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PROTEÇÃO DIGITAL NA SAÚDE: COMO GARANTIR A SEGURANÇA DOS DADOS DE PACIENTES

O setor de saúde vive um momento de transformação sem precedentes. Recursos como prontuários eletrônicos, inteligência artificial, interoperabilidade, dispositivos conectados e soluções em nuvem deixaram de ser tendência para se tornarem parte do dia a dia de hospitais e clínicas. Essa modernização, no entanto, trouxe consigo um desafio igualmente robusto: a proteção contra riscos cibernéticos.

Nos últimos anos, instituições de saúde têm sido alvo de ataques digitais com frequência superior à média global. No Brasil, a quantidade de investidas contra organizações do setor aumentou de forma expressiva, acompanhada por um salto nas tentativas de ransomware. Em pouco tempo, a área saiu de uma posição intermediária para figurar entre as mais visadas.

Não se trata de acaso. A saúde lida com dados extremamente sensíveis, opera com sistemas muitas vezes desatualizados e ainda carece de uma maturidade sólida em cibersegurança. Modernizar processos sem estruturar medidas de proteção adequadas é como construir um edifício de ponta sobre alicerces frágeis.

O paradoxo entre inovação e vulnerabilidade

A adoção de novas tecnologias trouxe avanços significativos para a experiência do paciente e para a eficiência administrativa. No entanto, a pressa em implementar soluções sem avaliar o impacto na segurança abriu brechas importantes. Entre os fatores que ampliam a vulnerabilidade, destacam-se a coexistência de sistemas legados, fornecedores não integrados, uso de inteligência artificial sem revisão de conformidade e ausência de uma política de segurança abrangente.

Outro equívoco recorrente é tratar a segurança como responsabilidade exclusiva do setor de TI. O cuidado com as informações dos pacientes deve ser visto como parte da própria assistência em saúde. Profissionais clínicos, administrativos, fornecedores e desenvolvedores precisam assumir corresponsabilidade nessa proteção.

Consequências do despreparo

Quando a segurança da informação é tratada de forma secundária, os impactos podem ser severos: interrupção de serviços, perda de dados, danos à reputação institucional e prejuízos financeiros. Muitos ataques ocorrem sem que a organização perceba que já estava vulnerável, resultado de falhas como ausência de um plano de resposta a incidentes testado, backups inseguros, concessão excessiva de permissões de acesso, monitoramento insuficiente e treinamentos esporádicos para prevenção de ataques de engenharia social.

Na área da saúde, proteger dados é preservar a continuidade do cuidado. Sistemas de prontuário eletrônico, por exemplo, precisam ir além da funcionalidade clínica, incorporando criptografia, autenticação multifator, controle de acesso baseado em perfil e registros de auditoria confiáveis.

Da norma à prática diária

As diretrizes para proteger informações já estão estabelecidas em legislações como a Lei Geral de Proteção de Dados. O desafio é transformar essas exigências em hábitos institucionais. Isso inclui:

  • Atualização periódica de sistemas e dispositivos médicos conectados
  • Implantação de autenticação multifator em sistemas administrativos e clínicos
  • Revisão regular das permissões de acesso, utilizando modelos baseados em função (RBAC)
  • Treinamentos frequentes e contextualizados sobre segurança da informação
  • Criptografia de dados tanto em trânsito quanto em repouso
  • Auditoria contínua dos acessos e testes de intrusão
  • Contratos claros com fornecedores, definindo responsabilidades sobre privacidade e segurança
  • Planos de resposta a incidentes com papéis e procedimentos bem definidos

Tais medidas, embora demandem planejamento e investimento, representam o patamar mínimo para operar de forma segura no setor. Negligenciá-las não significa apenas assumir riscos técnicos, mas também comprometer a confiança e a segurança do paciente.

Um pacto entre tecnologia e proteção

A transformação digital e a segurança da informação precisam evoluir lado a lado. A saúde não se resume a consultas, exames e tratamentos — ela também envolve a preservação dos dados que sustentam cada etapa do cuidado. Proteger essas informações é, na prática, proteger vidas.

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APLICAÇÕES ESTRATÉGICAS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL EM EMPRESAS E SERVIÇOS PÚBLICOS

Inteligência artificial amplia aplicações no setor privado e avança para serviços públicos
A inteligência artificial (IA) vem sendo incorporada de forma estruturada por empresas de tecnologia, com objetivos que vão desde a automação de processos internos até a otimização da experiência do cliente. No mercado brasileiro, diferentes segmentos — como telecomunicações, soluções ópticas, infraestrutura de redes e consultoria tecnológica — já aplicam a tecnologia para antecipar problemas, reduzir custos operacionais e aumentar a produtividade.

Uso estratégico em telecomunicações
No setor de telecomunicações, a IA tem sido utilizada para agilizar fluxos internos e melhorar a gestão do atendimento ao cliente. Entre as aplicações destacam-se a detecção precoce de falhas, permitindo a solução antes mesmo de o usuário perceber, e o apoio a equipes técnicas em campo, com orientações automatizadas para manutenção de serviços de banda larga e infraestrutura. A antecipação de problemas técnicos evita múltiplos contatos com o SAC, reduz o tempo de resposta e melhora a satisfação dos usuários.

Manutenção preditiva em redes ópticas
Empresas fornecedoras de soluções ópticas investem em sistemas baseados em IA para monitorar redes de comunicação e atuar preventivamente na manutenção. Ferramentas como modelos de linguagem de grande porte (LLMs) agilizam consultas técnicas, enquanto modelos de ação (LAMs) possibilitam que o sistema sugira ou execute intervenções para evitar interrupções. A aplicação de agentes autônomos, capazes de tomar decisões com mínima interferência humana, aumenta a eficiência operacional e preserva a qualidade dos serviços prestados.

Automação avançada em infraestrutura de redes
No campo das telecomunicações corporativas, a IA está integrada a plataformas de suporte operacional e de negócios, otimizando processos, ampliando a automação de redes e oferecendo análises preditivas e prescritivas. As soluções já apontam para a preparação de redes para a transição do 5G para o 6G, mantendo a escalabilidade e a adaptação contínua dos sistemas.

Inteligência artificial aplicada a políticas públicas
Modelos de linguagem desenvolvidos no Brasil, com dados técnicos e culturais nacionais, têm potencial para apoiar a gestão pública. Entre as possíveis aplicações estão a análise de processos administrativos de órgãos previdenciários, o gerenciamento de programas sociais e a automação de cálculos complexos, como os necessários para pagamento de precatórios. Com capacidade de processar grandes volumes de dados em períodos muito inferiores aos necessários para análise humana, essa abordagem pode contribuir para a eficiência e a transparência na administração de recursos públicos.

Modernização tecnológica com IA
No campo da consultoria tecnológica, surgem plataformas multipropósito capazes de acelerar a modernização de sistemas legados. Essas ferramentas realizam análises semânticas, extraem regras de negócio, reorganizam códigos e preservam a lógica operacional original. Em casos práticos, processos que antes demandavam meses para serem executados foram reduzidos para poucas semanas, com ganhos significativos de produtividade e manutenção da integridade funcional das aplicações.

A expansão da inteligência artificial para diferentes áreas demonstra seu papel cada vez mais integrado às operações empresariais e seu potencial de uso em iniciativas de interesse público. O alinhamento entre inovação tecnológica e aplicação prática será determinante para que essas soluções contribuam de forma efetiva para a eficiência operacional e para a melhoria de serviços à população.