Publicado em

USO DA IMAGEM DE EX-EMPREGADO APÓS RESCISÃO GERA DEVER DE INDENIZAR, DECIDE TRT-MG

A Justiça do Trabalho de Minas Gerais reafirmou a proteção à imagem do trabalhador ao condenar uma empresa ao pagamento de R$ 10 mil por danos morais, em razão da continuidade do uso da imagem de um ex-empregado em materiais promocionais mesmo após o término do vínculo empregatício.

A decisão foi proferida pelos julgadores da 11ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, que mantiveram a sentença de primeira instância, proferida pela 2ª Vara do Trabalho de Pedro Leopoldo. O caso envolveu uma empresa do setor madeireiro sediada em Belo Horizonte, que veiculava vídeos e imagens do ex-colaborador em conteúdos institucionais e publicitários mesmo depois da rescisão contratual.

No processo, a empregadora alegou possuir autorização do trabalhador para uso da imagem, voz e textos, sem limite temporal ou geográfico, por quaisquer meios. A existência desse documento não foi contestada pelo autor da ação, que admitiu sua validade, mas sustentou que o consentimento estaria limitado à vigência do contrato de trabalho.

A decisão judicial se fundamentou na natureza personalíssima do direito à imagem, protegido constitucionalmente pelo artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal, e, no plano infraconstitucional, pelos artigos 11 e 20 do Código Civil, além do artigo 2º da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei 13.709/2018).

A interpretação adotada considerou que os direitos da personalidade, por serem intransmissíveis e irrenunciáveis, não admitem utilização por tempo indeterminado sem autorização expressa e atual do titular. Ainda que o termo de cessão não estabelecesse prazo, entendeu-se que sua eficácia deveria estar limitada ao período de vigência do vínculo trabalhista, sobretudo diante da gratuidade da cessão e da relação de subordinação presente no contrato de trabalho.

A decisão reforça a importância de um tratamento cauteloso quanto à utilização de imagens e dados pessoais de colaboradores. Especialmente em contextos de encerramento de contrato, é recomendável revisar autorizações pré-existentes, considerando que o consentimento dado durante a vigência da relação empregatícia pode não se estender automaticamente para além dela.

A abordagem do tribunal também chama atenção para o desequilíbrio nas relações contratuais trabalhistas, nas quais o trabalhador nem sempre possui condições reais de recusar ou limitar o uso de seus direitos de personalidade.

O entendimento, que não é isolado na jurisprudência trabalhista, orienta empresas a adotarem práticas mais responsáveis na gestão da imagem de seus colaboradores, atentas à legislação civil, constitucional e às diretrizes da LGPD.

Publicado em

CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO USO DE IMAGENS DE MENORES EM MEMES ONLINE

O fenômeno dos memes na internet, especialmente quando envolvem imagens de crianças, pode ter sérias repercussões legais e sociais. Embora alguns casos de memes virais possam resultar em benefícios financeiros, outros podem levar a consequências negativas, como danos psicológicos para as pessoas envolvidas, particularmente para menores de idade.

De acordo com a legislação brasileira, o direito à imagem é um aspecto fundamental da proteção da privacidade e da honra das pessoas. Esta proteção é ainda mais rigorosa no caso de menores. A Constituição Brasileira assegura a inviolabilidade da imagem e da privacidade, enquanto o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) oferece uma camada adicional de segurança para os menores.

Quando a imagem de uma criança é usada indevidamente na internet, especialmente de maneira depreciativa, os responsáveis pela disseminação desse conteúdo podem enfrentar consequências legais. Isso inclui a possibilidade de processos na esfera civil por danos morais e até ações criminais.

Para as vítimas desses atos, existem etapas específicas que podem ser seguidas. A coleta de evidências como capturas de tela e links é crucial. Além disso, é importante reportar o conteúdo às plataformas de redes sociais para solicitar sua remoção. Em situações em que os autores das ofensas são desconhecidos, pode-se buscar intervenção judicial para obter informações que possam identificar os responsáveis.

Este cenário destaca a necessidade de uma navegação consciente e responsável na internet, especialmente em relação ao uso de imagens de crianças e adolescentes. As plataformas de redes sociais também têm um papel significativo a desempenhar, devendo adotar medidas proativas para prevenir e responder a tais abusos.

Publicado em

IA EM ASCENSÃO: ENTRE AVANÇOS TECNOLÓGICOS E A BUSCA PELA ÉTICA EM 2023

2023 tem sido um marco para a Inteligência Artificial (IA). À medida que os gigantes tecnológicos competem para desenvolver ferramentas inovadoras, a sociedade civil e especialistas alertam sobre os cuidados necessários na utilização desta tecnologia emergente.

A ascensão de chatbots generativos, como o renomado ChatGPT da OpenAI, redefine o nosso relacionamento com a tecnologia. Com sua quarta versão lançada recentemente, tornou-se um instrumento não apenas para especialistas, mas também para o público em geral. A explosão de aplicativos de chatbot baseados em IA no primeiro trimestre de 2023, evidencia o impacto dessas ferramentas, diversificando as possibilidades para setores como comunicação e design.

Até mesmo o Google não ficou para trás e mergulhou nesta onda, explorando não apenas a geração de texto, mas também a criação de imagens. O poder da IA ficou indiscutivelmente claro quando vimos imagens geradas de personalidades icônicas como o Papa Francisco e a saudosa Elis Regina. No entanto, isso acendeu o sinal de alerta para os perigos da desinformação e os desafios éticos associados ao direito à imagem.

Os efeitos dessa revolução são palpáveis em todos os setores. Em Hollywood, a introdução da IA nas produções levantou questões sobre o futuro do trabalho humano na indústria. E no coração do Vale do Silício, líderes tecnológicos surpreenderam ao pedir uma pausa no avanço desta tecnologia até que padrões de segurança sejam estabelecidos.

Neste cenário, quatro pilares se destacam para uma aplicação responsável da IA:

  1. Ética e Moralidade: A IA deve ser usada para o bem comum, evitando preconceitos e discriminações.
  2. Proteção de Dados: A privacidade do usuário deve ser a prioridade máxima.
  3. Aplicação Consultiva: A IA deve ser uma ferramenta, não um substituto para habilidades humanas.
  4. Responsabilidade dos Criadores: Aqueles que desenvolvem e distribuem modelos de IA devem ser responsáveis por suas aplicações.

No front regulatório, a Europa já avança com seu AI Act. No Brasil, o PL nº 2338/2023, fruto de um esforço conjunto da Comissão de Juristas, tenta moldar o caminho para uma era de IA mais segura e ética.

À medida que a IA se torna parte integrante de nossas vidas, o equilíbrio entre inovação e responsabilidade se torna vital. O desafio agora é como moldar esta tecnologia em benefício de todos, garantindo um futuro em que a IA atue como aliada, e não adversária, da humanidade.