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PROTEÇÃO DE DADOS COMO ATIVO ESTRATÉGICO NO SETOR DE PLANOS DE SAÚDE

A transformação digital consolidou o setor de saúde como um dos mais visados por ataques cibernéticos. Operadoras de planos concentram dados altamente sensíveis de milhões de beneficiários — desde históricos clínicos e resultados de exames até informações financeiras e genéticas. Essa concentração de ativos digitais tornou-se um atrativo para grupos criminosos e, consequentemente, um desafio estratégico para as organizações.

Relatórios internacionais apontam que as violações no setor de saúde são as mais dispendiosas entre todas as áreas avaliadas, com valores médios superiores a sete milhões de dólares por incidente. Além do impacto financeiro, chama atenção o tempo necessário para identificar e conter um ataque: quase 280 dias, bem acima da média global.

Da obrigação regulatória ao fator de confiança

A entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) mudou a forma como as operadoras lidam com a segurança da informação. Antes, tratava-se de mera obrigação regulatória; hoje, tornou-se instrumento de confiança e diferencial competitivo. Instituições que demonstram transparência, aderência a normas e governança sólida em segurança conquistam credibilidade junto a clientes, fornecedores e parceiros de negócios.

Esse movimento levou operadoras a investir em protocolos de governança, soluções tecnológicas e práticas de transparência que reduzem riscos de incidentes, garantem conformidade legal e, sobretudo, preservam a confiança dos beneficiários.

Principais vetores de risco

Entre os riscos mais relevantes, destacam-se:

  • Ransomware: capaz de paralisar sistemas inteiros, desde agendas de consultas até prontuários eletrônicos. Além da criptografia de dados, há a ameaça de exposição pública de informações roubadas.
  • Vazamento de dados médicos e genômicos: altamente valorizados no mercado ilegal, expõem operadoras a sanções severas e à perda de reputação.
  • Phishing e engenharia social: exploram a fragilidade humana com mensagens falsas de reguladores, fornecedores ou clientes, abrindo espaço para invasões.
  • Ataques à cadeia de suprimentos: vulnerabilidades em prestadores ou fornecedores de software podem ser porta de entrada para acessar sistemas críticos.
  • Fraudes digitais: manipulação de autorizações de alto custo ou criação de beneficiários fictícios se intensificaram com a digitalização.

Preparação e resiliência

A questão não é mais se haverá um ataque, mas quando. Por isso, a resiliência operacional tornou-se prioridade. Planos de Continuidade de Negócios (PCN) e Planos de Resposta a Incidentes (PRI) são ferramentas indispensáveis, com simulações periódicas para validar a efetividade dos protocolos.

Medidas como back-ups segregados e testados, segmentação de redes, contratos prévios com empresas de resposta a incidentes e campanhas de conscientização de colaboradores já fazem parte do padrão de mercado. Na gestão de terceiros, surgem exigências contratuais de autenticação multifator, auditorias e due diligence de fornecedores.

Cultura de proteção de dados

O setor de saúde também avança na integração da cultura de segurança ao cuidado assistencial. A proteção de informações passou a ser tratada como extensão do compromisso com a vida e com a saúde. A LGPD impulsionou esse movimento ao exigir a nomeação de encarregados de dados, mapeamento de todo o ciclo de vida da informação e comunicação imediata às autoridades e titulares em caso de incidentes.

Além disso, programas de governança em proteção de dados instituíram padrões mínimos para todo o ecossistema, alinhando cooperativas e operadoras às normas internacionais, como ISO 27001 (Segurança da Informação) e ISO 27701 (Privacidade).

Segurança como diferencial competitivo

Mais do que atender a exigências legais, investir em cibersegurança é estratégia de mercado. Empresas que demonstram comprometimento público com a proteção da informação fortalecem sua reputação e se destacam em negociações B2B, especialmente diante da exigência de compliance e certificações internacionais.

A segurança bem estruturada também abre espaço para adoção de tecnologias emergentes, como telemedicina e inteligência artificial, sem comprometer a confiança do paciente. Proteger dados passou a significar não apenas mitigar riscos, mas sustentar inovação, reduzir custos de remediação e otimizar processos.

No setor de saúde, onde informação e assistência caminham lado a lado, a cibersegurança consolidou-se como ativo estratégico, traduzindo-se em confiança, resiliência e vantagem competitiva.

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COMO A CIBERSEGURANÇA ESTÁ TRANSFORMANDO O FUTURO DOS PLANOS DE SAÚDE

A transformação digital está presente em todos os setores, e a área da saúde é uma das mais afetadas por essa revolução tecnológica. No entanto, junto com os avanços vêm os desafios relacionados à cibersegurança, especialmente para as operadoras de saúde, que lidam com dados altamente sensíveis e atraem a atenção de cibercriminosos. De acordo com um relatório da Cybersecurity & Infrastructure Security Agency (CISA), 66% das organizações de saúde sofrem tentativas constantes de ataques cibernéticos, o que coloca o setor em uma posição de alerta.

Apesar das ameaças, a inovação tecnológica não deve ser vista como uma barreira, mas como uma oportunidade de evolução. A tecnologia, quando usada de forma estratégica, pode ajudar a resolver problemas estruturais do setor, como a prevenção de fraudes e a redução de desperdícios. O ponto chave está na implementação de uma abordagem sólida e inteligente de cibersegurança, que proteja os dados dos pacientes e garanta a continuidade dos serviços.

O primeiro passo para uma estratégia eficaz é investir na capacitação e treinamento dos colaboradores. As ameaças digitais evoluem constantemente, e é crucial que os profissionais estejam preparados para identificar sinais de possíveis ataques, como tentativas de phishing e infecções por malware. Além disso, é fundamental que sejam incentivados a seguir boas práticas no uso de dispositivos e no tratamento de dados. Essa conscientização não só diminui os riscos, mas também promove uma cultura organizacional de segurança.

Outro elemento essencial é a criação de políticas de segurança bem definidas. Cada colaborador deve seguir protocolos claros sobre o uso de dispositivos, o acesso a informações sensíveis e a resposta em caso de incidentes. Com isso, as operadoras podem mitigar os riscos e garantir que, caso um ataque aconteça, todos saibam exatamente o que fazer para conter e minimizar os impactos.

O uso de tecnologias avançadas é igualmente indispensável. Ferramentas como firewalls, sistemas de detecção de intrusões, antivírus e criptografia de dados são fundamentais para prevenir coações cibernéticas. Porém, essas soluções precisam ser constantemente atualizadas e ajustadas para acompanhar as novas ameaças. O monitoramento contínuo de redes e sistemas é outro ponto crucial, permitindo a identificação precoce de ações maliciosas e a resposta rápida antes que se tornem violações graves.

Além disso, mesmo com todas as medidas preventivas, nenhum sistema é completamente imune. Por isso, ter um plano de resposta a incidentes bem estruturado é indispensável. Esse plano deve prever uma comunicação clara – interna e externa – e incluir ações imediatas de contenção e recuperação. Operadoras de saúde que respondem rapidamente a um ataque conseguem não apenas mitigar os danos, mas também preservar a confiança de seus pacientes e parceiros.

A cibersegurança é um esforço coletivo. Além das medidas internas, é vital que as operadoras de saúde estabeleçam parcerias com especialistas em segurança digital e participem de fóruns de discussão sobre o tema. Estar atualizado sobre novas ameaças e soluções permite que o setor de saúde continue inovando com segurança, aproveitando os benefícios tecnológicos para melhorar a vida de pacientes e profissionais. Dessa forma, a saúde pode, de fato, se beneficiar da transformação digital, com impacto positivo em toda a sociedade.

Com as devidas diligências, a tecnologia não apenas protege, mas também eleva o patamar de serviços e cuidados no setor de saúde.