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NOVA ONDA DE ATAQUES DIGITAIS UTILIZA PLATAFORMAS POPULARES PARA DISSEMINAR MALWARE E COMPROMETER DADOS SENSÍVEIS

Uma recente análise técnica revelou uma movimentação relevante no comportamento de ameaças cibernéticas, destacando o uso estratégico de plataformas legítimas para disseminação de códigos maliciosos. O AsyncRAT, trojan de acesso remoto amplamente utilizado por cibercriminosos, obteve expressiva ascensão em junho ao se posicionar como uma das três ameaças mais ativas em escala global. A principal via de propagação identificada foi o uso indevido de convites do Discord, plataforma reconhecida por sua ampla adoção entre usuários comuns e ambientes corporativos.

O AsyncRAT possibilita o controle remoto de máquinas infectadas e viabiliza a exfiltração de dados, além de permitir ações como captura de tela, encerramento de processos e instalação de complementos maliciosos. O uso de um ambiente aparentemente confiável para propagar essa ameaça contribui para o seu alto índice de disseminação.

No topo da lista global de malwares permanece o FakeUpdates, software nocivo vinculado a campanhas persistentes que exploram atualizações falsas para inserir cargas secundárias nos sistemas-alvo. Essa técnica, conhecida por downloads automáticos ocultos, impacta organizações em diferentes setores e regiões. Seu emprego recorrente demonstra a eficácia da engenharia social aliada a mecanismos técnicos refinados.

Paralelamente, o ecossistema de ransomware continua apresentando alto nível de especialização. Um dos grupos mais ativos do momento opera sob o modelo ransomware-as-a-service (RaaS), com foco em setores estratégicos como saúde e educação. Os vetores iniciais geralmente envolvem mensagens fraudulentas (phishing), direcionadas à infiltração silenciosa em redes corporativas e à posterior criptografia de dados.

Frente a esse contexto, a recomendação técnica é a adoção de camadas de defesa que combinem visibilidade, resposta em tempo real e atualização contínua dos sistemas de proteção. A atualização recente do índice de ameaças revela não apenas as famílias de malware mais prevalentes, mas também as técnicas de ataque mais sofisticadas do ano.

No recorte nacional, observa-se uma aderência significativa ao padrão global. O FakeUpdates manteve a liderança entre os códigos maliciosos identificados, afetando quase 7% das organizações no Brasil. Em seguida, o Androxgh0st — malware baseado em Python que visa sistemas que utilizam o framework PHP Laravel — figura com incidência próxima a 6%. Esse código explora arquivos de ambiente expostos para capturar credenciais sensíveis e, posteriormente, aciona uma botnet voltada à mineração de criptoativos e outras atividades clandestinas em nuvem.

O AsyncRAT, por sua vez, completa o pódio das ameaças mais incidentes, consolidando-se como uma ferramenta versátil e de alta periculosidade operacional. Seu uso reforça a necessidade de conscientização sobre os riscos associados a links de origem aparentemente legítima, sobretudo em ambientes corporativos onde a confiabilidade de determinadas plataformas é presumida.

O estudo atual reforça a importância de estratégias estruturadas de defesa cibernética, alinhadas com inteligência de ameaças e práticas avançadas de gestão de riscos digitais.

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SEGURANÇA DIGITAL EMPRESARIAL: POR QUE A PREVENÇÃO AINDA É IGNORADA?

A segurança da informação ainda é tratada com descaso por parte significativa das empresas, que frequentemente deixam de incorporar práticas estruturadas de prevenção a vulnerabilidades. Embora os ataques cibernéticos estejam cada vez mais sofisticados e frequentes, a percepção equivocada de que não há risco iminente acaba por fomentar uma postura passiva diante de ameaças reais e recorrentes.

Dados recentes apontam que três em cada quatro organizações não mantêm um programa contínuo de gestão de vulnerabilidades. Essa omissão se reflete diretamente nos números alarmantes de tentativas de invasão: só no último ano, mais de 100 bilhões de ataques foram registrados no país. Ainda assim, a resposta empresarial continua marcada por improvisos e soluções pontuais, quando o que se exige é planejamento constante e ações articuladas.

Incidentes recentes envolvendo grandes companhias demonstram que a ausência de medidas preventivas não apenas compromete a integridade de dados, mas também acarreta danos financeiros expressivos e desgastes institucionais severos. A exposição de informações pessoais de milhões de usuários, multas de valores milionários e auditorias impostas por órgãos reguladores ilustram os efeitos de uma gestão falha ou inexistente.

No Brasil, casos de ataques por ransomware revelam um problema adicional: a baixa maturidade de muitas empresas no trato com a cibersegurança. Em vez de uma resposta estruturada e comunicada, opta-se, muitas vezes, pelo silêncio — uma estratégia que, longe de proteger a imagem da empresa, reforça a invisibilidade do problema. Sem transparência, o aprendizado coletivo se perde, e outras organizações permanecem despreparadas, acreditando estar protegidas apenas porque não foram ainda alvo de um ataque visível.

Segurança da informação não é responsabilidade exclusiva da área de tecnologia. Trata-se de uma engrenagem que exige sincronia entre ferramentas adequadas, processos bem definidos e pessoas capacitadas. Investir em softwares e firewalls é necessário, mas insuficiente, se os colaboradores não recebem formação adequada ou se não existem protocolos claros para prevenção e resposta.

Outro dado preocupante: quase metade das empresas sequer testa suas defesas periodicamente. E uma parcela significativa mantém brechas já identificadas sem qualquer correção. Essa desconexão entre conhecimento e ação revela um padrão de gestão que privilegia o conforto da inércia em detrimento da proteção efetiva.

A ilusão de segurança — alimentada pela ausência de eventos visíveis — é um fator determinante para a inação. Enquanto isso, as vulnerabilidades se acumulam, silenciosas, mas plenamente operacionais para agentes mal-intencionados. A resposta a essa ameaça não está apenas em reagir quando o problema se materializa, mas em adotar, de forma contínua, uma postura de vigilância, aprimoramento e prontidão.

Tratar a proteção digital como parte da estratégia organizacional não é apenas uma recomendação técnica. É uma exigência para qualquer entidade que deseja proteger seus dados, sua imagem e sua capacidade de operar com confiança e estabilidade.

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FALSO INVESTIMENTO: COMO ATUAM OS GOLPISTAS E O QUE VOCÊ PODE FAZER PARA SE PROTEGER

O acesso a investimentos se tornou mais acessível e popular nos últimos anos. Com apenas alguns cliques no aplicativo do banco, já é possível aplicar recursos e acompanhar os primeiros rendimentos. No entanto, essa facilidade também abriu caminho para novos tipos de fraude. Entre eles, o golpe do falso investimento tem feito vítimas em diversas regiões do país.

O esquema funciona com a apresentação de uma suposta oportunidade de investimento, normalmente associada a lucros rápidos e garantidos. As abordagens são feitas por redes sociais, aplicativos de mensagens e até sites que simulam páginas oficiais de bancos ou corretoras. Os criminosos, muitas vezes, se passam por especialistas em finanças e criam um ambiente de aparente profissionalismo para conquistar a confiança da vítima.

As falsas promessas envolvem ganhos muito acima da média do mercado. Para convencer o investidor, os golpistas apresentam plataformas online que simulam investimentos em ativos como criptomoedas ou fundos exclusivos. A vítima visualiza os valores depositados crescendo rapidamente, o que a incentiva a realizar aportes cada vez maiores. No entanto, quando tenta resgatar o dinheiro, descobre que a plataforma é fictícia e o valor não está disponível.

Uma tática comum é o uso de pressão psicológica. Os golpistas costumam impor prazos curtos para a decisão, dizendo que a oferta é limitada ou que os lucros só estarão disponíveis por tempo restrito. Esse tipo de abordagem visa impedir que a vítima reflita ou busque informações confiáveis.

Para evitar cair nesse tipo de fraude, é fundamental adotar algumas medidas básicas de verificação. Antes de realizar qualquer transferência para uma plataforma, verifique se há registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Empresas legalmente constituídas no setor de investimentos são obrigadas a seguir regras e fornecer informações transparentes sobre os produtos ofertados.

Outra dica é desconfiar de propostas muito vagas ou com retorno financeiro extremamente elevado em curto prazo. Mensagens excessivamente otimistas, especialmente em grupos de mensagens com pessoas elogiando os lucros obtidos, podem fazer parte da encenação para reforçar a credibilidade do golpe.

Alguns sinais devem servir de alerta imediato, como a exigência de transferências via Pix para pessoas físicas ou o pedido de pagamento antecipado com a promessa de retorno garantido. Plataformas que permitem resgates iniciais com altos lucros também merecem atenção, pois podem ser usadas apenas para alimentar a ilusão de que os valores estão seguros.

Se você foi vítima desse tipo de fraude, o primeiro passo é reunir todas as provas possíveis: prints de mensagens, comprovantes de pagamento, e-mails, perfis usados na abordagem e registros de chamadas. Com esse material, procure a delegacia mais próxima ou utilize o serviço de delegacia virtual do seu estado.

O ideal é também contar com o apoio de um advogado especializado em crimes financeiros. A atuação jurídica pode ajudar tanto na orientação para preservar seus direitos quanto na adoção de medidas para tentar o bloqueio de valores e responsabilização dos envolvidos.

Investir com segurança exige não apenas conhecimento sobre o mercado, mas atenção redobrada às promessas fáceis.