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COMO O USO IRRESPONSÁVEL DA INTERNET AMEAÇA DIREITOS E RELAÇÕES

Vivemos uma era em que a conectividade digital deixou de ser apenas uma ferramenta e passou a ocupar o centro das relações humanas, econômicas e institucionais. A tecnologia, com seu poder de encantamento e eficiência, alterou a forma como vivemos, nos relacionamos e tomamos decisões. Mas é preciso reconhecer que, por trás das promessas de progresso, também se esconde um processo de corrosão ética e social que avança de modo silencioso, porém implacável.

Há uma transformação em curso que atinge não apenas os meios, mas os próprios fins das interações humanas. O comportamento virtual, guiado por algoritmos opacos, molda a personalidade coletiva e redefine valores. O culto à influência, à velocidade, ao lucro e à performance passou a ditar regras nas instituições e nas relações pessoais, empurrando para as margens aqueles que ainda zelam por princípios como lealdade, reserva, respeito e cooperação.

Enquanto isso, o ambiente digital se converte, progressivamente, em território fértil para práticas abusivas e violações de direitos. As estruturas que deveriam proteger o indivíduo tornam-se frágeis diante da sofisticação das ações maliciosas: fraudes, extorsões, espionagem, manipulação de dados, disseminação de desinformação. Não se trata mais de ficção distópica. É uma realidade com efeitos concretos, que compromete desde a integridade de sistemas de saúde até a sobrevivência de pequenos empreendedores.

O espaço virtual, inicialmente idealizado como campo aberto de liberdade e inovação, tornou-se também campo minado, onde a lógica da dominação muitas vezes se impõe à lógica do respeito. Episódios envolvendo ataques cibernéticos em instituições públicas e privadas evidenciam não apenas a fragilidade dos sistemas de defesa, mas a ausência de uma cultura sólida de responsabilidade digital. A sociedade tem sido lenta em estabelecer limites, e os custos dessa inércia estão sendo pagos com vidas, reputações e economias inteiras.

As consequências não se restringem aos prejuízos financeiros. A deterioração da confiança nas relações digitais afeta diretamente a qualidade da convivência social. Em um ambiente onde tudo pode ser forjado ou capturado indevidamente, até o pacato cidadão se vê vulnerável. E esse temor, ao invés de incentivar a cautela coletiva, tem muitas vezes sido explorado por atores que lucram com o medo, a desinformação e a instabilidade.

É necessário, portanto, um gesto de sobriedade e responsabilidade. Mais do que seguir louvando os benefícios tecnológicos, que são inegáveis, impõe-se a tarefa de refletir sobre os limites. A tecnologia não é neutra. Ela reflete escolhas humanas e precisa ser regulada com base em princípios éticos e jurídicos sólidos, que protejam a dignidade e a autonomia do indivíduo.

Ignorar esse debate significa correr o risco de assistir à erosão silenciosa das garantias mais básicas da convivência civilizada. Ainda há tempo de preservar o valor emancipador das inovações, desde que haja coragem para reconhecer os excessos e firmeza para corrigi-los. Afinal, nenhum avanço técnico justifica o abandono do senso de humanidade.

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FRAUDES VIRTUAIS E COMPORTAMENTOS DE RISCO: COMO A PREVENÇÃO PODE EVITAR PREJUÍZOS

Vivemos em uma era marcada pela digitalização de serviços, pela praticidade dos aplicativos e pela instantaneidade das comunicações. No entanto, à medida que a tecnologia avança, também se multiplicam os riscos associados ao uso desprevenido de dispositivos e plataformas digitais. O Brasil tem enfrentado uma verdadeira avalanche de fraudes virtuais, afetando pessoas de diferentes idades, perfis e níveis de instrução.

Levantamentos recentes apontam que uma parcela expressiva da população brasileira já foi alvo de tentativas de golpe por meios digitais, como e-mails, mensagens de texto, redes sociais e ligações telefônicas. Dentre os golpes mais recorrentes, alguns se destacam pela capacidade de enganar com aparência de legitimidade. É o caso da falsa central de atendimento, onde a vítima acredita estar em contato com o próprio banco, fornecendo informações sensíveis de forma espontânea.

Outro golpe, ainda pouco conhecido, é o chamado “da mão fantasma”. Nele, o criminoso convence a vítima a instalar aplicativos de controle remoto, assumindo o comando do aparelho celular e acessando diretamente contas bancárias e dados pessoais. O risco se agrava quando o acesso ocorre de forma silenciosa, sem que a vítima perceba imediatamente o controle externo sobre seu dispositivo.

É preciso compreender que comportamentos rotineiros, como clicar em links recebidos por mensagens, instalar aplicativos fora das lojas oficiais ou divulgar dados pessoais em redes sociais, podem representar brechas importantes na proteção individual. A falsa sensação de domínio sobre o ambiente digital costuma ser um dos principais fatores que tornam as pessoas vulneráveis. Segurança, nesse contexto, é mais uma questão de postura do que de conhecimento técnico.

Outro erro frequente ocorre após o golpe: a hesitação. Muitas vítimas demoram a reagir, acreditando que podem resolver o problema sozinhas ou sentindo-se envergonhadas. O tempo, contudo, é determinante. O ideal é que a vítima entre em contato com a instituição financeira o quanto antes e registre um boletim de ocorrência, preferencialmente com o máximo de informações possíveis sobre o incidente.

As medidas de prevenção seguem sendo o recurso mais eficaz para evitar prejuízos. Adoção de autenticação em dois fatores, vigilância redobrada com contatos não solicitados e rigor absoluto quanto ao fornecimento de senhas e códigos de verificação são passos essenciais para o uso seguro da tecnologia.

Vivemos um tempo em que a confiança no ambiente digital exige, paradoxalmente, vigilância constante. A tecnologia permanece uma aliada valiosa, mas o seu uso consciente é o que determina se ela será uma ferramenta de conveniência ou uma via de acesso para oportunistas.

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COMO A BIOMETRIA FACIAL PODE PROTEGER VOCÊ E COMO GOLPISTAS AINDA TENTAM BURLAR A TECNOLOGIA

O uso da biometria facial tem se consolidado como uma das formas mais confiáveis para autenticar a identidade das pessoas na internet. Esse tipo de tecnologia já demonstrou ser capaz de impedir fraudes bilionárias, inclusive no setor financeiro, oferecendo uma camada adicional de proteção que associa o acesso àquilo que é único em cada indivíduo: o próprio rosto.

Apesar dessa evolução, os crimes digitais continuam afetando milhares de pessoas diariamente. Isso se dá, em boa parte, pela habilidade dos criminosos em usar artifícios emocionais e técnicas de convencimento conhecidas como engenharia social — um conjunto de estratégias destinadas a manipular a vítima, levando-a a fornecer voluntariamente suas informações ou a realizar ações que facilitam o golpe.

Nos últimos anos, têm surgido casos em que a fraude vai além das telas. Há relatos de criminosos se passando por profissionais de empresas de serviço ou até por agentes públicos, vestindo uniformes falsos e portando crachás, para convencer a vítima a permitir uma foto do rosto. Essa imagem, uma vez capturada, pode ser usada para acessar contas bancárias, realizar transferências ou contratar serviços em nome da vítima.

É importante destacar que não há necessidade de se afastar das ferramentas digitais ou desenvolver medo da tecnologia. Pelo contrário: ela facilita a vida e, quando usada com cautela, é uma aliada poderosa. A melhor forma de se proteger é unir o uso consciente da tecnologia com algumas práticas simples no dia a dia.

Abaixo, listo algumas orientações úteis que recomendo a todos os que desejam navegar com mais segurança:

  1. Pergunte antes de informar
    Sempre que alguém solicitar seus dados, especialmente pessoalmente, por telefone ou pela internet, pare e avalie. É mesmo necessário fornecer aquela informação? Ela está sendo pedida por um canal oficial? Se houver qualquer dúvida, não prossiga.
  2. Não autorize fotos sem necessidade
    Um prestador de serviço legítimo não precisa registrar sua imagem para realizar uma instalação ou atendimento. Diante de uma solicitação desse tipo, negue educadamente e entre em contato com a empresa por canais oficiais.
  3. Biometria, só no seu dispositivo
    A biometria facial é uma ferramenta poderosa de autenticação — mas deve ser usada apenas em seu próprio celular, com aplicativos confiáveis. Evite permitir que terceiros capturem sua imagem para “validar” qualquer procedimento.
  4. Compartilhe com cautela nas redes sociais
    Não é preciso deixar de usar redes sociais, mas vale evitar publicar informações que revelem sua rotina com detalhes, localização exata ou padrões de comportamento. Um pouco de discrição pode fazer muita diferença.
  5. Cuidado com links e mensagens suspeitas
    Golpistas se valem de e-mails, mensagens de texto e aplicativos para enviar links maliciosos. O ideal é não clicar em mensagens inesperadas e jamais fornecer dados sensíveis em ligações ou formulários desconhecidos.

É sempre bom lembrar que, embora a tecnologia avance continuamente, os golpes não se apoiam apenas em falhas técnicas, eles exploram principalmente a confiança das pessoas. Manter-se informado e desconfiar de situações inusitadas continua sendo o melhor caminho para usar os recursos digitais com segurança e tranquilidade.