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GOLPES POR VOZ CLONADA: COMO IDENTIFICAR E SE PROTEGER

As chamadaAs chamadas telefônicas em que o usuário atende e não ouve nada do outro lado já não podem ser vistas apenas como um incômodo trivial. Para especialistas em segurança digital, esse comportamento pode ser a fase inicial de uma fraude sofisticada: a clonagem de voz com apoio de inteligência artificial.

O mecanismo funciona da seguinte forma: basta que a vítima pronuncie um simples “alô” para que softwares especializados captem características sonoras suficientes para reproduzir, com alto grau de fidelidade, a voz dessa pessoa. De posse desse material, criminosos conseguem simular conversas inteiras, apresentando-se como familiares, colegas de trabalho ou mesmo superiores hierárquicos, sempre em busca de vantagem ilícita.

Fraudes desse tipo já resultaram em transferências bancárias realizadas por parentes enganados, em pedidos falsos de ajuda emergencial e até em tentativas de acesso a ambientes corporativos que utilizam autenticação por voz. A combinação entre facilidade de acesso às ferramentas de IA e sua precisão crescente tem ampliado os riscos para cidadãos e empresas.

Boas práticas de prevenção
Para mitigar esse tipo de golpe, algumas medidas simples são recomendadas:

  • Desligar imediatamente chamadas silenciosas ou suspeitas.
  • Evitar repassar informações pessoais, bancárias ou corporativas por telefone.
  • Confirmar pedidos de auxílio por meios alternativos, como videochamadas ou contato direto.
  • Compartilhar essas orientações com familiares, colegas e colaboradores, fortalecendo a consciência coletiva sobre o risco.

A clonagem de voz não é uma ameaça distante; ela já faz parte da realidade digital contemporânea. A informação continua sendo o principal recurso de defesa: quanto maior o nível de conscientização, menores as chances de que indivíduos e organizações sejam manipulados por falsos áudios.

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BRASIL CONCENTRA 84% DOS CIBERATAQUES DA AMÉRICA LATINA EM 2025

Nos primeiros seis meses de 2025, o Brasil registrou 315 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos, o equivalente a 84% de todas as ocorrências na América Latina. Esse volume já se aproxima do total registrado em todo o ano anterior, o que revela uma escalada significativa da atividade criminosa no ambiente digital brasileiro.

Entre os países da região, apenas México, Colômbia e Chile aparecem na sequência, mas com índices muito inferiores.

O perfil dos ataques

A análise das cadeias de ataque demonstra que a maior parte das ofensivas ocorre nas fases finais da operação criminosa, com 309 bilhões de tentativas de negação de serviço (DDoS) e 28 mil incidentes de ransomware já identificados. Além disso, destacam-se:

  • 41,9 milhões de atividades de distribuição de malware;
  • 52 milhões de ações ligadas a botnets;
  • 1 bilhão de ataques de força bruta;
  • 2,4 bilhões de tentativas de exploração de vulnerabilidades.

Esse quadro mostra ataques cada vez mais rápidos, direcionados e voltados à interrupção de serviços ou à extorsão.

Por que o Brasil é tão visado?

Dois fatores ajudam a explicar essa concentração:

  1. Alta rentabilidade — grandes corporações e setores estratégicos movimentam dados e valores expressivos.
  2. Baixa maturidade digital — mesmo com investimentos crescentes, o nível de preparação das organizações ainda está aquém da sofisticação dos ataques.

Essa combinação faz do país um alvo especialmente atrativo para criminosos.

Inteligência artificial como defesa

Uma das principais apostas do setor de cibersegurança é a integração de ferramentas baseadas em inteligência artificial (IA), que permitem reduzir o tempo de resposta a incidentes de meses para menos de uma hora. O desafio atual não é apenas detectar ataques, mas contê-los e neutralizá-los antes de causarem impacto nos sistemas.

Novas soluções apresentadas incluem:

  • Recursos de criptografia preparados para a era quântica, já incorporados a sistemas de segurança;
  • Plataformas para gestão de identidade, armazenamento seguro e comunicação protegida.

O horizonte da computação quântica

Há um movimento de grupos criminosos para armazenar dados roubados hoje, com a expectativa de decifrá-los quando a computação quântica se tornar prática. Isso exige que camadas de criptografia sejam repensadas desde já, de modo a proteger informações mesmo diante das tecnologias do futuro.

Formação de profissionais

A segurança digital não depende apenas de tecnologia, mas também de capacitação humana. Programas de treinamento gratuitos têm como meta formar até um milhão de profissionais no Brasil até 2028, com cursos e certificações em língua portuguesa para diferentes perfis.

O dado mais relevante é que o Brasil vive um período de alta exposição digital. A combinação entre economia atrativa, baixa maturidade em segurança e transformação tecnológica acelerada exige respostas rápidas, coordenadas e sustentáveis para reduzir riscos.

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BANCOS, TECNOLOGIA E SEGURANÇA: COMO A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ESTÁ REDEFININDO A PREVENÇÃO A GOLPES

O aumento das transações digitais trouxe consigo um desafio constante: a sofisticação das tentativas de fraude. De acordo com levantamento internacional sobre tendências de fraude multicanal, quase um terço dos consumidores ao redor do mundo perdeu dinheiro em golpes digitais no último ano. No Brasil, a pesquisa revelou que 40% dos entrevistados foram alvo de tentativas de fraude por e-mail, internet, telefone ou mensagens de texto em 2024, sendo que 10% efetivamente caíram nos golpes. A perda média relatada ultrapassou R$ 6 mil por vítima.

Os criminosos têm utilizado redes bem estruturadas, técnicas de engenharia social e até ferramentas automatizadas para contornar mecanismos tradicionais de segurança. Diante disso, especialistas apontam a Inteligência Artificial (IA) e o Aprendizado de Máquina (ML) como recursos estratégicos capazes de transformar a forma como instituições financeiras identificam e previnem fraudes em tempo real.

A principal vantagem dessas tecnologias está na adaptação contínua. Modelos baseados em IA não ficam restritos a parâmetros fixos; eles aprendem e se ajustam diariamente, antecipando-se a padrões de fraude que antes passavam despercebidos. Com isso, os bancos conseguem reagir de maneira mais ágil e, sobretudo, preventiva, fortalecendo a confiança de seus clientes e preservando a integridade de suas operações.

Contudo, não basta que apenas as instituições invistam em soluções tecnológicas. O usuário também precisa adotar práticas seguras para evitar golpes bancários. Entre as principais recomendações estão:

  • Evitar clicar em links suspeitos.
  • Desconfiar de mensagens alarmistas que criam senso de urgência.
  • Ativar alertas de transações em tempo real no banco.
  • Conferir cuidadosamente a origem de e-mails e mensagens antes de acessar links.
  • Confirmar dados do destinatário antes de transferências.
  • Utilizar autenticação em duas etapas.
  • Nunca compartilhar senhas ou informações sigilosas por telefone.

Estudos recentes indicam que as perdas globais relacionadas a fraudes podem ultrapassar US$ 6,8 bilhões até 2027. Além disso, regulamentos nacionais e internacionais impõem às instituições financeiras o fortalecimento contínuo de seus mecanismos de proteção.

A utilização de IA nesse contexto não se limita a detectar irregularidades. Ela permite examinar milhares de pontos de dados em tempo real, identificando padrões complexos de fraude antes que causem prejuízos significativos. O resultado é um sistema mais eficiente, menos invasivo e com maior capacidade de integração ao dia a dia das operações bancárias, oferecendo segurança sem comprometer a experiência do cliente.

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A TRANSFORMAÇÃO DAS FRAUDES E O IMPACTO DAS NOVAS LEIS SOBRE O SETOR EMPRESARIAL

Nos últimos anos, as fraudes migraram gradualmente do meio físico para o ambiente digital, exigindo que empresas, órgãos públicos e cidadãos adotem novas estratégias de proteção.

Dados recentes indicam que, entre 2022 e 2023, os golpes cometidos pela internet aumentaram mais de 13%, enquanto crimes como roubos a bancos e instituições financeiras tiveram queda expressiva, próxima de 30%. Ao mesmo tempo, o país registrou, apenas em 2022, mais de 103 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos. Para 2024, estima-se que as perdas decorrentes de violações de dados ultrapassem R$ 2 trilhões, refletindo o nível de organização e sofisticação desses delitos.

Nesse contexto, iniciativas legislativas vêm sendo estruturadas para modernizar a resposta penal. Entre as propostas em análise, destacam-se alterações no Código Penal para incluir a extorsão digital, com aumento de pena quando houver paralisação de serviços essenciais; a tipificação do sequestro de dados, com agravamento da pena quando houver invasão de dispositivos para captura de informações pessoais; e a majoração de sanções quando o delito for cometido contra autoridades, utilizando recursos de inteligência artificial ou partindo de servidores estrangeiros.

Essas mudanças ampliam a possibilidade de responsabilização criminal das pessoas jurídicas, que poderão ser investigadas e processadas quando, direta ou indiretamente, contribuírem para a prática das infrações. As penalidades previstas incluem desde multas proporcionais ao faturamento até restrições contratuais com o poder público e perda de benefícios fiscais.

O impacto prático é evidente: falhas na preservação de registros digitais ou vulnerabilidades em sistemas corporativos podem enquadrar a empresa em condutas tipificadas como crime, especialmente se houver omissão diante de ataques como o ransomware. Nesses casos, a ausência de reação imediata e eficaz pode levar à imputação de coautoria ou participação.

Diante desse quadro, torna-se indispensável que organizações adotem medidas técnicas e jurídicas integradas, incluindo planos de resposta a incidentes, gestão de riscos e programas de compliance digital. Mais do que proteger a reputação, trata-se de assegurar a continuidade das operações e evitar repercussões penais e econômicas severas.

O alinhamento entre o setor produtivo, especialistas em segurança da informação e assessoria jurídica é hoje um elemento estratégico para que as empresas consigam atender às novas exigências legais e demonstrar, de forma documentada, que atuam de maneira diligente para prevenir, detectar e reagir a ameaças virtuais.

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O PAPEL ESTRATÉGICO DA IA NA TRANSFORMAÇÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

O varejo brasileiro atravessa uma fase de transformação profunda. As tecnologias digitais, antes vistas como um diferencial competitivo, tornaram-se indispensáveis para manter a relevância e promover o desenvolvimento dos negócios. Entre essas inovações, a inteligência artificial (IA) desponta como uma aliada estratégica para ampliar a eficiência e a capacidade de inovação, especialmente no universo das micro e pequenas empresas.

Historicamente, o comércio demonstrou habilidade para se reinventar. A migração das ruas para os centros de compras, a consolidação do comércio eletrônico e a integração das operações físicas e digitais (omnichannel) são marcos dessa adaptação constante. Agora, o desafio é incorporar a IA ao cotidiano das empresas, não como promessa distante, mas como ferramenta prática para otimização e tomada de decisões mais assertivas.

Pesquisas recentes indicam que a maior parte dos empreendedores já conhece ou teve contato com soluções de IA, mas poucos a utilizam de forma efetiva em seus processos. O principal obstáculo identificado é a falta de conhecimento técnico para explorar o potencial dessa tecnologia. Esse dado reforça a necessidade de iniciativas voltadas não apenas à oferta de ferramentas, mas também à formação de competências.

Nesse contexto, surgem plataformas voltadas ao comércio e serviços que combinam atendimento especializado e recursos de automação. A proposta vai além da execução de tarefas repetitivas: envolve o aprimoramento da gestão, a análise preditiva do comportamento do consumidor, a identificação de novas oportunidades de mercado e o apoio ao desenvolvimento de produtos e serviços personalizados.

Outro diferencial relevante é a inclusão de módulos educacionais que capacitam o empresário a entender, aplicar e expandir o uso da IA. Cursos, treinamentos e conteúdos atualizados contribuem para que as empresas utilizem a tecnologia de forma estratégica, alinhada às demandas e particularidades do mercado brasileiro.

O debate legislativo sobre o uso ético e responsável da IA também merece atenção. É fundamental que a regulamentação ofereça segurança jurídica e diretrizes claras, sem impor entraves que impeçam a inovação e a adoção de soluções que beneficiem o setor produtivo.

O varejo que incorporar a inteligência artificial de maneira consistente não apenas aumentará sua eficiência, mas também assumirá papel de liderança na modernização do setor, fortalecendo sua competitividade e sua capacidade de enfrentar os desafios que se aproximam.

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COMO IDENTIFICAR E EVITAR GOLPES DE MEDICAMENTOS VENDIDOS PELA INTERNET

A alta nos preços e a dificuldade de acesso a medicamentos com prescrição têm levado muitos consumidores a recorrer à internet em busca de alternativas rápidas, discretas e financeiramente atrativas. Essa busca, porém, tem se tornado um terreno fértil para grupos criminosos altamente organizados, que exploram a vulnerabilidade de quem precisa de tratamentos urgentes.

Investigações recentes revelaram uma operação internacional que envolve mais de cinco mil páginas falsas, todas projetadas para se passar por farmácias legítimas. O golpe, apelidado de PharmaFraud, combina engenharia social, falsificação de identidade corporativa e o uso intensivo de inteligência artificial para convencer usuários a fornecer dados pessoais, efetuar pagamentos e, em alguns casos, receber produtos falsificados ou sem qualquer registro sanitário.

Esses criminosos exploram especialmente medicamentos de alta procura, oferecendo-os com preços reduzidos, sem exigir receita e prometendo entrega sigilosa. Entre os produtos anunciados estão tratamentos para disfunção erétil, medicamentos para perda de peso e diabetes, antibióticos, hormônios e até substâncias ligadas a falsas promessas de cura para a COVID-19. Muitos deles são versões genéricas não regulamentadas, produzidas sem controle de qualidade e potencialmente perigosas.

Para conquistar a confiança da vítima, esses sites utilizam recursos visuais profissionais, sistemas de atendimento virtual e avaliações fictícias cuidadosamente elaboradas. O objetivo é criar uma falsa sensação de credibilidade, levando o consumidor a acreditar que está comprando de uma fonte segura.

As estratégias de ataque incluem:

  • Inserção de códigos maliciosos em sites médicos legítimos para redirecionar o usuário.
  • Manipulação de resultados de busca para colocar páginas falsas nas primeiras posições.
  • Publicação de artigos e blogs sobre saúde, produzidos com auxílio de IA, que direcionam para as falsas farmácias.
  • Criação de portais de “avaliações” repletos de depoimentos falsos.

Além do risco de receber medicamentos falsificados ou inadequados, o consumidor pode sofrer prejuízos financeiros e ter sua identidade roubada, já que muitos desses sites solicitam dados médicos, pessoais e bancários por meio de formulários inseguros. Há também solicitações de pagamento em criptomoedas ou outros meios que dificultam qualquer tentativa de estorno.

Estudos apontam que a imensa maioria das farmácias virtuais atua fora das normas legais. Somente nos primeiros seis meses de 2025, ferramentas de proteção digital impediram que quase um milhão de usuários caíssem nesses golpes.

Como se proteger

  • Sempre buscar orientação médica antes de adquirir medicamentos.
  • Comprar apenas de farmácias licenciadas e registradas nos órgãos competentes.
  • Desconfiar de preços muito abaixo do mercado ou da dispensa de receita médica.
  • Evitar fornecer dados pessoais ou financeiros a sites que não apresentem informações claras de contato e registro.
  • Utilizar soluções de segurança digital capazes de identificar páginas falsas e bloquear transações suspeitas.

O comércio ilegal de medicamentos na internet representa uma ameaça real, tanto à saúde quanto à segurança patrimonial dos consumidores. A prevenção começa pela informação e pela adoção de práticas seguras ao buscar qualquer tratamento online.

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APLICAÇÕES ESTRATÉGICAS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL EM EMPRESAS E SERVIÇOS PÚBLICOS

Inteligência artificial amplia aplicações no setor privado e avança para serviços públicos
A inteligência artificial (IA) vem sendo incorporada de forma estruturada por empresas de tecnologia, com objetivos que vão desde a automação de processos internos até a otimização da experiência do cliente. No mercado brasileiro, diferentes segmentos — como telecomunicações, soluções ópticas, infraestrutura de redes e consultoria tecnológica — já aplicam a tecnologia para antecipar problemas, reduzir custos operacionais e aumentar a produtividade.

Uso estratégico em telecomunicações
No setor de telecomunicações, a IA tem sido utilizada para agilizar fluxos internos e melhorar a gestão do atendimento ao cliente. Entre as aplicações destacam-se a detecção precoce de falhas, permitindo a solução antes mesmo de o usuário perceber, e o apoio a equipes técnicas em campo, com orientações automatizadas para manutenção de serviços de banda larga e infraestrutura. A antecipação de problemas técnicos evita múltiplos contatos com o SAC, reduz o tempo de resposta e melhora a satisfação dos usuários.

Manutenção preditiva em redes ópticas
Empresas fornecedoras de soluções ópticas investem em sistemas baseados em IA para monitorar redes de comunicação e atuar preventivamente na manutenção. Ferramentas como modelos de linguagem de grande porte (LLMs) agilizam consultas técnicas, enquanto modelos de ação (LAMs) possibilitam que o sistema sugira ou execute intervenções para evitar interrupções. A aplicação de agentes autônomos, capazes de tomar decisões com mínima interferência humana, aumenta a eficiência operacional e preserva a qualidade dos serviços prestados.

Automação avançada em infraestrutura de redes
No campo das telecomunicações corporativas, a IA está integrada a plataformas de suporte operacional e de negócios, otimizando processos, ampliando a automação de redes e oferecendo análises preditivas e prescritivas. As soluções já apontam para a preparação de redes para a transição do 5G para o 6G, mantendo a escalabilidade e a adaptação contínua dos sistemas.

Inteligência artificial aplicada a políticas públicas
Modelos de linguagem desenvolvidos no Brasil, com dados técnicos e culturais nacionais, têm potencial para apoiar a gestão pública. Entre as possíveis aplicações estão a análise de processos administrativos de órgãos previdenciários, o gerenciamento de programas sociais e a automação de cálculos complexos, como os necessários para pagamento de precatórios. Com capacidade de processar grandes volumes de dados em períodos muito inferiores aos necessários para análise humana, essa abordagem pode contribuir para a eficiência e a transparência na administração de recursos públicos.

Modernização tecnológica com IA
No campo da consultoria tecnológica, surgem plataformas multipropósito capazes de acelerar a modernização de sistemas legados. Essas ferramentas realizam análises semânticas, extraem regras de negócio, reorganizam códigos e preservam a lógica operacional original. Em casos práticos, processos que antes demandavam meses para serem executados foram reduzidos para poucas semanas, com ganhos significativos de produtividade e manutenção da integridade funcional das aplicações.

A expansão da inteligência artificial para diferentes áreas demonstra seu papel cada vez mais integrado às operações empresariais e seu potencial de uso em iniciativas de interesse público. O alinhamento entre inovação tecnológica e aplicação prática será determinante para que essas soluções contribuam de forma efetiva para a eficiência operacional e para a melhoria de serviços à população.

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EMPRESAS BRASILEIRAS FORTALECEM ESTRATÉGIAS DE CIBERSEGURANÇA COM FOCO EM IA, ZERO TRUST E CONFORMIDADE COM A LGPD

As organizações brasileiras estão redesenhando suas estruturas de cibersegurança diante da sofisticação dos ataques e da evolução constante das tecnologias de proteção. Um novo relatório técnico publicado por uma consultoria internacional especializada em tecnologia com foco em inteligência artificial revela que o investimento em segurança da informação no Brasil tem se intensificado, especialmente diante do impacto financeiro e reputacional causado por incidentes cibernéticos.

Entre os principais fatores que motivam esse movimento estão o tempo de inatividade gerado por violações, o abalo à imagem corporativa, os riscos de responsabilização judicial e o cumprimento das exigências legais impostas pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A resposta a incidentes tem se tornado cada vez mais complexa, exigindo habilidades específicas que, muitas vezes, não estão disponíveis internamente nas empresas – o que leva à terceirização de serviços especializados.

O uso da inteligência artificial e do aprendizado de máquina tem ganhado destaque como elemento estratégico na análise de grandes volumes de dados de segurança, como logs, alertas e fontes de inteligência sobre ameaças. Essas tecnologias vêm permitindo a detecção mais rápida de malwares, a automação de respostas e a integração entre diferentes ferramentas de defesa, além de reduzirem a quantidade de falsos positivos – o que otimiza o trabalho das equipes técnicas.

Outro ponto relevante abordado no estudo é a adoção progressiva da arquitetura Zero Trust, baseada na ideia de que nenhuma identidade deve ser presumida como confiável. Mesmo os usuários internos passam por verificações constantes de autenticação e autorização. Para implementar esse modelo, é necessário modernizar a infraestrutura, sobretudo no que se refere ao gerenciamento de identidade e acesso (IAM), o que tem levado diversas companhias a buscar fornecedores especializados para viabilizar essa transição.

A atuação conjunta entre setor privado, academia e governo tem sido estimulada por meio de estratégias nacionais, como a E-Ciber, instituída para fomentar o compartilhamento de informações e a cooperação na resposta a ameaças. Essa mobilização institucional visa fortalecer a resiliência digital em setores estratégicos e na infraestrutura crítica do país.

Apesar dos avanços tecnológicos, o déficit de profissionais qualificados representa um obstáculo significativo. Estima-se que o Brasil careça de aproximadamente 750 mil especialistas em segurança da informação. Para contornar esse desafio, as organizações têm optado por parcerias com empresas fornecedoras de serviços gerenciados, sobretudo nas áreas de segurança em nuvem e resposta a incidentes.

O relatório também destaca a adoção de soluções de segurança de borda (SSE) e o desenvolvimento do mercado de detecção e resposta estendidas (XDR), indicando que a maturidade da segurança cibernética no Brasil passa por um processo de transformação estrutural. Nesse contexto, a modernização das políticas de proteção de dados e a integração entre novas tecnologias e práticas de governança digital serão decisivas para sustentar o crescimento empresarial em ambiente digital seguro.

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GOVERNANÇA DE IA: O QUE FALTA PARA AS EMPRESAS USAREM ESSA TECNOLOGIA COM SEGURANÇA?

A maturidade da governança de Inteligência Artificial (IA) ainda é incipiente no mundo corporativo. Segundo o estudo “State of AI Application Strategy 2025”, apenas 2% das empresas analisadas alcançaram um modelo de governança considerado pleno para o uso da IA. Outros 21% foram classificados como pouco preparados, indicando um caminho ainda longo para estruturas organizadas de uso ético, seguro e estratégico dessa tecnologia.

A implementação da LGPD trouxe consigo a figura do Encarregado de Proteção de Dados (DPO), mas isso não significou, necessariamente, o avanço automático da governança de dados nas organizações. Enquanto grandes empresas estruturam internamente suas estratégias com profissionais dedicados, o segmento de pequenas e médias empresas frequentemente recorre a serviços terceirizados de DPO, muitas vezes vinculados a empresas que também atuam com segurança da informação. Esse modelo, embora viável, limita a profundidade e abrangência das ações de governança, principalmente diante das novas exigências trazidas pela IA.

A realidade é que a IA demanda uma abordagem mais ampla e especializada. A estruturação de políticas voltadas exclusivamente aos dados estruturados já não é suficiente. As organizações precisam lidar com fluxos intensos de dados não estruturados, que não apenas alimentam sistemas baseados em IA, mas também são responsáveis por gerar novas camadas de dados. Essa dinâmica exige mecanismos de rotulagem, classificação e descoberta em larga escala, muitas vezes em tempo real, como nas soluções baseadas em RAG (retrieval-augmented generation), que permitem a implementação de políticas de governança diretamente nos fluxos entre modelos de linguagem.

Neste contexto, o papel do Chief Data Officer (CDO) ganha relevância. Esse profissional tem a missão de integrar a gestão de dados às estratégias corporativas, promovendo conselhos de governança multifuncionais e conectando os indicadores de desempenho dos negócios às métricas de conformidade e ética no uso de dados. Contudo, apenas 24% das empresas ouvidas no estudo realizam a rotulagem contínua dos dados utilizados em aplicações de IA – etapa fundamental para uma governança estruturada. As demais operam com transparência reduzida, o que implica riscos tanto de exposição indevida quanto de ataques cibernéticos.

Outro desafio apontado é a adoção da multicloud. Embora seja cada vez mais comum que empresas operem com múltiplas nuvens públicas – com média de quatro ambientes distintos – essa prática amplia a complexidade da gestão de dados e segurança. A multiplicidade de regras, modelos de cobrança e políticas de proteção em cada provedor requer não apenas ferramentas robustas, mas uma estratégia de orquestração unificada. Muitas empresas, ao mesmo tempo que migram aplicações para ambientes privados ou colocation, continuam a contratar novas soluções em nuvens públicas, o que torna a visibilidade e o controle ainda mais desafiadores.

Soluções que centralizam a gestão de segurança distribuída vêm sendo adotadas para mitigar esses riscos. A ideia é aplicar, de um ponto único, regras que se estendam a todas as nuvens envolvidas, com uso de análise comportamental, machine learning e IA. Essa abordagem permite controle granular, independentemente da infraestrutura utilizada.

No aspecto da proteção da IA em si, a segurança vai além da camada tradicional de rede. Os firewalls clássicos perdem efetividade diante da complexidade semântica dos dados manipulados por modelos de linguagem. Soluções mais modernas operam em camadas superiores, como a de aplicações e APIs, e incorporam filtros semânticos, capazes de avaliar o contexto e o conteúdo que transita entre os usuários e as IAs públicas ou privadas. Esses mecanismos são úteis tanto para controlar o que pode ser enviado a um sistema como o ChatGPT, quanto para garantir que as respostas geradas respeitem critérios de privacidade e integridade definidos pelas regras de negócio da própria empresa.

Esse tipo de proteção torna-se essencial em um momento em que as organizações utilizam massivamente IAs públicas, mesmo quando estão desenvolvendo soluções internas. O controle sobre esse fluxo de informações deve ser refinado e contextualizado, evitando que dados confidenciais sejam inadvertidamente compartilhados ou que interações com clientes e investidores violem diretrizes internas.

A governança da IA, portanto, não se resume à conformidade legal. Trata-se de uma camada estratégica de gestão de riscos, ética e performance, que exige profissionais qualificados, processos bem definidos e soluções tecnológicas adaptadas a um ambiente de dados cada vez mais complexo.

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O AVANÇO DOS CRIMES CIBERNÉTICOS E O PAPEL DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NAS NOVAS FRAUDES VIRTUAIS

Os delitos virtuais têm ganhado novas formas e escalas nos últimos anos, acompanhando o ritmo da digitalização da vida cotidiana e da consolidação do comércio eletrônico como parte essencial da economia. Dados recentes do setor de segurança digital apontam para um aumento expressivo nas tentativas de golpes, sobretudo aqueles baseados em phishing, que consistem em enganar o usuário com mensagens fraudulentas para obter dados pessoais e financeiros. Em 2024, somente esse tipo de fraude já ultrapassou os cinco milhões de registros, representando um aumento de 45% em relação ao ano anterior.

No setor de varejo, os impactos também se intensificaram. Os ataques, quando bem-sucedidos, geraram perdas financeiras significativas, com média de milhões de dólares por incidente, revelando uma preocupação não apenas com os consumidores, mas também com as estruturas empresariais de proteção da informação.

Um aspecto que merece especial atenção é o uso da inteligência artificial por parte de grupos criminosos. A tecnologia, que tem sido amplamente incorporada por empresas e usuários para ganho de produtividade, também passou a ser explorada em golpes cada vez mais sofisticados. Atualmente, circulam fraudes que simulam vozes e vídeos de pessoas reais, ampliando o poder de convencimento das tentativas de extorsão e violação de dados. Essa técnica, conhecida como vishing, representa um novo patamar na manipulação da confiança alheia.

Diante desse quadro, torna-se necessário reforçar práticas de autoproteção. A primeira delas é manter atenção redobrada à autenticidade das mensagens recebidas por e-mail, SMS ou aplicativos de comunicação. Endereços com erros, nomes suspeitos ou redações genéricas devem ser tratados com desconfiança.

A segunda orientação é evitar clicar diretamente em links recebidos por mensagens. Sempre que possível, recomenda-se digitar o endereço da instituição no navegador e acessar o site por vias próprias, o que dificulta o redirecionamento para páginas falsas.

Outro ponto essencial é manter dispositivos atualizados. Atualizações de software não servem apenas para melhoria de performance, mas frequentemente trazem correções de segurança para falhas conhecidas.

A autenticação de dois fatores (2FA) também representa uma camada adicional importante de proteção. Mesmo que uma senha seja comprometida, esse mecanismo reduz significativamente a chance de acesso indevido.

Por fim, é recomendável manter uma postura crítica diante de ofertas chamativas. Descontos, brindes ou premiações que exigem dados bancários ou cliques urgentes devem ser cuidadosamente avaliados. Em qualquer dúvida, o mais prudente é interromper a ação e procurar diretamente a instituição envolvida, por canais oficiais.

O ambiente digital exige não apenas conectividade, mas também vigilância. A proteção dos dados e da identidade passa, cada vez mais, por escolhas conscientes no uso da tecnologia.

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LGPD COMPLETA SETE ANOS: UM MARCO LEGAL AINDA EM CONSTRUÇÃO DIANTE DOS RISCOS DIGITAIS NO BRASIL

Completando sete anos desde sua sanção, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei nº 13.709/2018) representa uma das iniciativas mais relevantes no campo dos direitos fundamentais no Brasil contemporâneo. Inspirada em modelos internacionais, como o regulamento europeu, a LGPD foi concebida para garantir transparência, privacidade e segurança no tratamento de dados pessoais. No entanto, a realidade brasileira evidencia a persistência de desafios substanciais para sua consolidação como instrumento eficaz de proteção.

Entre os principais entraves está a frequência com que dados pessoais vêm sendo expostos. De janeiro a julho de 2024, o número de vazamentos registrados por órgãos federais superou o acumulado dos três anos anteriores. O volume impressiona e revela um ambiente onde estruturas públicas e privadas ainda operam com fragilidades técnicas e gerenciais graves. No mesmo período, registros de fraudes eletrônicas demonstram que o cidadão segue desprotegido diante de esquemas cada vez mais sofisticados de engenharia social.

Os dados, no entanto, não se limitam a números frios. Eles expressam o cotidiano de milhões de pessoas que veem suas informações trafegarem sem consentimento, muitas vezes sem saber como ou por quem estão sendo utilizadas. Isso reforça a necessidade de que a aplicação da LGPD ultrapasse o campo normativo e alcance efetividade prática, o que pressupõe uma atuação mais estruturada do órgão regulador e um compromisso político com a proteção de dados como direito fundamental.

Outro ponto que merece atenção é o avanço das tecnologias de vigilância em espaços públicos, especialmente aquelas baseadas em reconhecimento facial. A ausência de regulamentação específica para o uso dessas ferramentas, associada à baixa transparência sobre seus critérios de funcionamento, tem gerado preocupação. Há evidências de que determinados grupos populacionais são impactados de forma desproporcional por essas tecnologias, o que exige não apenas controle técnico, mas também reflexões éticas e sociais mais profundas.

Ao mesmo tempo, tramitam no Congresso propostas legislativas que visam disciplinar o uso de dados em investigações criminais. Uma delas, de ampla repercussão, abre a possibilidade de acesso a bases privadas sem salvaguardas mínimas de proteção, o que suscita dúvidas sobre sua compatibilidade com princípios constitucionais. A ausência de debate público qualificado sobre esses projetos também indica uma lacuna preocupante entre o avanço tecnológico e a deliberação democrática.

Apesar das dificuldades, é possível identificar esforços importantes. A publicação de resoluções normativas pela autoridade nacional, exigindo a comunicação de incidentes em prazo definido, fortalece a cultura de responsabilidade. Estudos técnicos sobre biometria, inteligência artificial e proteção de dados de crianças e adolescentes apontam para uma agenda regulatória que se alinha a práticas internacionais. Ao mesmo tempo, iniciativas de organizações sociais contribuem para ampliar o debate e fomentar a educação digital.

Mas os progressos institucionais só se sustentam quando acompanhados pela participação ativa da sociedade. O domínio técnico da lei precisa ser traduzido em consciência popular. O Brasil exige não apenas normas, mas também uma cultura de proteção de dados que permita ao cidadão exercer seu direito à privacidade de forma plena, segura e informada.

Ao completar sete anos, a LGPD exige mais do que celebração. Requer vigilância crítica, investimento em estruturas de fiscalização, compromisso público com os direitos informacionais e, sobretudo, educação digital como política de Estado. O respeito aos dados pessoais é uma extensão da dignidade humana, e o caminho para sua efetiva proteção ainda está em construção.

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EMPRESAS FORTALECEM DEFESAS COM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E ESTRATÉGIAS COMBINADAS DE CIBERSEGURANÇA

À medida que os riscos digitais se tornam mais sofisticados, organizações de diversos setores têm priorizado a adoção de arquiteturas robustas de segurança cibernética. Uma recente análise do mercado aponta para a consolidação de estratégias que combinam diferentes tecnologias, como gestão de identidade e acesso (IAM), monitoramento de eventos de segurança (SIEM), detecção e resposta em endpoints (EDR), além de soluções voltadas à continuidade de negócios por meio da recuperação de dados.

O uso da inteligência artificial tem sido determinante nesse processo, trazendo avanços significativos na automação de tarefas e no refinamento das respostas a incidentes. Sistemas de monitoramento, por exemplo, têm integrado IA generativa para melhorar a interpretação de dados e a geração de relatórios, tornando a identificação de ameaças mais ágil e precisa.

O gerenciamento de identidades também evolui com a adoção de mecanismos automatizados que viabilizam o provisionamento inteligente de contas e a adaptação dinâmica de permissões com base em funções ou riscos identificados. Esse movimento tem contribuído para reduzir falhas humanas e aumentar o controle sobre o acesso a informações sensíveis.

Na proteção de terminais, soluções de EDR vêm incorporando análises baseadas em telemetria para qualificar melhor os alertas e mitigar falsos positivos. Essa abordagem permite uma resposta mais eficiente e menos dependente da atuação manual das equipes de segurança.

Já no campo da recuperação de dados, observa-se uma ênfase maior em processos contínuos e automatizados, especialmente diante da frequência com que ataques do tipo ransomware têm comprometido infraestruturas críticas. A capacidade de restaurar dados de forma rápida e segura passou a ser um componente fundamental das estratégias de resiliência digital.

A pesquisa examinou dezenas de fornecedores em diversas categorias, considerando critérios como maturidade das soluções, integração entre plataformas e retorno sobre investimento. Os resultados indicam que, embora diversas empresas tenham se destacado em áreas específicas, nenhuma delas concentra todas as funcionalidades necessárias para uma proteção abrangente, o que reforça a importância de arquiteturas integradas e adaptáveis.

Com a inteligência artificial ganhando protagonismo e novas tecnologias emergindo — como a computação quântica —, os próximos anos exigirão parcerias estratégicas que combinem inovação, confiabilidade e suporte técnico especializado. O desafio não é apenas proteger dados, mas manter a capacidade de operação mesmo diante de ameaças cada vez mais complexas.