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SEGURANÇA DIGITAL EMPRESARIAL: POR QUE A PREVENÇÃO AINDA É IGNORADA?

A segurança da informação ainda é tratada com descaso por parte significativa das empresas, que frequentemente deixam de incorporar práticas estruturadas de prevenção a vulnerabilidades. Embora os ataques cibernéticos estejam cada vez mais sofisticados e frequentes, a percepção equivocada de que não há risco iminente acaba por fomentar uma postura passiva diante de ameaças reais e recorrentes.

Dados recentes apontam que três em cada quatro organizações não mantêm um programa contínuo de gestão de vulnerabilidades. Essa omissão se reflete diretamente nos números alarmantes de tentativas de invasão: só no último ano, mais de 100 bilhões de ataques foram registrados no país. Ainda assim, a resposta empresarial continua marcada por improvisos e soluções pontuais, quando o que se exige é planejamento constante e ações articuladas.

Incidentes recentes envolvendo grandes companhias demonstram que a ausência de medidas preventivas não apenas compromete a integridade de dados, mas também acarreta danos financeiros expressivos e desgastes institucionais severos. A exposição de informações pessoais de milhões de usuários, multas de valores milionários e auditorias impostas por órgãos reguladores ilustram os efeitos de uma gestão falha ou inexistente.

No Brasil, casos de ataques por ransomware revelam um problema adicional: a baixa maturidade de muitas empresas no trato com a cibersegurança. Em vez de uma resposta estruturada e comunicada, opta-se, muitas vezes, pelo silêncio — uma estratégia que, longe de proteger a imagem da empresa, reforça a invisibilidade do problema. Sem transparência, o aprendizado coletivo se perde, e outras organizações permanecem despreparadas, acreditando estar protegidas apenas porque não foram ainda alvo de um ataque visível.

Segurança da informação não é responsabilidade exclusiva da área de tecnologia. Trata-se de uma engrenagem que exige sincronia entre ferramentas adequadas, processos bem definidos e pessoas capacitadas. Investir em softwares e firewalls é necessário, mas insuficiente, se os colaboradores não recebem formação adequada ou se não existem protocolos claros para prevenção e resposta.

Outro dado preocupante: quase metade das empresas sequer testa suas defesas periodicamente. E uma parcela significativa mantém brechas já identificadas sem qualquer correção. Essa desconexão entre conhecimento e ação revela um padrão de gestão que privilegia o conforto da inércia em detrimento da proteção efetiva.

A ilusão de segurança — alimentada pela ausência de eventos visíveis — é um fator determinante para a inação. Enquanto isso, as vulnerabilidades se acumulam, silenciosas, mas plenamente operacionais para agentes mal-intencionados. A resposta a essa ameaça não está apenas em reagir quando o problema se materializa, mas em adotar, de forma contínua, uma postura de vigilância, aprimoramento e prontidão.

Tratar a proteção digital como parte da estratégia organizacional não é apenas uma recomendação técnica. É uma exigência para qualquer entidade que deseja proteger seus dados, sua imagem e sua capacidade de operar com confiança e estabilidade.

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FERRAMENTA DE SEGURANÇA É ALVO DE USO INDEVIDO APÓS VAZAMENTO DE LICENÇA CORPORATIVA

Uma versão não autorizada de uma ferramenta comercial voltada à evasão de sistemas de detecção foi utilizada indevidamente por agentes mal-intencionados para disseminar códigos maliciosos especializados na extração de dados confidenciais. A ferramenta em questão, originalmente desenvolvida para fins legítimos de teste de segurança, teve seu uso desviado após a violação de um contrato corporativo, envolvendo uma empresa que havia adquirido licenças de forma regular.

A equipe responsável pela solução, ao identificar o comprometimento, lançou uma nova versão do software com restrições adicionais. Esta atualização passa a ser disponibilizada exclusivamente a clientes que passem por um processo de verificação reforçado, com a exclusão imediata da entidade que contribuiu para a exposição do recurso. Trata-se da primeira ocorrência confirmada de uso indevido desde que novas regras de licenciamento foram adotadas no início de 2023.

Pesquisadores independentes já haviam detectado a utilização da versão anterior do software desde abril, apontando que sua disseminação ocorreu por meio de mensagens em plataformas digitais e campanhas fraudulentas por e-mail. Embora essas análises tenham permitido a criação de mecanismos de detecção específicos para os códigos implantados, houve discordância quanto à forma como as informações foram compartilhadas. A empresa responsável pelo software demonstrou preocupação com a priorização da divulgação pública em detrimento do aviso prévio ao fornecedor, o que poderia ter acelerado a contenção do risco.

Apesar do desacordo, os dados compartilhados permitiram identificar a origem da falha, auxiliando na exclusão do cliente responsável. A equipe de desenvolvimento reiterou que não mantém qualquer associação com práticas ilícitas e se colocou à disposição das autoridades competentes para contribuir com as investigações. Também foi expressa preocupação com os efeitos colaterais sobre os demais usuários legítimos, que agora enfrentam medidas adicionais de controle e verificação.

O episódio reforça a importância de mecanismos eficazes de governança sobre ferramentas sensíveis, especialmente aquelas cujo uso indevido pode comprometer ambientes corporativos e dados pessoais. A manutenção de relações de confiança entre desenvolvedores, pesquisadores e usuários é um fator essencial para a integridade dos processos de segurança da informação.

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O PAPEL ESTRATÉGICO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA PROTEÇÃO CORPORATIVA

A crescente adoção da inteligência artificial (IA) no ambiente corporativo está transformando a cibersegurança de um obstáculo operacional para um verdadeiro catalisador de valor. Hoje, profissionais de segurança estão aproveitando a eficiência e a precisão da IA para prever e neutralizar ameaças, incorporando essas tecnologias de maneira estratégica para garantir que suas organizações se mantenham à frente dos cibercriminosos.

Uma análise recente destacou empresas que se posicionam como pioneiras na rápida implementação de novas tecnologias, como IA e automação. O resultado dessa agilidade é impressionante: essas organizações conseguem detectar e responder a incidentes cibernéticos até 50% mais rapidamente do que outras empresas. Essa eficiência tem sido um diferencial competitivo em um cenário onde ameaças se tornam mais complexas e frequentes.

Os estudos mais recentes indicam que as organizações que lideram em cibersegurança têm enfrentado com sucesso o aumento no uso de IA e ferramentas avançadas como a IA generativa. Esse movimento não apenas protege as operações, mas também auxilia outras áreas do negócio a adotar a IA com segurança, integrando a cibersegurança como uma parte essencial do processo.

Porém, o papel dos Chief Information Security Officers (CISOs) vai além de proteger sistemas e dados. Eles precisam ser proativos, atuando como facilitadores da transformação digital e utilizando a cibersegurança como um meio de gerar valor para toda a organização. A ideia de “departamento do não” está sendo substituída por um conceito mais moderno, onde a segurança se torna um facilitador de inovação.

A IA generativa, por sua vez, tem se destacado como um campo de desafios e oportunidades na cibersegurança. Com sua ampla aplicação, surgem novas vulnerabilidades que as empresas precisam prever e mitigar. Assim, a cibersegurança deve evoluir para garantir que a adoção de IA seja feita de maneira segura e responsável, protegendo a infraestrutura digital contra ataques sofisticados.

A chave para o sucesso, no entanto, está no equilíbrio entre automação e supervisão humana. A IA tem demonstrado ser extremamente eficaz na detecção de ameaças, analisando grandes volumes de dados em tempo real e identificando padrões de ataque antes que eles causem danos. No entanto, essa automação precisa ser complementada por uma governança sólida e por uma supervisão responsável, garantindo que o uso da tecnologia esteja alinhado com os objetivos estratégicos das empresas.

Os ganhos em eficiência são claros. Empresas que adotam IA em suas operações de segurança relatam melhorias de até 40% nas operações, permitindo que os CISOs façam mais com menos. Essa eficiência não só reduz custos, como também fortalece a resiliência das organizações contra ameaças em constante evolução.

À medida que a IA se integra cada vez mais nas funções de negócios, os líderes de cibersegurança devem assumir um papel de protagonismo, não apenas reagindo às mudanças, mas moldando o futuro digital das empresas. Esses líderes agora são responsáveis por garantir que a cibersegurança seja uma parte integral das iniciativas de IA, permitindo que as empresas inovem com confiança e segurança.

Com essa postura estratégica, a cibersegurança se posiciona como uma facilitadora da inovação, permitindo que as organizações explorem todo o potencial da IA sem comprometer a segurança. Esse é o caminho para um crescimento sustentável, onde tecnologia e segurança caminham lado a lado, garantindo que as empresas estejam preparadas para o futuro digital.