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SEGURANÇA DIGITAL: COMO TRANSFORMAR BOAS PRÁTICAS EM CULTURA ORGANIZACIONAL

É comum perceber certa resistência quando o tema da cibersegurança entra em pauta, especialmente em treinamentos corporativos. Muitos colaboradores ainda veem a proteção digital como algo técnico e distante de suas rotinas. Esse distanciamento, no entanto, precisa ser superado. A segurança da informação não pode depender apenas da tecnologia. Ferramentas, por mais avançadas que sejam, não substituem atitudes conscientes. O verdadeiro diferencial está em pessoas bem orientadas, engajadas e preparadas para agir corretamente.

1. Saber não é o mesmo que estar pronto

Existe uma suposição equivocada de que todos já dominam o básico: identificar e-mails suspeitos, criar senhas fortes ou ativar autenticação em dois fatores. Porém, saber o que deve ser feito não garante que a ação correta ocorrerá no momento necessário.

Falhas frequentemente acontecem por descuido, excesso de confiança ou falta de entendimento sobre as consequências práticas de uma atitude equivocada. Em vez de investir apenas em treinamentos genéricos e esporádicos, vale mais apostar em abordagens que aproximem o conteúdo do dia a dia dos colaboradores, como:

  • Simulações com situações reais
  • Treinamentos ajustados às funções específicas de cada área
  • Sessões curtas, contínuas e com foco prático
  • Métodos interativos e mais envolventes

Quando a formação faz sentido para quem participa, o aprendizado se torna muito mais efetivo.

2. Segurança alinhada aos objetivos da empresa

Ao relacionar a proteção digital com metas e resultados concretos, a percepção muda. Em vez de parecer um obstáculo, a segurança passa a ser vista como aliada da produtividade, da confiança dos clientes e da solidez institucional.

Colaboradores que entendem como suas atitudes impactam prazos, operações e imagem da empresa tendem a se comprometer mais. O envolvimento cresce quando fica claro que proteger dados e sistemas não é apenas uma exigência, mas parte do trabalho bem feito.

3. A participação faz toda a diferença

Nem sempre os maiores aliados da proteção digital estão nas áreas técnicas. Muitas vezes, são colaboradores atentos, que reparam em comportamentos estranhos, fazem perguntas antes de clicar e compartilham alertas com os colegas.

Essas pessoas podem ser incentivadas e valorizadas como verdadeiros multiplicadores da cultura de segurança. Algumas formas de promover esse envolvimento são:

  • Reuniões abertas entre colaboradores e equipe de tecnologia
  • Participação ativa na implantação de ferramentas e processos
  • Reconhecimento de atitudes que contribuam com a proteção do ambiente digital

Uma cultura forte se espalha de forma orgânica, por meio do exemplo e da cooperação entre as pessoas.

4. Segurança viva e presente na rotina

Não adianta manter políticas escritas que ninguém consulta. A proteção digital deve estar integrada à prática cotidiana da empresa. Para isso, é importante manter os processos atualizados, rever acessos com frequência e adaptar treinamentos sempre que surgirem novas ameaças.

Além disso, ouvir quem está na ponta pode trazer ideias valiosas sobre o que precisa melhorar ou ser ajustado. Segurança não é algo fixo; ela deve acompanhar a realidade de cada equipe e de cada operação.

5. Pequenas ações constroem grandes resultados

Construir um ambiente protegido exige mais do que regras. Requer constância, escuta ativa e comprometimento coletivo. Não se trata de buscar perfeição, mas de cultivar atitudes consistentes.

Tudo começa com pequenos gestos: uma conversa durante o café, uma dúvida esclarecida, um comportamento elogiado. São essas ações simples que, ao longo do tempo, formam a base de uma cultura sólida e resiliente.

Proteger uma empresa é tarefa diária. E, quando todos se sentem parte disso, a segurança deixa de ser obrigação e passa a ser um valor compartilhado.

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NÚMERO DE INFECÇÕES POR MALWARES BANCÁRIOS NO BRASIL DOBRA EM UM ANO

Entre julho de 2023 e julho de 2024, o Brasil se destacou negativamente no campo da segurança digital, figurando como o país mais afetado por trojans bancários em toda a América Latina. Segundo dados de pesquisa recente, houve um salto de 87% nas infecções no país em apenas um ano. No período, foram mais de 1,6 milhão de ataques bloqueados, o que equivale a mais de 4.600 tentativas por dia.

O país, sozinho, representa metade das infecções registradas na região. Além disso, é responsável por boa parte do desenvolvimento desses códigos maliciosos. Das 18 famílias de trojans mais ativas, 13 tiveram origem identificada no Brasil, o que reforça a atuação local nesse tipo de atividade ilícita.

Entre as ameaças mais recorrentes, destaca-se o Trojan-Banker.Win32.Banbra, presente em 13,71% das tentativas de infecção. Esse malware é voltado ao roubo de dados bancários e costuma ser utilizado para capturar senhas, dados de cartões e redirecionar valores durante operações financeiras feitas pela internet. Seu funcionamento muitas vezes envolve a interceptação de tudo o que é digitado pelo usuário, sem que ele perceba.

A situação também é preocupante em outros países da América Latina. No mesmo intervalo, mais de 3,3 milhões de tentativas de infecção por trojans bancários foram detectadas na região, o que representa um aumento de 28% em relação ao período anterior. A média ultrapassa 9 mil ataques por dia.

No âmbito regional, o trojan Grandoreiro aparece como o mais disseminado, responsável por 16,83% das infecções. Esse tipo de malware foi registrado em pelo menos 150 mil incidentes globais entre janeiro e outubro de 2024. Somente no Brasil, houve 56 mil bloqueios desse trojan. México, Espanha, Argentina e Peru também aparecem entre os mais atingidos.

Mesmo após uma operação policial internacional em março de 2024, que resultou na prisão de cinco envolvidos com o Grandoreiro, novas versões da ameaça já foram identificadas. O grupo por trás da criação do malware atua desde 2016 e costuma disseminar o vírus por meio de mensagens enganosas e estratégias de manipulação psicológica, conhecidas como engenharia social. Uma vez instalado no dispositivo da vítima, o trojan coleta informações confidenciais, especialmente dados financeiros.

O Grandoreiro também tem sido distribuído sob o modelo de serviço, permitindo que outras pessoas adquiram o código para aplicar golpes semelhantes em diferentes países.

Esses dados demonstram que a proteção contra fraudes digitais exige atenção constante, tanto por parte dos usuários quanto das instituições financeiras. Medidas como a verificação de remetentes de e-mails, uso de autenticação em duas etapas e atualização frequente de sistemas seguem sendo indispensáveis para reduzir o risco de infecção por esse tipo de software malicioso.