Publicado em

COMO PROTEGER OS DADOS NA ÁREA DA SAÚDE EM TEMPOS DE DIGITALIZAÇÃO

A digitalização dos serviços de saúde avançou de forma significativa nos últimos anos, sobretudo após a pandemia de Covid-19. Hospitais, clínicas e operadoras de planos passaram a adotar soluções tecnológicas que otimizam o atendimento, melhoram a gestão e ampliam a capacidade de armazenamento e análise de dados. Entretanto, esse avanço também expôs o setor a um volume maior de riscos cibernéticos, tornando indispensável uma abordagem estratégica e integrada de proteção de dados.

Estudos internacionais apontam que o setor de saúde está entre os mais visados por agentes maliciosos. Em 2023, houve um aumento expressivo nas tentativas de invasão digital a instituições da área, superando 60% de crescimento em comparação com o ano anterior. No Brasil, o impacto é igualmente relevante: dados indicam que o custo médio de um incidente de segurança em organizações de saúde ultrapassou os R$10 milhões em 2024, colocando o país entre os mais afetados globalmente.

Esse quadro demonstra que não se trata apenas de investir em ferramentas tecnológicas isoladas. A segurança da informação deve ser compreendida como um componente da qualidade assistencial e da continuidade operacional. Isso exige o envolvimento coordenado de pessoas, processos e políticas internas, que precisam estar alinhadas a práticas reconhecidas e atualizadas.

Capacitar as equipes constantemente, revisar fluxos operacionais e estabelecer políticas claras são medidas que fortalecem a resiliência institucional. Recursos como autenticação multifator, criptografia de dados em trânsito e em repouso, segmentação de redes e utilização de sistemas de detecção e resposta a incidentes são apenas parte de um conjunto mais amplo de estratégias necessárias.

Para apoiar esse processo, documentos técnicos consolidados oferecem orientações valiosas. A publicação norte-americana NIST Special Publication 800-66, Revision 2, por exemplo, fornece diretrizes para implementar controles eficazes voltados à proteção de informações de saúde eletrônicas. Já o NIST Cybersecurity Framework 2.0, lançado em 2024, organiza a abordagem de segurança em cinco funções: Identificar, Proteger, Detectar, Responder e Recuperar — permitindo que organizações desenvolvam políticas estruturadas para gestão de riscos cibernéticos.

A proposta de tornar obrigatórias práticas como autenticação multifator, criptografia de dados e segmentação de redes por órgãos internacionais reforça o movimento por um padrão mais rigoroso de proteção, especialmente em áreas que tratam dados sensíveis.

Nesse contexto, a combinação entre tecnologia, capacitação contínua e governança bem definida constitui um pilar essencial para preservar a confidencialidade, integridade e disponibilidade das informações. Instituições de saúde que adotam essa abordagem integrada estão mais preparadas para enfrentar incidentes, mitigar impactos e manter a confiança dos pacientes e parceiros institucionais. A segurança da informação, portanto, deve ser tratada como parte da estratégia organizacional, e não apenas como uma exigência técnica.

Publicado em

A FALTA DE MATURIDADE EM SEGURANÇA DIGITAL AINDA EXPÕE EMPRESAS A VULNERABILIDADES

A digitalização das rotinas empresariais tem ampliado não apenas as possibilidades de crescimento e inovação, mas também os pontos de vulnerabilidade das organizações brasileiras. Um levantamento realizado com quase 250 empresas de diferentes setores revelou que a maioria dos gestores reconhece o avanço das ameaças virtuais nos últimos anos. No entanto, esse reconhecimento ainda não se converte, de forma significativa, em medidas estruturadas de proteção.

Mais de três quartos dos executivos ouvidos afirmam que suas empresas estão hoje mais expostas a ataques cibernéticos do que no passado. Para dois terços deles, os riscos relacionados à segurança digital já ocupam lugar de destaque nas principais preocupações institucionais. Ainda assim, muitas organizações operam com fragilidades evidentes, especialmente quando se observa a ausência de planos testados de resposta a incidentes, a subutilização de ferramentas como o seguro cibernético e a falta de engajamento efetivo das lideranças com o tema.

Os dados mostram que ataques de phishing e ransomware estão entre as ameaças mais temidas. E com razão: além de causarem prejuízos financeiros, tais ataques comprometem dados estratégicos e minam a confiança de clientes e parceiros. Apesar disso, apenas um quarto das empresas consultadas conta com cobertura securitária específica para riscos digitais, e cerca de 33% sequer dispõe de um plano formal para resposta a incidentes.

Outro ponto que chama atenção é a baixa taxa de notificação dos eventos ocorridos. Quase 60% das empresas que passaram por algum tipo de incidente não informaram autoridades como a ANPD ou o Banco Central. Essa omissão, além de contrariar normas como a Resolução CD/ANPD nº 15/2024, representa um risco jurídico e reputacional significativo. Ainda é comum a falsa crença de que silenciar é proteger. Mas, na prática, a falta de transparência tende a agravar as consequências de um incidente.

Apesar de 83% das empresas declararem promover treinamentos sobre segurança, apenas uma em cada cinco avalia essas ações como realmente eficazes. A qualidade da capacitação, portanto, precisa ser repensada. Estratégias mais dinâmicas e alinhadas ao cotidiano dos colaboradores, como simulações e conteúdos interativos, costumam ter melhor adesão e resultados mais consistentes.

O que diferencia as empresas mais preparadas, segundo a análise dos dados, é o papel da alta gestão. Quando a liderança se envolve diretamente, os investimentos são mais bem direcionados, os riscos são mapeados com maior precisão e a resposta a crises se dá de forma mais coordenada. Por isso, a segurança cibernética precisa deixar de ser vista como um problema técnico e passar a ser entendida como uma responsabilidade estratégica. O primeiro passo é a criação de estruturas de governança claras, com definição de papéis, responsabilidades e metas.

Cinco medidas merecem atenção especial de qualquer empresa que deseje amadurecer suas práticas de proteção digital:

  1. Mapear vulnerabilidades de forma contínua, evitando a falsa sensação de segurança com diagnósticos esporádicos.
  2. Manter planos de resposta atualizados e testados periodicamente, com exercícios simulados que envolvam todos os setores.
  3. Adotar estruturas normativas reconhecidas, como a ISO/IEC 27001 e o NIST CSF 2.0, para orientar as políticas de segurança.
  4. Investir em capacitação segmentada e contínua, com formatos que gerem envolvimento real dos colaboradores.
  5. Considerar o seguro cibernético como elemento complementar, não como substituto da prevenção, mas como parte de uma gestão mais equilibrada de riscos.

A transformação digital precisa caminhar junto com o amadurecimento institucional em matéria de segurança. Essa evolução exige não apenas ferramentas tecnológicas, mas também mudança de cultura. Proteger a informação é proteger o próprio negócio, e isso exige atitude, estratégia e comprometimento.

Publicado em

O DESAFIO DA PROTEÇÃO DIGITAL NO BRASIL: O QUE OS ATAQUES CIBERNÉTICOS DIZEM SOBRE A NOSSA ESTRUTURA DE SEGURANÇA

Na última sexta-feira, 20 de junho de 2025, veio à tona a descoberta de um dos maiores vazamentos de credenciais da história da internet: mais de 16 bilhões de logins e senhas expostos, com 3,5 bilhões deles associados a usuários de língua portuguesa. O episódio, revelado por pesquisadores independentes, não se resume a números impressionantes — ele aponta diretamente para as limitações estruturais da segurança digital no país e levanta preocupações sobre nossa capacidade de resposta diante de ameaças dessa natureza.

O que mais chama atenção é o padrão técnico das informações vazadas: dados dispostos de forma organizada, no tradicional modelo URL-login-senha, que favorece ataques automatizados. Essas credenciais foram obtidas, em grande parte, por meio de métodos já conhecidos — como o uso de malwares e exploração de bases antigas — o que indica não só uma continuidade de práticas criminosas, mas também a sofisticação de ferramentas capazes de operar em múltiplas frentes simultaneamente.

Esse tipo de exposição não é uma novidade para o Brasil. Nosso país já ocupa posição de destaque negativo quando se trata de dados vazados, registrando mais de 7 bilhões de ocorrências. Ao mesmo tempo, os ataques cibernéticos têm se multiplicado rapidamente, com mais de 60 bilhões de tentativas detectadas somente no último ano. A combinação entre alta exposição e falta de barreiras eficazes cria um ambiente propício à ação de grupos mal-intencionados.

Parte relevante dessas ações é atribuída aos chamados infostealers — programas maliciosos voltados à captura silenciosa de dados sensíveis. Muitos deles têm origem em códigos de malware já conhecidos há mais de uma década, que passaram por mutações ao longo dos anos, ganhando novas funcionalidades. No Brasil, esse tipo de ataque responde por uma parcela expressiva dos incidentes registrados, afetando principalmente setores estratégicos como órgãos públicos, instituições financeiras e empresas de tecnologia.

Do ponto de vista jurídico, o país já possui arcabouço normativo relevante, com destaque para a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. No entanto, a aplicação prática ainda enfrenta obstáculos. A limitação de valores para sanções administrativas, a baixa frequência de fiscalizações e o número reduzido de casos judicializados reduzem a efetividade das regras já estabelecidas. Mesmo decisões recentes que reconhecem a responsabilidade objetiva de empresas por vazamentos ainda precisam ser acompanhadas de medidas mais robustas de supervisão.

O impacto econômico dessas falhas de segurança também não pode ser ignorado. Relatórios recentes mostram que criminosos digitais movimentaram bilhões de dólares explorando vulnerabilidades em sistemas ao redor do mundo. No Brasil, a maturidade digital das empresas ainda é limitada: boa parte delas não possui equipes ou políticas específicas voltadas à proteção de dados. Isso amplia os riscos e abre espaço para prejuízos financeiros e institucionais.

Além disso, um estudo com abrangência nacional revelou que menos de um quarto das administrações públicas estaduais contam com profissionais capacitados para responder a incidentes de segurança em larga escala. Essa carência de preparo contribui para a propagação de ataques e dificulta respostas coordenadas que poderiam conter ou mitigar os danos.

Mais do que um evento isolado, o vazamento recentemente divulgado é reflexo de uma estrutura frágil, que exige revisão urgente. O Brasil tem a chance de transformar esse episódio em um ponto de virada — um momento para investir em proteção, ampliar a fiscalização e integrar esforços entre governo, empresas e sociedade. A legislação já avançou. A jurisprudência aponta caminhos promissores. Falta agora compromisso prático com a execução e a fiscalização de medidas que protejam a integridade digital dos brasileiros.

Publicado em

NÚMERO DE INFECÇÕES POR MALWARES BANCÁRIOS NO BRASIL DOBRA EM UM ANO

Entre julho de 2023 e julho de 2024, o Brasil se destacou negativamente no campo da segurança digital, figurando como o país mais afetado por trojans bancários em toda a América Latina. Segundo dados de pesquisa recente, houve um salto de 87% nas infecções no país em apenas um ano. No período, foram mais de 1,6 milhão de ataques bloqueados, o que equivale a mais de 4.600 tentativas por dia.

O país, sozinho, representa metade das infecções registradas na região. Além disso, é responsável por boa parte do desenvolvimento desses códigos maliciosos. Das 18 famílias de trojans mais ativas, 13 tiveram origem identificada no Brasil, o que reforça a atuação local nesse tipo de atividade ilícita.

Entre as ameaças mais recorrentes, destaca-se o Trojan-Banker.Win32.Banbra, presente em 13,71% das tentativas de infecção. Esse malware é voltado ao roubo de dados bancários e costuma ser utilizado para capturar senhas, dados de cartões e redirecionar valores durante operações financeiras feitas pela internet. Seu funcionamento muitas vezes envolve a interceptação de tudo o que é digitado pelo usuário, sem que ele perceba.

A situação também é preocupante em outros países da América Latina. No mesmo intervalo, mais de 3,3 milhões de tentativas de infecção por trojans bancários foram detectadas na região, o que representa um aumento de 28% em relação ao período anterior. A média ultrapassa 9 mil ataques por dia.

No âmbito regional, o trojan Grandoreiro aparece como o mais disseminado, responsável por 16,83% das infecções. Esse tipo de malware foi registrado em pelo menos 150 mil incidentes globais entre janeiro e outubro de 2024. Somente no Brasil, houve 56 mil bloqueios desse trojan. México, Espanha, Argentina e Peru também aparecem entre os mais atingidos.

Mesmo após uma operação policial internacional em março de 2024, que resultou na prisão de cinco envolvidos com o Grandoreiro, novas versões da ameaça já foram identificadas. O grupo por trás da criação do malware atua desde 2016 e costuma disseminar o vírus por meio de mensagens enganosas e estratégias de manipulação psicológica, conhecidas como engenharia social. Uma vez instalado no dispositivo da vítima, o trojan coleta informações confidenciais, especialmente dados financeiros.

O Grandoreiro também tem sido distribuído sob o modelo de serviço, permitindo que outras pessoas adquiram o código para aplicar golpes semelhantes em diferentes países.

Esses dados demonstram que a proteção contra fraudes digitais exige atenção constante, tanto por parte dos usuários quanto das instituições financeiras. Medidas como a verificação de remetentes de e-mails, uso de autenticação em duas etapas e atualização frequente de sistemas seguem sendo indispensáveis para reduzir o risco de infecção por esse tipo de software malicioso.

Publicado em

AVALIAÇÃO DE RISCO CIBERNÉTICO: UM PASSO ESSENCIAL PARA MITIGAR AMEAÇAS DIGITAIS E PROTEGER SUA EMPRESA

A transformação digital tem transformado os modelos de negócios e a forma como as organizações se conectam com o mundo. A cada dia, mais empresas passam a integrar sistemas online e a usar redes digitais, tornando-se vulneráveis a uma série de ameaças cibernéticas. De acordo com dados de segurança, o Brasil, por exemplo, alcançou um volume alarmante de tentativas de fraude no início de 2025, com uma tentativa registrada a cada 2,2 segundos. Esse aumento reflete uma realidade global, em que a dependência tecnológica das empresas cria novas portas de entrada para cibercriminosos.

Neste contexto, é imperativo que as organizações, independentemente de seu porte ou setor, conduzam avaliações de risco cibernético. Este processo envolve a identificação sistemática de vulnerabilidades e ameaças, com o objetivo de fortalecer a segurança dos ambientes de TI e mitigar os riscos associados. Ao avaliar as probabilidades e impactos potenciais de eventos de segurança, a empresa pode implementar controles adicionais que ajudem a reduzir a probabilidade de violações.

Uma avaliação de risco cibernético bem executada oferece uma série de benefícios importantes para as organizações. Entre os principais, destaca-se a maior transparência nos processos de TI, por meio da visibilidade das aplicações e da gestão de privilégios dos usuários. Além disso, ela contribui para a identificação de vulnerabilidades específicas que podem ser exploradas por agentes mal-intencionados, permitindo que medidas preventivas sejam tomadas antes que danos maiores ocorram.

Outro ponto relevante é a redução de custos. Ao mitigar vulnerabilidades de forma antecipada, a organização evita gastos elevados com reparos e possíveis perdas financeiras causadas por ataques cibernéticos. Essa análise ainda proporciona uma melhor alocação de recursos limitados, especialmente no que diz respeito ao trabalho das equipes de TI, permitindo que as ações sejam mais focadas e eficazes.

No entanto, para que os benefícios da avaliação de risco cibernético sejam plenamente aproveitados, é necessário que a empresa tenha clareza em alguns pontos essenciais. O primeiro passo é definir os objetivos da avaliação. Embora a resposta imediata seja “reduzir riscos”, as empresas devem entender suas necessidades específicas, como otimizar o uso de recursos, reduzir a carga de trabalho das equipes ou aprimorar processos específicos de segurança.

É igualmente importante estabelecer o escopo da avaliação, considerando que nem todas as áreas de TI precisam ser analisadas de imediato, especialmente em empresas com grandes sistemas e recursos limitados. Nesse sentido, a definição dos sistemas prioritários a serem investigados torna-se um passo estratégico para garantir que os recursos sejam usados de forma eficiente.

Além disso, a capacidade da equipe interna de realizar essa análise deve ser avaliada. Embora muitos departamentos de TI possuam profissionais qualificados, a profundidade e a especialização necessárias para uma avaliação de risco cibernético efetiva muitas vezes demandam a contratação de especialistas ou fornecedores externos.

Por fim, as organizações precisam compreender que a avaliação de risco cibernético é um processo contínuo. As ameaças digitais evoluem rapidamente, e a falta de uma análise regular pode expor a empresa a riscos elevados. A realização periódica de avaliações, que respeite as especificidades de cada organização, é fundamental para a prevenção de invasões e ataques cibernéticos, além de garantir a proteção das operações e dos dados corporativos.

Portanto, ao adotar uma abordagem sistemática e contínua para avaliar os riscos cibernéticos, as empresas não apenas protegem seus dados e sistemas, mas também garantem um ambiente mais seguro e resiliente contra ameaças que podem comprometer sua integridade e sustentabilidade.

Publicado em

COMO PROTEGER SUA EMPRESA DOS ATAQUES DE RANSOMWARE

A ameaça do ransomware em 2025: tendências, riscos e medidas de prevenção

O Dia Internacional contra o Ransomware, celebrado em 12 de maio, marca um momento importante para refletir sobre os avanços dessa ameaça cibernética e os desafios enfrentados pelas organizações em todo o mundo. A data foi estabelecida para lembrar o ataque do tipo WannaCry, ocorrido em 2017, e tem por objetivo ampliar a conscientização sobre os riscos envolvidos e reforçar a importância da prevenção.

Na América Latina, observa-se um aumento na proporção de usuários afetados por ransomware, alcançando 0,33% entre 2023 e 2024. No Brasil, esse índice foi um pouco mais elevado, chegando a 0,39%. Apesar dos números aparentemente modestos, é característica desse tipo de ataque atingir alvos estratégicos, em vez de atuar em massa. Isso significa que, embora os incidentes sejam numericamente limitados, seu impacto costuma ser elevado, comprometendo a operação de organizações inteiras e exigindo respostas técnicas e jurídicas imediatas.

Setores como indústria, governo, agricultura, energia e comércio estão entre os mais visados, especialmente em países com maior volume de transformação digital e infraestrutura conectada. A ampliação da superfície de exposição digital torna essas estruturas mais vulneráveis a ataques sofisticados, realizados por grupos especializados que utilizam tecnologias cada vez mais avançadas.

Um dos modelos de operação mais comuns atualmente é o Ransomware as a Service (RaaS), no qual desenvolvedores de software malicioso oferecem suas ferramentas a outros criminosos em troca de uma porcentagem dos valores obtidos. Esse modelo facilita o acesso de indivíduos com pouco conhecimento técnico ao uso de ransomwares complexos, contribuindo para a disseminação dessa prática criminosa.

A sofisticação dos ataques também é impulsionada pelo uso de inteligência artificial, que permite a criação automatizada de códigos maliciosos, mais difíceis de detectar pelas ferramentas tradicionais de segurança. Alguns grupos têm adotado estratégias de ataque em volume, exigindo valores menores por resgate, mas multiplicando o número de vítimas, o que amplia significativamente a rentabilidade da operação criminosa.

As ameaças também estão se diversificando nos métodos de invasão. Além das técnicas convencionais, criminosos vêm utilizando dispositivos comuns, como webcams, roteadores mal configurados e até eletrodomésticos conectados à internet, como vetores de entrada em redes corporativas. Equipamentos de escritório desatualizados e sistemas mal segmentados ampliam ainda mais esses riscos. O uso de tecnologias como automação de processos (RPA) e plataformas de desenvolvimento simplificadas (LowCode) também tem sido explorado para facilitar a execução de ataques em larga escala.

Outro ponto que merece atenção é a comercialização de ferramentas baseadas em modelos de linguagem treinados especificamente para atividades ilícitas. Esses modelos permitem criar com facilidade e-mails falsos, mensagens de phishing e até programas de ataque personalizados. A simplicidade dessas ferramentas pode colocar em risco empresas que ainda não contam com medidas robustas de prevenção.

Para enfrentar essas ameaças, recomenda-se uma abordagem estratégica baseada em múltiplas camadas de proteção. Isso inclui manter sistemas e softwares sempre atualizados, segmentar redes internas, utilizar backups offline e revisar rotineiramente o tráfego de rede em busca de conexões suspeitas. Além disso, é fundamental investir em soluções avançadas de detecção e resposta a ameaças, que possibilitem uma investigação aprofundada e ágil diante de qualquer incidente.

A capacitação contínua das equipes internas também deve ser prioridade. Manter profissionais atualizados sobre táticas, técnicas e procedimentos utilizados por agentes maliciosos fortalece a capacidade de resposta das organizações. Do mesmo modo, criar uma cultura de segurança cibernética entre todos os colaboradores é essencial para reduzir falhas humanas e proteger informações sensíveis.

Com a tendência de ataques cada vez mais personalizados e sofisticados, as empresas devem adotar uma postura proativa, combinando tecnologia, processos e educação digital. Proteger-se contra o ransomware é, hoje, uma medida indispensável para a continuidade dos negócios.

Publicado em

ENGENHARIA SOCIAL: PROTEJA SUA EMPRESA CONTRA MANIPULAÇÕES PSICOLÓGICAS

A segurança da informação não depende apenas de sistemas tecnológicos avançados. Muitas vezes, as maiores vulnerabilidades estão nas próprias pessoas, alvos de manipulações sutis e bem planejadas. Esse fenômeno é conhecido como engenharia social — um conjunto de estratégias utilizadas por indivíduos mal-intencionados para induzir colaboradores a fornecer dados confidenciais ou realizar ações que colocam a empresa em risco.

Para mitigar esse tipo de ameaça, é essencial adotar medidas que fortaleçam a postura de segurança no ambiente de trabalho. O primeiro passo é estabelecer protocolos claros para o compartilhamento de informações. Colaboradores precisam saber exatamente quais dados podem ser divulgados, a quem e por quais canais. Esse cuidado evita a exposição de informações sensíveis em contatos informais ou por meios inseguros.

Outro aspecto relevante é a realização de treinamentos periódicos sobre segurança da informação. A conscientização constante prepara os colaboradores para identificar abordagens suspeitas, como ligações telefônicas, e-mails fraudulentos ou até mesmo contatos presenciais que buscam explorar a boa-fé e a falta de atenção.

Além dessas práticas, a empresa deve incentivar uma cultura organizacional baseada na cautela e na verificação. Questionar solicitações incomuns, confirmar identidades e validar a origem de pedidos são comportamentos que precisam ser valorizados e estimulados no dia a dia corporativo.

Ao adotar essas medidas, a organização reduz significativamente os riscos de ser vítima de ataques baseados em engenharia social, protegendo tanto seus ativos quanto a confiança de seus clientes e parceiros. Segurança é resultado de processos bem definidos, treinamento contínuo e uma postura vigilante de todos os envolvidos.

Publicado em

AMEAÇAS CIBERNÉTICAS: ESTRATÉGIAS PARA PREVENIR INVASÕES E FRAUDES

Os riscos no ambiente digital continuam evoluindo, exigindo atenção para evitar prejuízos financeiros, vazamento de informações e interrupção de serviços. Entre as ameaças mais comuns, destacam-se os malwares, phishing, ransomware e ataques de engenharia social, cada um com estratégias próprias para explorar vulnerabilidades.

Os malwares são programas desenvolvidos para infiltrar sistemas e causar danos. Eles podem roubar dados, espionar atividades ou comprometer a integridade de arquivos. A instalação muitas vezes ocorre por meio de downloads não verificados ou anexos suspeitos em e-mails. Atualizações frequentes de softwares e o uso de antivírus confiáveis ajudam a reduzir os riscos.

O phishing tem como objetivo enganar usuários para que revelem informações sensíveis, como senhas e dados bancários. Isso ocorre por meio de e-mails ou mensagens que imitam comunicações legítimas. A melhor defesa é a desconfiança: evitar clicar em links desconhecidos e sempre verificar a autenticidade de remetentes antes de fornecer qualquer dado.

O ransomware bloqueia o acesso a arquivos ou sistemas e exige um pagamento para restaurá-los. Esse tipo de ataque tem afetado empresas e instituições de diversos setores. Manter backups atualizados e armazenados em locais isolados da rede é uma forma eficaz de minimizar os danos caso ocorra uma invasão.

Os ataques de engenharia social exploram a confiança das pessoas para obter informações ou acesso a sistemas. Os criminosos se passam por colegas de trabalho, suporte técnico ou representantes de empresas para convencer suas vítimas a fornecer credenciais ou executar ações prejudiciais. Treinamentos periódicos para funcionários e políticas de segurança claras reduzem a eficácia dessas táticas.

A proteção contra essas ameaças exige medidas técnicas e comportamentais. Senhas fortes, autenticação em dois fatores e políticas de acesso restrito são práticas recomendadas. Além disso, a conscientização sobre golpes digitais e boas práticas no uso da internet contribuem para reduzir os riscos e manter a segurança das informações.

Publicado em

COMO PREVENIR VAZAMENTOS DE DADOS E BLINDAR SUA EMPRESA CONTRA AMEAÇAS DIGITAIS

A proteção de dados se consolidou como uma das principais preocupações das empresas atualmente, impulsionada pelo aumento expressivo de ataques cibernéticos e novas estratégias de espionagem corporativa. Essas ações maliciosas podem comprometer não apenas as finanças de uma organização, mas também a continuidade das operações, a confiança dos parceiros e a credibilidade perante o mercado. Em alguns casos, as informações obtidas ilicitamente são utilizadas para extorsão, em troca da não divulgação de dados sensíveis.

Vale lembrar que o impacto dos golpes digitais não se restringe às corporações. De acordo com o Relatório de Identidade Digital e Fraude 2024, elaborado pela Serasa Experian, aproximadamente 42% dos brasileiros já foram vítimas de fraudes financeiras no ambiente digital. Quando somamos as perdas de indivíduos e empresas, o custo global com crimes cibernéticos pode atingir, segundo a Cybersecurity Ventures, o impressionante valor de US$ 10,5 trilhões até o final de 2025.

Diante desse cenário, torna-se indispensável que as empresas invistam em estratégias preventivas, que envolvam a análise contínua das estruturas digitais, a identificação de possíveis vulnerabilidades e a adoção de práticas que mitiguem os riscos. A seguir, destacamos algumas das principais iniciativas que contribuem para a construção de um ambiente digital mais protegido.

  1. Treinamento e Conscientização dos Colaboradores
    O comportamento humano é, muitas vezes, o elo mais frágil da segurança da informação. Um estudo da empresa de segurança digital ESET revelou que apenas 27% dos colaboradores na América Latina recebem algum tipo de capacitação para reconhecer e agir diante de ameaças cibernéticas. Essa lacuna educacional favorece a aplicação de golpes, como o phishing, que depende da manipulação psicológica para obter informações sensíveis.

Nesse contexto, o setor de Recursos Humanos pode exercer um papel fundamental ao implementar programas de formação periódicos, que orientem os colaboradores sobre os principais riscos e as melhores práticas no uso de sistemas e ferramentas. Além disso, a simulação de ataques internos ajuda a avaliar a efetividade desses treinamentos e reforçar a necessidade de atenção contínua.

  1. Backups Desconectados e Segurança na Nuvem
    Manter cópias atualizadas das informações é uma medida simples, mas frequentemente negligenciada. O armazenamento offline, também conhecido como backup off-grid, consiste em manter os dados desconectados da internet, dificultando sua manipulação por malwares, especialmente no caso de ataques de ransomware.

Quando essa prática não for viável, a recomendação é investir em soluções de armazenamento em nuvem que contemplem criptografia avançada, autenticação multifatorial e políticas rigorosas de acesso. Assim, mesmo que o sistema principal sofra uma invasão, os dados mais importantes permanecem protegidos.

  1. Testes de Invasão e Avaliação de Vulnerabilidades
    Entender as fragilidades da infraestrutura de segurança é um passo essencial para proteger os ativos digitais. Por isso, os testes de intrusão controlada (ou pentests) têm se tornado cada vez mais comuns. Essa prática utiliza softwares desenvolvidos especificamente para simular ataques, com o objetivo de identificar pontos vulneráveis que poderiam ser explorados por invasores.

Com base nos resultados obtidos, a equipe de segurança consegue reavaliar as configurações, atualizar sistemas e adotar soluções mais robustas. Esse processo deve ser realizado regularmente, uma vez que as técnicas de ataque evoluem rapidamente.

  1. Gerenciamento de Riscos Internos
    Embora seja natural associar ataques cibernéticos a agentes externos, o perigo pode surgir dentro da própria empresa. Colaboradores insatisfeitos, ou que buscam algum tipo de vantagem indevida, podem agir de maneira maliciosa, comprometendo o sistema, desviando dados confidenciais ou facilitando o acesso a terceiros.

Para mitigar esse risco, é importante manter uma política de acompanhamento contínuo da satisfação interna, além de estabelecer procedimentos claros de acesso e manipulação de informações. A implementação de sistemas de monitoramento, sem que isso represente invasão de privacidade, também pode evitar ações que prejudiquem o negócio.

  1. Autenticação Forte e Senhas Seguras
    O uso inadequado de senhas ainda é uma vulnerabilidade significativa. Dados como aniversários, nomes de familiares e sequências numéricas simples são facilmente descobertos por programas desenvolvidos para essa finalidade. A recomendação é adotar senhas que combinem caracteres especiais, letras maiúsculas e minúsculas, além de números, de forma não lógica.

A autenticação multifatorial (MFA) e a biometria representam camadas adicionais de proteção, pois exigem mais de um elemento para liberar o acesso. Empresas que adotam essas práticas diminuem consideravelmente as chances de comprometimento dos seus sistemas.

Tecnologia e Educação: A Dupla Essencial
Manter os dispositivos atualizados, investir em soluções de proteção modernas e, sobretudo, investir na formação das equipes são as principais linhas de defesa contra ataques digitais. E

Publicado em

USO DE REDES WI-FI PÚBLICAS E COMO ISSO PODE EXPOR DADOS DA EMPRESA

Em um mundo onde a conectividade define a produtividade, a facilidade de acesso à internet em redes públicas pode parecer uma solução conveniente para quem precisa trabalhar remotamente. No entanto, essa comodidade esconde riscos que muitas vezes passam despercebidos.

O uso de redes Wi-Fi abertas, como as disponíveis em cafeterias, aeroportos e hotéis, pode expor informações sensíveis da empresa a interceptações. Isso acontece porque, na maioria dos casos, essas redes não possuem protocolos de segurança adequados, tornando os dados trafegados mais vulneráveis a ataques. Informações como credenciais de acesso, documentos confidenciais e até mesmo comunicações internas podem ser capturadas por terceiros sem que o usuário perceba.

Os chamados ataques “man-in-the-middle” são um exemplo comum desse risco. Neles, um invasor se posiciona entre o dispositivo do usuário e a rede, monitorando ou até manipulando os dados transmitidos. Em alguns casos, criminosos criam redes falsas com nomes semelhantes aos de estabelecimentos conhecidos, induzindo as pessoas a se conectarem sem suspeitar da fraude.

Para mitigar esses riscos, algumas medidas devem ser adotadas. O uso de redes privadas virtuais (VPNs) é uma alternativa eficiente, pois cria um túnel seguro para a transmissão de dados. Além disso, ativar a autenticação em dois fatores para acessos a sistemas corporativos reduz as chances de comprometimento de credenciais. Também é recomendável que conexões Wi-Fi públicas sejam evitadas ao lidar com informações sensíveis, priorizando redes móveis, que oferecem um nível maior de segurança.

A conscientização dos colaboradores sobre esses riscos é essencial para proteger os dados da empresa. Pequenas mudanças nos hábitos digitais podem fazer uma grande diferença na preservação da segurança da informação, reduzindo as vulnerabilidades associadas ao uso de redes desconhecidas.

Publicado em

EXEMPLOS DE PHISHING COMUNS EM EMPRESAS

Você recebe um e-mail do setor de TI informando que sua senha expirou e precisa ser alterada em até 24 horas. O link parece legítimo, a urgência é convincente e, sem pensar muito, você clica. Pronto: acaba de entregar suas credenciais a um golpista. Essa situação acontece diariamente em empresas de todos os tamanhos e setores. O phishing, uma das fraudes mais comuns no mundo digital, não precisa de muito esforço para funcionar—basta um clique no lugar errado.

A seguir, veja alguns dos golpes mais frequentes e como evitá-los.

1. O E-mail do “Suporte Técnico”

Esse golpe geralmente envolve uma mensagem que parece vir da equipe de TI da empresa. O e-mail informa que há um problema com sua conta, que sua senha expirou ou que você precisa confirmar suas credenciais. O tom é sempre urgente, criando pressão para agir rapidamente.
Como evitar: Antes de clicar, verifique se o remetente é confiável e, em caso de dúvida, entre em contato diretamente com o suporte da empresa.

2. O “Boleto Falso” do Financeiro

Empresas recebem e pagam dezenas de boletos por mês. Golpistas sabem disso e enviam cobranças falsas se passando por fornecedores conhecidos. Muitas vezes, os valores não são tão altos, justamente para não levantar suspeitas.
Como evitar: Antes de pagar qualquer boleto, confira os dados bancários e valide com o fornecedor ou com o setor financeiro.

3. O Falso Convite Para Reunião

Um e-mail informando que você foi adicionado a uma reunião importante do Zoom, Microsoft Teams ou Google Meet pode ser uma isca perfeita. Ao clicar no link, você pode ser direcionado para um site falso que solicita login e senha.
Como evitar: Em vez de clicar no link, entre na plataforma de reuniões manualmente e veja se há mesmo um evento agendado.

4. A Falsa Atualização de Software

Essa tentativa de phishing pode vir por e-mail ou até mesmo como um pop-up no navegador. O alerta diz que você precisa atualizar um software essencial, como antivírus ou ferramentas internas da empresa. O clique instala um malware que pode roubar dados ou até mesmo permitir o acesso remoto ao seu computador.
Como evitar: Baixe atualizações apenas dos sites oficiais e consulte o time de TI antes de instalar qualquer coisa.

5. O SMS ou WhatsApp da “Alta Direção”

Imagine que seu chefe ou diretor financeiro te manda um WhatsApp pedindo um pagamento urgente ou transferência de fundos para um fornecedor novo. A pressão do cargo alto faz com que muitos colaboradores nem questionem a solicitação.
Como evitar: Antes de agir, confirme com a pessoa por outro meio, como uma ligação ou um e-mail enviado para o endereço corporativo.

Os golpes de phishing se aproveitam da pressa e da confiança dos funcionários para roubar dados e dinheiro. A melhor defesa não está na tecnologia, mas na atenção e na desconfiança saudável ao lidar com e-mails, mensagens e links suspeitos. Antes de clicar, pare e pergunte a si mesmo: isso faz sentido? Muitas vezes, só essa pausa já é suficiente para evitar um grande problema.

Publicado em

DECISÃO DO STJ REFORÇA DEVER DE SEGURANÇA DAS EMPRESAS NA ERA DA LGPD

A decisão unânime de uma das turmas do Superior Tribunal de Justiça reforçou a responsabilidade de empresas pelo vazamento de dados pessoais, mesmo em situações decorrentes de ataques cibernéticos. A controvérsia analisada envolvia o vazamento de informações pessoais não sensíveis de clientes, resultante de uma invasão ao sistema de uma concessionária de serviços públicos.

O julgamento abordou questões fundamentais da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em especial sobre o dever das empresas em proteger informações de seus clientes. Os ministros debateram se o vazamento decorrente de um ato ilícito de terceiros poderia excluir a responsabilidade do agente de tratamento ou se ainda assim este deveria responder por falhas em medidas preventivas.

Segurança como obrigação legal

A análise do caso destacou a relevância de um novo marco jurídico, que ampliou a proteção dos direitos da personalidade no Brasil. No entendimento da Corte, as empresas que tratam dados pessoais têm a obrigação de adotar medidas rigorosas para garantir a segurança das informações sob sua guarda.

Além disso, a decisão sublinhou que os sistemas de tratamento de dados devem atender a padrões de segurança, governança e conformidade alinhados aos princípios e requisitos previstos pela LGPD. Nesse contexto, o cumprimento dessas normas não é apenas uma questão de prevenção, mas também de demonstração de compromisso com os direitos dos titulares de dados.

Irregularidades no tratamento de dados

O caso analisado revelou que o nível de proteção oferecido pela empresa em questão não alcançou os padrões que poderiam ser legitimamente esperados, considerando as circunstâncias. A ausência de medidas eficazes foi determinante para caracterizar o tratamento de dados como irregular, mesmo diante da alegação de que a invasão havia sido promovida por terceiros.

Com isso, o tribunal confirmou que o mero fato de a violação ter origem em atividade ilícita externa não isenta o agente de tratamento de dados de sua responsabilidade, nos termos da legislação vigente.

A decisão reafirma a necessidade de investimento contínuo em programas de segurança e proteção de dados, evidenciando que o compliance em privacidade é elemento essencial para a atuação empresarial no cenário atual.