Publicado em

GOVERNANÇA DIGITAL E PROTEÇÃO DE DADOS: COMO REDUZIR RISCOS NO TRATAMENTO DE INFORMAÇÕES PESSOAIS

As falhas na segurança da informação no Brasil revelam um problema recorrente: vazamentos de dados e uso indevido de informações pessoais, muitas vezes relacionados à forma como empresas estruturam e administram o acesso às suas bases. Um ponto sensível está na gestão de identidades digitais, frequentemente tratada de maneira simplista, com sistemas corporativos protegidos apenas por usuários e senhas fracas, e permissões excessivas concedidas a diferentes perfis.

Quando não há monitoramento contínuo, administradores e gerentes podem acessar dados sensíveis sem real necessidade, o que abre espaço para condutas inadequadas — incluindo o compartilhamento informal de informações em canais digitais. Confiar apenas na integridade pessoal não é suficiente: é indispensável estabelecer controles claros, garantir rastreabilidade e aplicar restrições de acesso alinhadas à função de cada profissional.

A adoção de padrões internacionais, como as certificações de segurança da informação, associada ao uso de criptografia robusta e auditorias periódicas baseadas em registros de acesso, é medida que fortalece a governança digital. O acompanhamento constante de logs e alertas permite identificar atividades suspeitas antes que resultem em perdas relevantes.

Com a vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), empresas passaram a ter limites objetivos para o tratamento de informações pessoais, incluindo dados de maior sensibilidade, como credenciais, documentos e biometria. Ainda assim, ambientes corporativos mal geridos favorecem a exposição dessas informações, potencializando riscos como fraudes e abertura indevida de contas bancárias.

O problema não reside apenas na origem da tecnologia empregada, mas na capacidade de integrá-la e administrá-la com segurança. Ferramentas sofisticadas, sem uma política de governança eficaz, permanecem vulneráveis.

Na prática, muitas equipes técnicas ampliam permissões e centralizam o acesso a dados para agilizar o desenvolvimento de produtos e serviços. Embora essa abordagem possa facilitar processos internos, ela enfraquece a proteção das informações, tornando indispensável revisar e segmentar privilégios, para que cada profissional acesse apenas o que é estritamente necessário ao desempenho de suas funções.

Publicado em

PROTEÇÃO DE DADOS NO BRASIL: COMO AS EMPRESAS DEVEM SE ADAPTAR À LGPD

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor com o objetivo de assegurar privacidade e segurança no tratamento de informações pessoais, tanto no meio físico quanto no ambiente digital. No contexto corporativo, empresas de todos os portes, independentemente do segmento de atuação, estão sujeitas à fiscalização da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) sempre que realizam operações envolvendo dados pessoais no Brasil ou ofereçam produtos e serviços a indivíduos localizados no país.

A legislação se aplica de forma ampla: não importa se se trata de uma grande corporação, uma microempresa ou até mesmo um profissional autônomo. Sempre que houver coleta, armazenamento, compartilhamento ou qualquer outra forma de utilização de dados pessoais, há a obrigação de cumprir as disposições da LGPD.

Entre as bases legais previstas, destacam-se o consentimento do titular, o cumprimento de obrigações legais ou regulatórias, a execução de políticas públicas, a realização de estudos por órgãos de pesquisa, a formalização ou execução de contratos, o exercício regular de direitos, a proteção da vida e da saúde, o legítimo interesse e a proteção do crédito.

A adequação à lei deve ser conduzida de maneira personalizada, considerando o porte, o ramo de atividade e a complexidade do tratamento de dados realizado pela organização. O processo geralmente envolve etapas como mapeamento e classificação dos dados tratados, revisão e elaboração de contratos e termos específicos, atualização de políticas de privacidade, treinamentos voltados a colaboradores e gestores, nomeação de encarregado pelo tratamento de dados (DPO), implementação de medidas técnicas de segurança da informação, criptografia, controles de acesso e definição de protocolos para resposta a incidentes. Trata-se de uma prática contínua, que exige monitoramento e revisões periódicas.

O descumprimento da LGPD pode gerar consequências administrativas e judiciais. Entre as sanções aplicáveis pela ANPD estão advertências, multas que podem alcançar até 2% do faturamento da empresa, e até a suspensão das atividades de tratamento de dados. Além disso, a não conformidade pode motivar ações judiciais individuais ou coletivas, movidas por titulares de dados, órgãos de defesa do consumidor e Ministério Público.

As principais demandas de adequação identificadas nas empresas incluem a atualização de contratos com cláusulas específicas de proteção de dados, a criação ou revisão de políticas de privacidade para websites e aplicativos, a definição de procedimentos internos para gestão de incidentes e a capacitação de equipes. Em especial, micro e pequenas empresas têm buscado soluções adaptadas à sua realidade financeira e operacional, de forma a cumprir a lei sem comprometer a continuidade de suas atividades.

Publicado em

COMO IDENTIFICAR E EVITAR GOLPES DE MEDICAMENTOS VENDIDOS PELA INTERNET

A alta nos preços e a dificuldade de acesso a medicamentos com prescrição têm levado muitos consumidores a recorrer à internet em busca de alternativas rápidas, discretas e financeiramente atrativas. Essa busca, porém, tem se tornado um terreno fértil para grupos criminosos altamente organizados, que exploram a vulnerabilidade de quem precisa de tratamentos urgentes.

Investigações recentes revelaram uma operação internacional que envolve mais de cinco mil páginas falsas, todas projetadas para se passar por farmácias legítimas. O golpe, apelidado de PharmaFraud, combina engenharia social, falsificação de identidade corporativa e o uso intensivo de inteligência artificial para convencer usuários a fornecer dados pessoais, efetuar pagamentos e, em alguns casos, receber produtos falsificados ou sem qualquer registro sanitário.

Esses criminosos exploram especialmente medicamentos de alta procura, oferecendo-os com preços reduzidos, sem exigir receita e prometendo entrega sigilosa. Entre os produtos anunciados estão tratamentos para disfunção erétil, medicamentos para perda de peso e diabetes, antibióticos, hormônios e até substâncias ligadas a falsas promessas de cura para a COVID-19. Muitos deles são versões genéricas não regulamentadas, produzidas sem controle de qualidade e potencialmente perigosas.

Para conquistar a confiança da vítima, esses sites utilizam recursos visuais profissionais, sistemas de atendimento virtual e avaliações fictícias cuidadosamente elaboradas. O objetivo é criar uma falsa sensação de credibilidade, levando o consumidor a acreditar que está comprando de uma fonte segura.

As estratégias de ataque incluem:

  • Inserção de códigos maliciosos em sites médicos legítimos para redirecionar o usuário.
  • Manipulação de resultados de busca para colocar páginas falsas nas primeiras posições.
  • Publicação de artigos e blogs sobre saúde, produzidos com auxílio de IA, que direcionam para as falsas farmácias.
  • Criação de portais de “avaliações” repletos de depoimentos falsos.

Além do risco de receber medicamentos falsificados ou inadequados, o consumidor pode sofrer prejuízos financeiros e ter sua identidade roubada, já que muitos desses sites solicitam dados médicos, pessoais e bancários por meio de formulários inseguros. Há também solicitações de pagamento em criptomoedas ou outros meios que dificultam qualquer tentativa de estorno.

Estudos apontam que a imensa maioria das farmácias virtuais atua fora das normas legais. Somente nos primeiros seis meses de 2025, ferramentas de proteção digital impediram que quase um milhão de usuários caíssem nesses golpes.

Como se proteger

  • Sempre buscar orientação médica antes de adquirir medicamentos.
  • Comprar apenas de farmácias licenciadas e registradas nos órgãos competentes.
  • Desconfiar de preços muito abaixo do mercado ou da dispensa de receita médica.
  • Evitar fornecer dados pessoais ou financeiros a sites que não apresentem informações claras de contato e registro.
  • Utilizar soluções de segurança digital capazes de identificar páginas falsas e bloquear transações suspeitas.

O comércio ilegal de medicamentos na internet representa uma ameaça real, tanto à saúde quanto à segurança patrimonial dos consumidores. A prevenção começa pela informação e pela adoção de práticas seguras ao buscar qualquer tratamento online.