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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL IMPULSIONA GESTÃO MODERNA NA PECUÁRIA DE CORTE

A transformação digital no campo ganha novo fôlego com o lançamento de uma ferramenta desenvolvida para aprimorar a gestão de fazendas de pecuária de corte. A tecnologia, baseada em inteligência artificial, foi criada com o objetivo de avaliar o estágio de desenvolvimento das propriedades e sugerir melhorias práticas para tornar a operação mais eficiente, integrada e rentável.

A aplicação da ferramenta é simples e acessível: por meio de um questionário online, o pecuarista fornece informações sobre sua propriedade e, em poucos minutos, recebe um diagnóstico estruturado em formato de gráfico radar. Os resultados contemplam áreas estratégicas da gestão rural, como automação, conectividade, capacitação de equipes, finanças, governança e sustentabilidade.

Mais do que uma análise pontual, a inteligência artificial permanece ativa após o diagnóstico, atuando como uma assistente virtual. Essa funcionalidade contínua permite que o produtor receba orientações práticas sobre como implementar as recomendações apresentadas, além de apoio no acompanhamento das mudanças ao longo do tempo.

O modelo utilizado para a análise tem como base o conceito de maturidade de gestão, inspirado em metodologias consolidadas no setor de tecnologia e adaptado à realidade da pecuária brasileira. Com isso, é possível avaliar com clareza a evolução dos processos dentro da propriedade, desde práticas mais tradicionais até sistemas de produção altamente tecnificados.

A proposta é tornar a informação uma aliada na tomada de decisões. Em vez de depender exclusivamente da experiência empírica, o produtor passa a contar com dados estruturados, análises comparativas e orientações personalizadas para orientar o planejamento da propriedade. Essa abordagem favorece a adoção de práticas mais sustentáveis, melhora o aproveitamento de recursos e fortalece a capacidade de resposta diante de desafios operacionais.

O recurso foi desenvolvido pensando na diversidade do campo brasileiro e pode ser aplicado em propriedades de diferentes portes. Sua acessibilidade e foco prático tornam a solução especialmente útil para produtores que buscam melhorar a gestão sem necessariamente investir em tecnologias complexas ou de difícil implementação.

Com essa iniciativa, reforça-se a importância da tecnologia como um instrumento de apoio à gestão pecuária. A integração de dados, aliada à inteligência artificial, torna possível uma nova forma de conduzir a atividade no campo — mais estratégica, mais consciente e com maior potencial de resultados.

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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E PECUÁRIA: O QUE PODEMOS REALMENTE ESPERAR?

Analisar mercados tem se mostrado a principal aplicação da inteligência artificial entre empresas do setor agropecuário, de acordo com levantamento recente realizado com cooperativas, propriedades e agroindústrias. No entanto, a compreensão de mercado ultrapassa a simples avaliação de preços. Envolve também o mapeamento de oportunidades e limitações ligadas à demanda interna e externa, identificação de caminhos para expansão e diversificação, e observação estratégica dos pontos fortes e fracos dos principais concorrentes.

Nesse contexto, resolvi aplicar uma ferramenta de inteligência artificial para avaliar o posicionamento da pecuária brasileira no mercado internacional. Com base em duas perguntas diretas, a análise permitiu observar como a tecnologia interpreta os desafios e os potenciais do setor.

Ao abordar as fortalezas da pecuária nacional, a IA destacou aspectos já reconhecidos por profissionais do campo: capacidade produtiva, clima favorável, disponibilidade de recursos naturais e avanços em tecnologia e pesquisa. São atributos que reforçam a posição do Brasil como protagonista na produção de proteína animal.

Por outro lado, a ferramenta indicou como limitações fatores como a deficiência logística e a disparidade no acesso à tecnologia entre produtores. Até aí, nada que surpreenda. No entanto, chamou a atenção a indicação de problemas ambientais e baixa rastreabilidade como pontos fracos estruturais. É justamente nesse ponto que a análise automatizada merece ser contraposta por quem vive o dia a dia do setor.

Hoje, a preocupação com a sustentabilidade e com práticas de governança já se consolidou entre as empresas do agro. Um levantamento voltado ao ESG no agronegócio confirma que grande parte das organizações prioriza práticas ambientais e de governança. A rastreabilidade, por exemplo, tem recebido investimentos constantes e vem sendo tratada como diferencial competitivo, sobretudo diante das exigências do mercado externo.

O que precisa de atenção urgente é o aspecto social. Ainda são poucos os investimentos voltados à inclusão de comunidades, melhoria das condições de trabalho e valorização da mão de obra rural. Embora menos visível aos olhos do consumidor final, esse fator tem ganhado importância em certificações internacionais e na reputação das marcas envolvidas na cadeia produtiva.

A inteligência artificial tem se mostrado uma ferramenta poderosa, mas ainda carente de vivência real com a produção. Para que seu uso seja mais eficiente, é necessário ir além da leitura de dados e estatísticas públicas. É preciso compreender a cultura do campo, seus ritmos, suas práticas e, principalmente, suas evoluções.

A IA pode apoiar a tomada de decisão e trazer agilidade às análises, mas só será verdadeiramente útil se conseguir traduzir a realidade rural com a mesma precisão com que processa informações. É preciso que ela conheça mais do pasto do que apenas o que está nos relatórios.