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CRIMES VIRTUAIS CONTRA CRIANÇAS EXPÕEM A URGÊNCIA DE VIGILÂNCIA E DIÁLOGO NO AMBIENTE DIGITAL

Nos últimos anos, os delitos praticados no ambiente virtual contra crianças e adolescentes têm ganhado proporções alarmantes. As investigações revelam que plataformas populares entre jovens — como redes sociais, aplicativos de mensagens e até ambientes originalmente voltados a jogos — vêm sendo utilizadas por criminosos para armazenar, compartilhar e comercializar material de abuso sexual infantil, além de fomentar práticas de automutilação e maus-tratos a animais.

Em Santa Catarina, os números chamam atenção: o estado esteve envolvido em quase metade das operações nacionais de repressão a esses crimes entre 2023 e meados de 2025, conduzidas em parceria com o Ministério da Justiça. O grupo especializado do Ministério Público estadual tem atuado de forma decisiva nesse enfrentamento, especialmente no rastreamento de atividades criminosas em redes abertas e também na chamada Dark Web, onde ocorre parte do comércio ilegal desse material.

Tipos de crimes mais frequentes

A legislação brasileira, por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), tipifica três condutas principais associadas a esse tipo de crime:

  1. Armazenamento de material pornográfico infantil – previsto no art. 241 do ECA, com pena de reclusão de 1 a 4 anos, além de multa.
  2. Divulgação ou compartilhamento desse material – previsto no art. 241-A, com pena de 3 a 6 anos de reclusão e multa.
  3. Produção ou comercialização de conteúdo – com pena que pode chegar a 8 anos de reclusão, além de multa.

De acordo com dados oficiais, somente em 2024 foram registrados mais de duzentos casos em Santa Catarina envolvendo crianças e adolescentes de até 17 anos, representando aumento expressivo em relação ao ano anterior. O grupo mais vulnerável tem sido o de adolescentes entre 14 e 17 anos, embora vítimas de todas as idades sejam identificadas.

O papel das plataformas digitais

Aplicativos utilizados para interação em jogos on-line, como Discord e Telegram, são frequentemente citados como ambientes propícios para o aliciamento. Embora criados com finalidades legítimas, esses espaços acabam sendo distorcidos por criminosos que exploram falhas de monitoramento e vulnerabilidades próprias da imaturidade dos usuários mais jovens.

Um exemplo recente foi a desarticulação de uma rede que comercializava material de abuso sexual infantil na Dark Web, com conexões internacionais. O caso expôs não apenas a sofisticação dos criminosos, mas também a necessidade de colaboração entre órgãos nacionais e estrangeiros na repressão desse tipo de delito.

Impacto da pandemia e vulnerabilidade social

O isolamento social durante a pandemia de Covid-19 intensificou a exposição de crianças e adolescentes às plataformas digitais, elevando os riscos de contato com criminosos. O tempo prolongado em frente às telas, sem supervisão adequada, ampliou o espaço de ação de aliciadores que se valem da conquista gradual de confiança.

Esse fenômeno também evidenciou a necessidade de os pais adaptarem seu olhar protetivo ao ambiente virtual. Se antes a preocupação se limitava aos espaços físicos, hoje é indispensável conhecer os jogos, aplicativos e comunidades que os filhos frequentam.

Estratégias de prevenção e identificação

A proteção passa por três eixos fundamentais:

  • Supervisão ativa – conhecer os ambientes digitais acessados, estabelecer limites de tempo e acompanhar a rotina virtual.
  • Diálogo constante – manter vínculo de confiança para que os filhos se sintam à vontade em relatar situações desconfortáveis.
  • Atenção a sinais comportamentais – mudanças súbitas de humor, isolamento, evasivas quanto ao uso de dispositivos ou exclusão rápida de telas diante da presença dos pais podem indicar riscos.

Ferramentas de monitoramento parental, como a “Central da Família” no Discord, oferecem recursos adicionais para que os responsáveis acompanhem a atividade dos filhos sem necessariamente invadir sua privacidade.

Denúncia e responsabilização

Ao identificar indícios de crime, é fundamental reunir provas (capturas de tela, registros de conversas, e-mails) e procurar imediatamente uma delegacia de polícia. Esse passo fortalece a investigação e assegura que o material seja analisado pelas autoridades competentes.

A lei brasileira é clara: tanto quem consome quanto quem compartilha ou comercializa conteúdo relacionado a abuso sexual infantil comete crime grave. Da mesma forma, o aliciamento e a exploração de vulnerabilidades emocionais de crianças e adolescentes configuram violações severas de direitos fundamentais.

A proteção da infância e da adolescência exige a participação conjunta de famílias, escolas, instituições públicas e sociedade civil. A internet faz parte da vida cotidiana, mas não pode se transformar em espaço de ameaça silenciosa. O monitoramento responsável, aliado a uma educação digital sólida, é hoje uma das principais barreiras contra a atuação de criminosos no ambiente virtual.

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PROCURA DE EMPREGO ONLINE: COMO SE PROTEGER DE ATAQUES DIGITAIS

O processo de busca por oportunidades profissionais tem migrado cada vez mais para o ambiente digital. Plataformas de recrutamento, redes sociais profissionais e ferramentas de comunicação online tornaram-se os principais meios de conexão entre candidatos e empresas. No entanto, esse avanço trouxe também novos pontos de vulnerabilidade que estão sendo amplamente explorados por cibercriminosos.

Entre julho de 2024 e junho de 2025, foram identificados milhões de ataques direcionados a plataformas de emprego e redes profissionais. Esses ataques variam desde tentativas de phishing até a disseminação de malware por meio de páginas falsas que simulam serviços legítimos. Apenas uma das redes mais utilizadas para networking profissional foi alvo de centenas de milhares de acessos a versões fraudulentas, criadas para enganar os utilizadores e coletar credenciais ou informações pessoais.

Como os ataques funcionam

As técnicas empregadas exploram principalmente o fator humano. Quem está em busca de trabalho tende a reagir de forma rápida a mensagens que prometem entrevistas imediatas ou propostas atrativas. Esse comportamento impulsivo é usado em ataques de engenharia social. Muitas vezes, as falsas ofertas de emprego vêm acompanhadas de anexos ou links que instalam programas maliciosos nos dispositivos. Outras simulações envolvem supostas atualizações de ferramentas de uso cotidiano, como softwares de videoconferência, com o objetivo de comprometer a segurança do sistema da vítima.

Medidas de proteção recomendadas

Para reduzir os riscos, algumas práticas devem ser incorporadas à rotina digital dos candidatos:

  • Verificação cuidadosa de remetentes e links antes de clicar em mensagens recebidas.
  • Confirmação da legitimidade das ofertas diretamente nos sites oficiais das empresas.
  • Não reutilizar senhas em diferentes plataformas e adotar gestores de passwords.
  • Ativar autenticação multifatorial, especialmente em contas de email e redes sociais.
  • Instalar softwares apenas de fontes oficiais e manter os dispositivos atualizados.
  • Reforçar a proteção com soluções de segurança confiáveis, além de utilizar conexões seguras, como VPN.

Educação digital como ferramenta de prevenção

Mais do que a tecnologia de proteção, a conscientização do utilizador é um elemento essencial. Iniciativas interativas têm sido desenvolvidas para simular situações do dia a dia digital e treinar os candidatos a identificar sinais de fraude. Esses exercícios lúdicos ajudam a criar um olhar mais crítico, fortalecendo a defesa contra ataques que exploram justamente a pressa e a expectativa típicas da procura por emprego.