Financeiros e Reputacionais

O vazamento de informações sensíveis acarreta consequências financeiras expressivas. Estudos indicam que empresas brasileiras chegam a perder, em média, R$ 6,75 milhões por violação de dados. Além das perdas financeiras diretas, há danos reputacionais que podem afastar clientes e parceiros comerciais, comprometendo a continuidade do negócio.

Sanções Legais e Responsabilização Civil

A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) estabelece sanções rigorosas para infrações relacionadas ao tratamento inadequado de dados pessoais. As penalidades incluem:

  • Multa simples de até 2% do faturamento da empresa, limitada a R$ 50 milhões por infração;
  • Multa diária, observando o limite total mencionado;
  • Publicização da infração, após devidamente apurada;
  • Bloqueio ou eliminação dos dados pessoais relacionados à infração;
  • Suspensão parcial do funcionamento do banco de dados ou da atividade de tratamento dos dados pessoais;
  • Proibição parcial ou total do exercício de atividades relacionadas a tratamento de dados.

Além das sanções administrativas, as empresas podem ser responsabilizadas civilmente por danos causados aos titulares dos dados. No entanto, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), é necessário comprovar o efetivo prejuízo para pleitear indenização por danos morais em casos de vazamento de dados pessoais não sensíveis.

Causas Comuns e Medidas Preventivas

Muitos vazamentos resultam de falhas internas, como uso de senhas fracas, ausência de políticas de segurança e treinamento inadequado de funcionários. Medidas preventivas incluem:

  • Implementação de políticas de segurança da informação claras e eficazes;
  • Treinamento contínuo dos colaboradores sobre boas práticas de proteção de dados;
  • Utilização de tecnologias de proteção, como criptografia e sistemas de detecção de intrusões;
  • Realização de auditorias regulares para identificar e corrigir vulnerabilidades.

A proteção de dados deve ser encarada como uma prioridade estratégica pelas empresas brasileiras. A negligência nesse aspecto não apenas expõe a organização a sanções legais e perdas financeiras, mas também compromete sua reputação e sustentabilidade no mercado. Investir em segurança da informação é investir na longevidade e no sucesso do negócio.

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A COMUNICAÇÃO COMO PILAR DA GOVERNANÇA EM PRIVACIDADE DE DADOS

A comunicação da efetividade de um programa de privacidade exige mais do que apresentar relatórios técnicos ou exibir normas internas. Trata-se de transmitir, com clareza e consistência, que os compromissos com a proteção de dados pessoais são reais, contínuos e mensuráveis. Essa comunicação deve alcançar tanto os públicos internos quanto os externos, fortalecendo a confiança e o engajamento com a organização.

Para isso, o primeiro passo é traduzir os resultados alcançados em indicadores compreensíveis, que demonstrem o funcionamento prático do programa. Exemplos incluem a redução de incidentes de segurança, o tempo médio de resposta a solicitações de titulares e a atualização periódica de políticas e treinamentos. Tais dados devem ser apresentados de forma acessível, sem abrir mão da precisão técnica.

A linguagem utilizada deve ser direta, transparente e alinhada aos valores da organização. Não basta afirmar que se cumpre a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD); é necessário mostrar como isso ocorre na prática: quais processos foram ajustados, quais tecnologias foram adotadas, quais terceiros foram auditados e como os riscos foram mitigados.

Outro ponto relevante é valorizar o protagonismo das pessoas envolvidas. A efetividade de um programa de privacidade está diretamente ligada à cultura organizacional. Comunicar que colaboradores de diferentes áreas participaram de treinamentos, reportaram riscos ou sugeriram melhorias é uma maneira eficaz de demonstrar que a proteção de dados está incorporada ao cotidiano da instituição.

Além disso, é recomendável manter canais abertos e acessíveis para os titulares de dados. A clareza nas respostas, a empatia no atendimento e a disposição para revisar processos comunicam, por si sós, que a empresa não apenas cumpre obrigações legais, mas respeita direitos fundamentais.

É importante que a comunicação seja contínua. Um programa de privacidade não é uma conquista pontual, mas um compromisso permanente. Relatórios periódicos, campanhas educativas internas, informativos aos parceiros e atualizações no site institucional reforçam essa mensagem.

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COMO GERENCIAR A SEGURANÇA CIBERNÉTICA DA SUA EMPRESA DE FORMA EFICIENTE

Gerenciar a segurança cibernética de uma empresa exige organização, planejamento e o uso adequado de tecnologias e boas práticas. Não se trata apenas de instalar um antivírus ou configurar um firewall, mas de adotar uma abordagem ampla para proteger dados e sistemas contra ameaças.

O primeiro passo é mapear os riscos. Isso envolve entender quais dados e sistemas são mais sensíveis e como poderiam ser explorados em um ataque. Empresas que lidam com informações financeiras, dados pessoais de clientes ou propriedade intelectual precisam de uma atenção especial.

Em seguida, a implementação de políticas de segurança é essencial. Definir regras claras sobre o uso de senhas, acessos a sistemas e compartilhamento de informações reduz as chances de falhas humanas. O treinamento dos colaboradores também é uma etapa importante, pois muitos ataques exploram distrações ou desconhecimento dos usuários.

O uso de tecnologias apropriadas complementa a gestão da segurança. Ferramentas como firewalls, antivírus e sistemas de detecção de intrusão ajudam a monitorar e bloquear atividades suspeitas. A adoção de autenticação multifator e criptografia fortalece a proteção de acessos e dados sensíveis.

Além da prevenção, é necessário ter um plano de resposta a incidentes. Nenhuma empresa está totalmente imune a ataques, e saber como agir rapidamente pode reduzir danos. Um bom plano inclui identificação de ameaças, contenção do problema e comunicação clara para os envolvidos.

A segurança cibernética não é um projeto com fim determinado, mas um processo contínuo. Atualizar sistemas, revisar políticas e acompanhar novas ameaças são ações que garantem a proteção dos ativos da empresa a longo prazo.

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WHATSAPP BUSINESS E SEGURANÇA: COMO PROTEGER DADOS SENSÍVEIS NO ATENDIMENTO AO CLIENTE

O WhatsApp Business tornou-se uma ferramenta indispensável para muitas empresas que buscam agilidade no atendimento ao cliente e eficiência na comunicação interna. Sua interface familiar e a facilidade de integração com outras ferramentas de gestão atraíram empresas de diversos setores. No entanto, apesar das vantagens, o uso dessa plataforma sem a devida atenção à segurança pode expor informações sensíveis e gerar riscos significativos para o negócio.

A troca de mensagens no WhatsApp muitas vezes envolve dados pessoais de clientes, negociações comerciais e informações estratégicas. Quando não há uma política clara de uso, o risco de vazamentos, golpes e acessos não autorizados cresce exponencialmente. Um ponto crítico é a prática comum de compartilhar dispositivos ou utilizar o WhatsApp Web em computadores públicos ou desprotegidos. Essa ação, aparentemente inofensiva, pode facilitar o acesso de terceiros a conversas e arquivos sensíveis.

Criminosos têm se especializado em golpes que envolvem o roubo de contas empresariais. A técnica mais comum é a engenharia social, onde o atacante, se passando por um funcionário do suporte técnico, solicita o código de verificação enviado por SMS. Com esse dado, o invasor assume a conta e passa a se comunicar com clientes, aplicando golpes que comprometem a credibilidade da empresa.

Para mitigar esses riscos, é fundamental implementar algumas práticas de segurança. Primeiramente, a autenticação em duas etapas deve ser ativada em todas as contas empresariais. Esse recurso adiciona uma camada extra de proteção, exigindo um PIN além do código de verificação. Além disso, a empresa deve estabelecer regras claras sobre o uso da ferramenta, orientando colaboradores a evitar o compartilhamento de informações críticas via WhatsApp.

Outra medida importante é a utilização de soluções de comunicação corporativa que oferecem mais controle sobre o fluxo de dados, como aplicativos de mensagens com criptografia ponta a ponta e recursos de gerenciamento centralizado. Ferramentas como o WhatsApp Business API, quando integradas a plataformas de atendimento, permitem um controle mais eficaz das interações, registrando conversas de maneira segura e garantindo a conformidade com a LGPD.

Por fim, investir na capacitação contínua dos colaboradores é indispensável. A segurança da informação depende, em grande parte, da conscientização sobre os riscos e boas práticas no uso das ferramentas digitais. A comunicação é essencial para o sucesso de qualquer empresa, mas deve sempre andar lado a lado com a proteção de dados e a responsabilidade no manejo das informações.

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RAIADROGASIL É MULTADA EM R$ 8,4 MILHÕES POR COLETA DE CPF

Recentemente, o Procon-MG aplicou uma multa de R$ 8.497.500 à rede de farmácias RaiaDrogasil S/A. A penalidade foi motivada pela prática de solicitar o CPF dos clientes durante compras no balcão ou no caixa, sob a justificativa de oferecer descontos e vantagens exclusivas. A situação reacendeu discussões sobre privacidade, proteção de dados e a aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Solicitar o CPF de consumidores em farmácias tornou-se algo comum, muitas vezes associado à promessa de benefícios como descontos. Porém, o Procon-MG apontou que essa prática pode comprometer a privacidade, especialmente quando os dados são coletados sem consentimento claro e adequado. Segundo o órgão, a ausência de um controle rigoroso sobre o uso dessas informações aumenta os riscos de vazamento ou uso indevido.

Por que o Procon e não a ANPD multou a RaiaDrogasil?

A atuação do Procon-MG se justifica por uma parceria entre a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) e a Secretaria Nacional do Consumidor (SENACON). Esse acordo delegou aos Procons do país a tarefa de fiscalizar o cumprimento da LGPD em âmbito local. Assim, o órgão mineiro exerceu sua prerrogativa ao investigar e multar a rede de farmácias.

A defesa da empresa e os questionamentos legais

Em sua defesa, a RaiaDrogasil afirmou que a solicitação do CPF tem como objetivo traçar o perfil de consumo dos clientes para oferecer promoções personalizadas. A empresa destacou que o fornecimento dessa informação não é obrigatório para o acesso aos descontos e alegou que suas práticas estão em conformidade com a LGPD. Além disso, a rede anunciou que recorrerá da decisão.

Contudo, o Procon-MG argumentou que o uso de dados para traçar perfis comportamentais configura uma forma de tratamento de informações pessoais, conforme definido no Artigo 5º, inciso X, da LGPD. O órgão também alertou para os possíveis danos aos consumidores, como o uso dessas informações em situações que podem impactar negativamente a concessão de serviços, incluindo seguros e planos de saúde.

Cabe ressaltar que a LGPD permite o tratamento de dados sem consentimento em diversas hipóteses. No entanto, a falta de transparência e os riscos envolvidos, como vazamento de dados ou discriminação, colocam em dúvida a conformidade da prática com a legislação. A lei, inclusive, proíbe expressamente a utilização de dados sensíveis, como informações de saúde, para práticas de seleção de risco em planos de saúde, conforme o Artigo 11, inciso II, § 5º.

Oportunidades rejeitadas e o papel do consumidor

Durante o processo administrativo, foi oferecida à RaiaDrogasil a possibilidade de firmar um acordo por meio de transação administrativa ou compromisso de ajustamento de conduta, mas ambas as propostas foram recusadas. Essa postura levanta questionamentos sobre o compromisso da empresa em rever suas práticas e se alinhar às exigências da legislação.

Para os consumidores, o caso reforça a importância de uma postura crítica e atenta ao fornecer dados pessoais. Questionar a necessidade da coleta de informações e compreender como elas serão utilizadas são passos fundamentais para proteger a privacidade.

Essa decisão do Procon-MG não apenas penaliza uma prática considerada inadequada, mas também coloca em evidência a relevância da proteção de dados como direito do consumidor. Empresas e consumidores precisam trabalhar juntos para garantir um ambiente mais seguro e ético no tratamento de informações pessoais.

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IMPACTO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL EM POLÍTICAS DE COMPLIANCE

A inteligência artificial (IA) vem ganhando espaço em diversos setores, e no campo do compliance, sua influência é evidente. Empresas de todos os portes têm percebido que a adoção de ferramentas tecnológicas pode trazer mais eficiência, transparência e assertividade às suas práticas, especialmente em um momento em que as regulamentações estão mais rígidas e as exigências por integridade corporativa são cada vez maiores.

Automação a Favor da Ética

Um dos maiores benefícios da IA em compliance é a capacidade de automatizar processos que antes demandavam muito tempo e recursos humanos. Ferramentas de IA podem monitorar grandes volumes de dados, identificar padrões suspeitos e até prever comportamentos que podem levar a violações de regras. Isso permite que as equipes de compliance concentrem seus esforços em atividades estratégicas, como a análise de riscos e a implementação de melhorias nos processos internos.

Por exemplo, algoritmos podem ser utilizados para analisar contratos, detectar possíveis conflitos de interesse ou verificar a conformidade de fornecedores com legislações específicas, como as normas anticorrupção. Além disso, essas tecnologias oferecem relatórios detalhados em tempo real, o que facilita a tomada de decisão rápida e informada.

Transparência e Redução de Riscos

Outro impacto significativo da IA é a sua contribuição para aumentar a transparência e reduzir riscos. Sistemas inteligentes conseguem mapear e rastrear todas as operações realizadas por uma organização, o que é essencial para auditorias internas e externas. Esse tipo de rastreamento diminui a possibilidade de erros manuais ou omissões, ajudando as empresas a se manterem alinhadas às exigências legais.

A IA também pode ser utilizada para treinar colaboradores por meio de simulações interativas. Essas ferramentas educam os funcionários sobre como agir em situações de risco, promovendo uma cultura de ética e conformidade de forma mais dinâmica e eficaz.

Desafios e Considerações Éticas

Apesar dos avanços, a utilização de IA no compliance também traz desafios importantes. Questões como privacidade de dados, vieses nos algoritmos e a necessidade de supervisão humana são pontos de atenção. Uma política de compliance bem estruturada deve considerar esses fatores, garantindo que a tecnologia seja usada de maneira ética e respeitosa.

A implementação de IA deve ser acompanhada de uma governança sólida e de uma análise constante sobre os impactos dessas ferramentas. Afinal, a tecnologia deve ser um suporte para decisões humanas, não uma substituição.

A inteligência artificial está transformando a forma como as empresas lidam com compliance. Ela traz agilidade, precisão e inovação, mas também exige um olhar atento para os desafios que surgem com sua aplicação. O sucesso está em encontrar o equilíbrio entre tecnologia e humanidade, garantindo que a ética continue sendo o ponto central das políticas corporativas. Em um mundo cada vez mais digital, adotar a IA com responsabilidade é o caminho para construir organizações mais transparentes, eficientes e alinhadas com os valores da sociedade.

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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NA ERA DA IA: PROMESSAS E DESAFIOS ÉTICOS E LEGAIS

A inteligência emocional aplicada à tecnologia e inteligência artificial (IA) é um campo emergente que está revolucionando as interações entre humanos e máquinas. Essa transformação, contudo, traz uma série de questões éticas, legais e sociais que exigem atenção cuidadosa por parte das empresas e legisladores.

Empresas que desenvolvem e implementam algoritmos capazes de reconhecer emoções enfrentam desafios em um ambiente regulatório muitas vezes fragmentado. Nos Estados Unidos, por exemplo, a ausência de uma legislação federal abrangente torna a conformidade com diferentes leis estaduais uma tarefa complexa. Em paralelo, no Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) estabelece diretrizes rígidas para a manipulação de dados sensíveis, incluindo informações emocionais.

A IA emocional compartilha preocupações comuns com outras tecnologias biométricas, como a privacidade de dados e o potencial para vieses. No entanto, ela também apresenta riscos específicos, como a possibilidade de manipulação emocional. Isso ocorre em cenários como publicidade direcionada, onde as emoções dos consumidores podem ser usadas para influenciar decisões de compra, ou em ambientes corporativos, onde o monitoramento emocional pode ser explorado para avaliar produtividade ou bem-estar, levantando dilemas éticos.

Um mercado em rápida expansão

O mercado de IA emocional está crescendo rapidamente, com uma receita global de US$ 1,8 bilhão em 2022 e previsão de atingir US$ 13,8 bilhões até 2032, segundo análises de mercado. Esse crescimento é impulsionado por iniciativas que buscam aprimorar experiências online e oferecer soluções voltadas à saúde mental e ao bem-estar.

Porém, essa expansão nem sempre é linear. Empresas pioneiras no segmento enfrentam oscilações de mercado, refletindo tanto o entusiasmo pelo potencial da tecnologia quanto as barreiras práticas e regulatórias que limitam sua adoção em larga escala.

Como a IA emocional funciona

A IA emocional utiliza uma vasta gama de dados para interpretar estados emocionais. Isso inclui expressões faciais, tom de voz, linguagem corporal, movimentos oculares, frequência cardíaca e até interações em mídias sociais. No entanto, quando esses dados podem ser vinculados a indivíduos, eles passam a ser considerados dados pessoais e estão sujeitos a regulamentações rigorosas, como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia e a LGPD no Brasil.

Nos Estados Unidos, legislações estaduais, como a Lei de Privacidade de Informações Biométricas (BIPA) em Illinois, estabelecem padrões elevados para a coleta e uso de dados biométricos, exigindo consentimento explícito antes da coleta. Empresas que atuam nesse segmento precisam implementar políticas robustas para mitigar riscos e garantir conformidade regulatória, especialmente quando lidam com dados pessoais sensíveis.

Práticas recomendadas para mitigar riscos

As organizações que utilizam IA emocional devem adotar medidas proativas para minimizar os riscos associados. Isso inclui:

  • Avisos de privacidade claros e abrangentes: As empresas devem garantir que os usuários compreendam como suas informações estão sendo coletadas, armazenadas e usadas.
  • Minimização de dados: Coletar e armazenar apenas o essencial, além de anonimizar as informações sempre que possível.
  • Consentimento explícito: Implementar mecanismos claros de opt-in para obter a permissão dos usuários antes da coleta de dados sensíveis.
  • Revisão constante de políticas de dados: Manter as práticas atualizadas de acordo com mudanças regulatórias e inovações tecnológicas.
  • Prevenção de vieses: Garantir que os algoritmos sejam auditados regularmente para evitar discriminações involuntárias e promover a transparência em relação ao funcionamento dos sistemas.

Equilíbrio entre inovação e responsabilidade

O avanço da IA emocional deve ser acompanhado de uma vigilância constante sobre seus impactos éticos e sociais. A manipulação emocional, o uso inadequado de dados sensíveis e a invasão de privacidade são preocupações reais que exigem abordagens responsáveis.

Para as empresas, o desafio é equilibrar inovação e responsabilidade, promovendo confiança entre os usuários e assegurando que os benefícios da tecnologia não venham às custas de direitos fundamentais. Nesse contexto, estar atento às mudanças legislativas e priorizar práticas éticas será essencial para garantir um desenvolvimento sustentável desse campo emergente.

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CIBERCRIMINOSOS EXPLORAM INFRAESTRUTURAS NA AWS PARA COLETA DE DADOS EM ESCALA GLOBAL

Pesquisas recentes revelaram uma sofisticada operação cibernética destinada à coleta massiva de dados de empresas e organizações que utilizam a infraestrutura de nuvem da AWS. Essa descoberta trouxe à tona detalhes alarmantes sobre as táticas de agentes mal-intencionados que exploram vulnerabilidades em sites e sistemas mal configurados. O episódio destaca os riscos associados a práticas inadequadas de segurança digital, particularmente em plataformas amplamente utilizadas como a AWS.

O grupo responsável pela operação implementou uma ampla varredura na internet para identificar pontos vulneráveis em servidores e sites. Essas falhas permitiram o acesso indevido a credenciais de infraestrutura, códigos-fonte proprietários e bancos de dados, além de possibilitar a exploração de integrações com serviços externos. O resultado foi o comprometimento de dados sensíveis de empresas, expondo informações estratégicas e de clientes.

Um aspecto central do ataque foi a utilização de buckets S3 da AWS, onde os dados das vítimas eram armazenados. No entanto, devido a configurações inadequadas por parte dos próprios administradores dos buckets, os invasores conseguiram acessar e utilizar esses espaços como repositórios compartilhados para as operações do grupo. Essa prática reflete uma combinação de fatores: a sofisticação dos ataques e a negligência na gestão de segurança digital por parte das vítimas.

Além disso, os indícios apontam que a operação foi orquestrada por agentes cibernéticos baseados em um país de língua francesa. A infraestrutura utilizada por esse grupo incluiu ferramentas avançadas para automatizar a exploração de endpoints vulneráveis. Essas ferramentas permitiram a captura de segredos confidenciais, como chaves de acesso a sistemas internos, ampliando o alcance das atividades ilícitas.

O incidente serve como um alerta para empresas e organizações sobre a importância de práticas rigorosas de segurança na configuração de ambientes em nuvem. A negligência em revisar configurações e monitorar atividades suspeitas pode transformar até mesmo os sistemas mais robustos em alvos fáceis para cibercriminosos. Este caso reforça a necessidade de adotar medidas proativas, como auditorias frequentes, políticas de acesso restritivo e treinamento contínuo das equipes responsáveis pela infraestrutura de TI.

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CANAIS DE COMUNICAÇÃO NA LGPD: COMO TORNAR O PROCESSO SIMPLES E EFICIENTE?

Com a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), as empresas brasileiras passaram a lidar com um dos aspectos mais desafiadores da legislação: a criação de canais de comunicação acessíveis e seguros para atender os titulares de dados. Esses canais são essenciais para que as organizações garantam o direito de acesso, retificação, exclusão e demais solicitações previstas na lei. Contudo, como tornar esse processo eficiente e ao mesmo tempo proteger as informações que estão em trânsito?

A necessidade de um canal acessível e seguro

A LGPD exige que as empresas disponibilizem meios de comunicação para que os titulares possam exercer seus direitos. Um canal eficiente não apenas evita penalidades e protege a empresa de litígios, mas também demonstra transparência e comprometimento com a privacidade dos dados.

  • Acessibilidade: O canal precisa ser de fácil acesso, tanto para pessoas com diferentes níveis de alfabetização digital quanto para aquelas com necessidades especiais. Isso inclui disponibilizar informações em linguagem simples e oferecer múltiplas formas de contato, como e-mail, formulários no site, chatbots e até mesmo atendimento presencial.
  • Segurança: É imprescindível garantir a proteção das informações transmitidas pelo canal. Isso inclui a utilização de conexões criptografadas, autenticação de usuários e mecanismos para evitar acessos não autorizados. A segurança do canal reflete diretamente na confiança que os titulares depositam na empresa.

Exemplos de sistemas para implementação

  1. Plataformas de gestão de solicitações (Data Subject Access Request – DSAR): Ferramentas como o OneTrust e TrustArc são exemplos de plataformas específicas para atender às exigências da LGPD. Elas centralizam as solicitações de titulares, automatizam processos e garantem o registro de todas as interações.
  2. Formulários Online Personalizados: Empresas podem usar ferramentas como Google Forms, Typeform ou soluções próprias em seus sites para criar formulários intuitivos. É importante que essas plataformas estejam integradas a sistemas que garantam o armazenamento seguro das informações coletadas.
  3. Chatbots Inteligentes: Soluções como o Twygo ou Zendesk Chat permitem a automação de respostas iniciais, reduzindo o tempo de espera e encaminhando solicitações complexas para atendentes humanos.
  4. E-mail Seguro com Certificação:
    Criar um endereço de e-mail exclusivo para questões de dados pessoais, como privacidade@empresa.com.br, e protegê-lo com ferramentas de certificação digital, como o SSL/TLS, para garantir a confidencialidade da comunicação.
  5. Portais de Privacidade para Autonomia do Titular: Desenvolver um portal dedicado no site da empresa onde o titular possa verificar os dados que possui com a empresa e até mesmo realizar solicitações diretamente, sem intermediários.

Boas práticas para otimizar o canal

  • Treinamento da Equipe: Quem opera o canal precisa estar preparado para orientar o titular, reconhecer solicitações legítimas e lidar com possíveis crises.
  • SLA (Service Level Agreement): Defina prazos claros para resposta e resolução das solicitações, alinhando expectativas com os titulares.
  • Feedback do Usuário: Periodicamente, colete opiniões sobre a eficiência do canal e busque melhorias contínuas.
  • Monitoramento Contínuo: Acompanhe o desempenho do canal, identifique gargalos no atendimento e adote correções rapidamente.

O resultado de um canal bem estruturado

Além de cumprir as obrigações legais, um canal eficiente promove uma imagem de confiança e seriedade. Ele também reduz retrabalho, evita penalidades e fortalece o relacionamento com clientes e parceiros.

Implementar um canal de comunicação acessível e seguro não é apenas uma exigência da LGPD, mas uma oportunidade para criar um diferencial competitivo em um mercado cada vez mais focado na proteção da privacidade e na experiência do usuário.